27.12.06

Volkswagen: para a burocracia laboral o que é nacional é que é bom.

A adminstração da Volkswagen prapara o fecho da sua fábrica em Bruxelas, na Bélgica.
Perante a ameaça, cerca de 20.000 pessoas - bem mais do que aquelas que trabalham na fábrica - juntaram-se numa manifestação contra os despedimentos.

A esta manifestação juntaram-se representantes de sindicatos e comissões de trabalhadores de outros países, nomeadamente da Alemanha. Depois das juras de solidariedade de ocasião, de manifestação, vem-se agora a saber que cada uma das burocracias laborais nacionais tem vindo a negociar com as respectivas administrações a perda de regalias para competir com as fábricas nos outros países.

Em nenhum caso os burocratas procuraram discutir uma resposta internacional dos trabalhadores do grupo alemão à tentativa da administração de maximizar os lucros à custa da chantagem e da redução de direitos.
Contando com o "nacionalismo" dos burocratas, a Volkswagen tem vindo a incrementar uma cultura de competição entre a Classe Trabalhadora do grupo, virando os operários uns contra os outros.

Eis um exemplo de que não é só a estalinização dos sindicatos e das comissões de trabalhadores que tem enterrado os trabalhadores. Os sociais-democratas de todas as matizes, do mais rosa ao mais avermelhado, não são melhores, conforme se pode ver neste e noutros artigos que se podem ler no World Socialist Website .

Perante a globalização dos ataques aos direitos, os trabalhadores têm de globalizar a solidariedade e as suas formas de luta. Mas, está visto, não é com estas "doenças venéreas da classe operária" que o vão conseguir. A Classe Trabalhadora está em crise.

20.12.06

Viva a luta dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa!

Por estes dias, a comunicação social a soldo dos interesses dos capitalistas tem pretendido intoxicar os cidadãos contra a luta dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa que se mobilizaram em defesa da vigência do seu Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) .

Procuram-nos vender que os trabalhadores do "metro" são uns privilegiados só porque têm um acordo de empresa que lhes salvaguarda os direitos laborais básicos, defendem sub-repticiamente aquilo que pretendem transformar em mínimo denominador comum para todos nós: o trabalho sem direitos.

Querem manipular e utilizar aqueles que de nós vivem em regime de precariado como tropa de choque contra os nossos irmãos.

A solidariedade com a luta desses trabalhadores é condição essencial para que os termos de comparação apresentados aos assalariados não sejam apenas a precariedade e o terror laboral.

Por isso, a resposta da Classe Trabalhadora só pode ser a recusa da manipulação, e explicar isso nos transportes públicos, em todo o lado, perante os ignorantes ou os mal intencionados: Hoje eles, amanhã nós!

Para que um dia sejamos todos nós ao mesmo tempo!

Pelo Pão, vitória da Determinação!

I. 15 dias foi quanto durou a greve dos 110 trabalhadores da Transado, a empresa que opera os "ferry-boats" que fazem a travessia do Rio Sado entre Setúbal e a península de Tróia. Uma greve que teve como objectivo uma coisa simples: o pagamento dos salários.

Tudo isto porque no diferendo entre a Transado e a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), a propósito de uma dívida que a empresa reclama, o não pagamento dos salários aos seus trabalhadores foi a forma que a transportadora escolheu para pressionar a APSS.

A greve chegou ao fim, com um desfecho que para já agrada aos trabalhadores: vão receber o seu salário bem como parte dos anteriores que ficaram em dívida.

Por enquanto, até uma nova empresa do grupo de Belmiro de Azevedo, a Atlantic Ferries, tomar possa da travessia, a Transado vai ficar a operar sob o controlo da APSS.

Mais pormenores no jornal digital Setúbal na Rede.


II. Já se vai tornando normal neste país que os patrões não paguem salários, da invocação da "crise" até à pressão para despedimentos, tudo serve.
Se houvesse um governo que estivesse minimamente interessado na defesa dos direitos de quem trabalha, patrão que devesse salários nunca mais formaria "empresa" nenhuma. Lirismo? Não: quando alteraram a lei do pós-25 de Abril de 1974 que fazia dos trabalhadores os primeiros credores em caso de falência sabiam bem o que faziam.
Sempre, sempre ao lado dos exploradores é a política dos governantes. Os trabalhadores conscientes, pelo contrário, têm a obrigação de apoiar os seus irmãos de classe que lutam pelo seu salário.

19.12.06

Um argumento diferente a favor da Despenalização do Aborto

O Padre Mário de Oliveira foi convidado a participar numa conferência-debate sobre a lei da despenalização do aborto na Faculdade de Direito de Lisboa. Contou a sua experiência num artigo que vem reproduzido no Informação Alternativa.

18.12.06

Guantánamo: cinco anos de ignomínia.

"Apesar da condenação internacional generalizada, centenas de pessoas, de cerca de 30 nacionalidades diferentes, continuam detidas neste campo de detenção.
A administração norte-americana escolheu Guantánamo para manter estes prisioneiros, na tentativa de os manter fora do alcance dos tribunais norte-americanos.
O regime de detenção em Guantánamo - severo, indefinido, em isolamento e punitivo - constitui uma violação à lei internacional já que é um tratamento cruel, desumano e degradante.
Os detidos e as suas famílias estão sujeitos a uma grande instabilidade psicológica. Em desespero, muito deles têm levado a cabo greves de fome prolongadas, sendo mantidos vivos através de medidas de alimentação forçada muito dolorosas. Muitos já tentaram suicidar-se. Em Junho de 2006, três detidos foram encontrados mortos nas suas celas; aparentemente enforcaram-se.
À medida que as provas sobre os abusos cometidos em Guantánamo se vão tornando mais conhecidas, a condenação internacional e mesmo dentro dos EUA aumenta. A Amnistia Internacional foi uma das primeiras vozes a pedir que o campo fosse fechado, e muitas outras organizações, instituições e particulares têm vindo a exprimir o seu desagrado em relação ao centro de detenção.
A 29 de Junho de 2006, o Supremo Tribunal dos EUA, declarou que as comissões militares estabelecidas pelo Presidente Bush para julgarem os detidos da "guerra ao terror" eram ilegais."
(Continue a ler no site da Amnistia Internacional)

Em cima, foto de uma cabine telefónica onde se faz publicidade à campanha da Amnistia Internacional. A ideia é genial, e a sua concretização demonstra que a publicidade pode ser mais do que um alimento à alienação consumista.

14.12.06

Direito à Saúde: quem estiver doente que o pague.

Segundo o Diário de Notícias:
A maioria das principais empresas seguradoras que disponibilizam seguros de saúde está ou admite vir a criar produtos que respondam ao facto de o Estado está a reduzir os apoios concedidos, seja através da diminuição dos benefícios concedidos seja através do aumento e criação de novas taxas de utilização do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Muito esperavam que o PS que defendesse por todos os meios o Serviço Nacional de Saúde contra as tendências que pretendem transformar esse Direito Humano essencial num negócio. Enganaram-se.
O PS abdicou da defesa de uma das bandeiras principais da Esquerda: o acesso igualitário de todos os cidadãos aos cuidados de saúde, sem discriminação de classe.
A social-democracia a cumprir o seu papel histórico: é de "esquerda" na oposição, quando necessita do voto dos trabalhadores para chegar ao poder; chegada ao governo consegue cumprir melhor o programa da direita que a própria direita.

12.12.06

"Mar Salgado", parece que é hoje.

Local do afundamento do "Mar Salgado", dois dias depois do seu adornamento junto à doca de pesca de Setúbal.

Segundo os tripulantes da embarcação de pesca, a decisão de atracar naquele local deveu-se à necessidade de reabastecimento de combustível. De facto, fizeram-no junto a uma bomba de combustível, mas aquela instalação é destinada a outro tipo de embarcações bem mais pequenas.
Desconheciam a baixa profundidade do local. Mais tarde, com a descida da maré, o navio veio a tocar no fundo e voltou-se.

A maior preocupação foi desde logo a presença de 27 toneladas de gasóleo no depósito de combustível do navio, podiam vir a derramar-se pelo estuário do Sado. Entretanto este temor foi desfeito por vários técnicos responsáveis que vieram afirmar que tal não ocorreria.

De qualquer forma, este incidente veio chamar a atenção para a falta de informação e de comunicação, verificadas entre a condução do porto e embarcação.

Enquanto decorre o apuramento das responsabilidades, há um dado a reter: um porto que se pretende moderno não pode permitir que uma embarcação ande "às aranhas", ou a seu bel-prazer, à procura da primeira bomba de combustível que vislumbrar na muralha.
Não pode voltar a acontecer.


11.12.06

Chile: Ya morió el hijo de puta!

Morreu o ogre que governou o Chile entre 1973-1990.
Após passar a última década a brincar ao gato e ao rato com a justiça, tentando fugir das acusações de tortura e corrupção, e após se saber das contas milionárias que amealhou no estrangeiro, a morte levou Augusto Pinochet.

Pinochet tornou-se conhecido quando chefiou o golpe militar, concertado com a CIA, que derrubou o governo do socialista Salvador Allende.

Após esmagar a Esquerda chilena, e milhares de presos, torturados e exilados depois, tornou-se o herói dos economistas neo-liberais. "Milagre económico chileno", é como os apóstolos de Milton Friedman gostam de chamar à desregulamentação completa das leis laborais, as privatizações e a uma economia assente no capitalismo especulativo e inimigo de tudo o que tenha conteúdo "social".

A morte de Pinochet é também uma lição política para uma certa esquerda de meias tintas: quando a esquerda revolucionária alertou Salvador Allende para a eminência do golpe militar este afirmou que "o exército está em boas mãos". Nas do comandante Pinochet que Allende havia nomeado. O balanço trágico do reformismo.

Bem aventurada seja a morte quando vem por bem!

Sim, claro que Sim!




10.12.06

Prós & Prós, outra vez.

"A RTP não convidou José Sá Fernandes para o programa "Prós e Contras" da próxima segunda-feira sobre Lisboa, onde irão estar presentes todos os outros cabeças de lista eleitos nas últimas eleições". Li no Esquerda.Net

Toda a gente sabe que o vereador José Sá Fernandes tem sido aquele que mais tem dado nas vistas na defesa do Coisa Pública contra os Negócios desta e da anterior vereação do município lisboeta. Mesmo aqueles que nele não votaram lhe reconhecem a virtude: é um chato.

Ora, de "chatos" é coisa que a RTP e os outros canais não gostam. Expõem a notícia, estragam o divertimento.

Não acredita? Como classificar então o critério evocado pela RTP de serem convidados apenas os partidos que participaram no governo da câmara?
É ou não de Circo que eles, RTP, se preparam para encher a emissão?
Tudo para que no fim, à laia de todos os outros programas, se chegue à conclusão beatífica de Fátima Campos Ferreira: "somos todos culpados e ninguém é culpado em particular"...

Por outro lado, talvez a RTP tenha razão: se afirmar claramente que é um programa só para CULPADOS.
Sendo assim: José Sá Fernandes, pá, não ires ao programa é um favor que te fazem.

Ainda por outra "vertente", veja lá se o Noam Chomsky reproduzido aqui há tempos não tem razão.

9.12.06

Costa da Caparica. A culpa é do mar...

O Instituto Nacional da Água vai colocar areia nas praias do Norte da Costa da Caparica a partir de domingo para evitar o avanço do mar e proteger as habitações e bares, informou o Ministério do Ambiente, avança a Lusa. Lê-se no digital PortugalDiário.

Temos directos das TV, ondas hertzianas a atirar areia para os nossos olhos. E ninguém explica: o mar mais não faz do que recuperar aquilo que nos deu e que nós maltratámos.

A areia regressa para donde veio, após a conjugação do vento e das marés a ter depositado naqueles "amontoados inúteis de areia" que têm servido para tudo: para a contrução desenfreada, os passeios de jipe e raids de motas a quatro patas...
De certeza que não foi o uso cantado pela célebre canção dos GNR que enfraqueceu todo um sistema que a natureza demorou anos a construir, foi o desleixo e a irresponsabilidade dos governantes e das autarquias que levaram à ocupação das dunas por actividades que lá não deveriam ter lugar.

Depois, para defender a costa, pontões e mais pontões. Uma luta inglória que terá um vencedor a prazo: a tal "água mole..." Até lá vão ganhando os mesmos de sempre.

Quem já está a perder são as gerações de portugueses que ainda não nasceram e que apontarão a estupidez da nossa e das gerações anteriores que deixaram delapidar a costa marítima portuguesa e vendê-la em T1, T2, e T3...

16.11.06

É o Petróleo, estúpido!

"O 11 de Setembro foi o culminar de uma série de atentados graves que se tinha iniciado ainda nos anos 90 sob Clinton. Pensou então a Administração Bush que o 11 de Setembro sobretudo revelava o fracasso de décadas de realpolitik no Médio Oriente, que apenas tinham gerado os monstros que mataram três mil pessoas num só dia. Assim, em vez de lidar com ditadores diversos e (como se diz agora) "Estados falhados" diversos, deveriam os EUA promover uma alteração institucional substancial no Médio Oriente, apoiando por lá a instalação de regimes democráticos."
(link para o DN)

Num mundo em que o "não há almoços de borla" é a ideologia dominante, ainda há quem nos pretenda convencer que a invasão do Iraque tinha uma intenção filantrópica: afinal o que se pretendia com a guerra era "oferecer" a democracia aos povos iraquianos.
Depois de tudo o que se tem passado no Iraque e no Médio Oriente, ainda há quem venha com esta conversa, e fora da página humorística do jornal.
Depois da derrota eleitoral dos cães-de-guerra nos E.U.A., os "lulus" nacionais mantêm a lata de continuar a bater na mesma tecla... E nós somos todos estúpidos, né?

"Cavalos de Tróia"...

(clique para aumentar)
Tróia, numa imagem do "Google Earth".
Esta imagem terá cerca de cinco anos - uma dedução minha,
considerando a desactualização do mapa
em relação a algumas zonas da cidade de Setúbal.

A cratera provocada pela actividade da Secil na Serra da Arrábida.
O areal que se vê na parte inferior da imagem é a Praia da Figueirinha.
Acima desta, à direita, distingue-se a Praia de Albarquel.

14.11.06

Estuário do Sado, "uma das mais belas baías do mundo".

(clique para aumentar)
Artilharia de costa na Arrábida, virada para o Atlântico.

Cá para mim, o inimigo não virá dali.
Como diriam os antimilitaristas franceses dos idos de 70,
"o inimigo está no nosso país".
Por exemplo, no outro lado do estuário,
naquelas manchas brancas
que vão asfixiando o verde das dunas de Tróia.

O cavaquista de Grândola, o Belmiro
e o governo da república
chamam-lhe desenvolvimento.

Serra da Arrábida, Praia do Creiro, domingo.

(clique para aumentar)

Olha se fosse permitida a passagem de carros...

E não estavam lá estes para cobrar
pelos lugares vazios no Parque de Estacionamento...
Ainda há quem vá à Arrábida apenas pelo gosto de passear.

19.10.06

Comentário sobre um programa imbecil e sobre uma polémica da treta.

"O Melhor Português"...
Não colocar Salazar na lista do "melhor português" seria o mesmo que não colocar Hitler nos melhores alemães, Mussolini nos melhores italianos, Franco na lista dos espanhóis, Estaline nos melhores russos apesar da besta ter sido georgiana...
A todos: que a terra lhes seja leve como o chumbo!

O que a televisão pública devia fazer era melhores programas sobre a História de Portugal, porque aquilo que se propõe fazer nem sequer é original, é ridículo.

...Ou será que apenas pretendem reduzir em 1 o número de desempregados desenterrando Maria Elisa? Não lhes chega a "arte" da Fátima Campos Ferreira, que transforma tudo o que podia ser um debate interessante num conjunto de lugares-comuns e fait-divers?
São gostos.

Ainda bem que há a cabo e o DVD.

PS: Se votasse fa-lo-ia no Eusébio. Português por obrigação, primeiro, e por escolha quando teve a liberdade de o fazer. Esse ao menos deu-me alegrias.

O Salazar? Desculpem, tenho memória, vão-se catar!

Desculpas de mau pagador

Após o artigo na imprensa setubalense sobre a “noite do tuning”, a situação foi levada à Sessão Pública da Câmara Municipal de Setúbal, que se realizou hoje a partir das 18h00.

A presidente de câmara, Maria das Dores Meira, tomou a iniciativa de pedir desculpa publicamente pelo ocorrido naquele fim-se-semana infernal. Ficou-lhe bem a atitude.

Todavia, afirmou que a autorização dada à empresa Parque de Sant'Iago não previa o ocorrido - a culpa, nesta lógica de ideias, não seria do município... A ingenuidade manifestada ao considerar que não estava à espera que a coisa descambasse em barulho toda a noite, só pode ser justificada pela ignorância em relação a alguns fenómenos “culturais” importados. À população afectada pelo “evento” não resta outra solução que acreditar que a senhora não soubesse o que era uma “rave”...

Do mesmo não poderei dizer do vereador do ambiente, o “verde” André Martins: saudando que os cidadãos importunados se mexam e se defendam, acabou por criticar de alguma forma a actuação da GNR que não fez nada perante as queixas dos habitantes. Como podiam fazer alguma coisa se o evento estava “aprovado” pela câmara, pelo seu próprio punho?

Desculpas, desculpas,... “a melhor forma de pedir desculpas é impedir que tais situações não voltem a acontecer”, foi o que foi afirmado na assembleia.

Cá para mim, daqui a tempos vão descobrir que afinal um concurso de tiro pode incomodar, ou, sei lá, um encontro internacional de dinamitadores... Esqueçam, foi o gato-de- rabo-escaldado que falou.


12.10.06

O que vale é que ainda há sítios para se fugir.

Câmara e Governo Civil de Setúbal agridem bairro popular com festival de "Tunning".

Reprodução na íntegra de uma "Carta ao Director" que saiu hoje no jornal "O Setubalense":
Nas Manteigadas não há só melgas e mosquitos!

Não há muito tempo, o anterior candidato do PSD à presidência do município setubalense, Fernando Negrão, procurou colher algum descontentamento pela deslocalização da Feira de Sant’Iago acusando o presidente eleito da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos de Sousa, de ter mandado a feira para as Manteigadas, “onde só há melgas e mosquitos”.

É verdade, nas Manteigadas há insectos. Aliás, como se tem visto nos últimos tempos, no resto da cidade também. As zonas perto de sapais são caracterizadas pela existência de insectos, qualquer biólogo o confirmará.

O “remédio” para os insectos seria acabar com os sapais e construir-lhes em cima umas urbanizações com vista para o rio – não falta quem queira “investir” nisso. O problema seria que se o fizessem acabariam com o que sobra de vida no Rio Sado, porque os sapais são a maternidade do rio.

Perante as alternativas, de ver o Sado bordejado por “habitações de qualidade” ou de ver gente à pesca dentro e nas margens do rio, prefiro as melgas - desde que não sejam alimentadas pela falta de saneamento básico…

A localidade de Manteigadas faz parte de Setúbal. Da Freguesia de S. Sebastião, mais concretamente e apesar dos seus moradores continuarem arredados do direito ao Transporte Urbano e serem penalizados por tarifas mais caras nos autocarros. É nas Manteigadas também que estão localizados equipamentos tão nobres como o Instituto Politécnico, o Arquivo Distrital… e Pessoas, cada vez muitas Pessoas.

A deslocalização da feira para as Manteigadas não foi um acto comparável a tê-la atirado para o Suriname. Atenuou o problema do trânsito no centro da cidade, quando ele é mais intenso. E irá proporcionar a breve trecho a disponibilização de um valioso terreno em Azeitão para construção de “habitação de qualidade”…

O problema foi e é como fazer conviver as funções do Parque de Sant’Iago com os direitos das pessoas que já viviam na zona antes dele ser construído. Infelizmente nesta questão parece que há uma “frente popular” em Setúbal: da anterior magistratura do PS até ao governo actual do PCP estão todos de acordo com o deputado municipal do PSD, “nas Manteigadas só há melgas e mosquitos”.

Porque só numa zona onde só há melgas e mosquitos é que seria permitido fazer aquilo que ocorreu no passado fim-de- semana no Parque Sant’Iago: um festival de desrespeito pelo direito à tranquilidade dos cidadãos.

Autorizado pela Câmara Municipal de Setúbal, agora liderada pela presidente nomeada pelo PCP, Maria das Dores Meira, com o beneplácito da dirigente do PS e Governadora Civil de Setúbal, Teresa de Almeida, decorreu nas Manteigadas um festival de Tunning.

As entidades a quem cabe fazer cumprir o Regulamento Geral do Ruído, e que têm a obrigação legal de defender os cidadãos de atentados ao sossego, permitiram que junto a uma zona residencial, como é a zona das Manteigadas, fosse levado a cabo um evento que só os ignorantes desconhecem que se trata de um festim de roncos motorizados e de decibéis a ultrapassar todos os limites saudáveis.

Assim, a colina que do parque Sant'Iago domina o bairro foi tomada por altifalantes que, virados para as habitações, vomitaram incómodo até depois das 2 da madrugada. Durante todo o dia, a música e o entusiasmo do animador de serviço só tiveram a competição de alguns participantes do evento que descerraram as portas traseiras das suas viaturas para exibir toda a potência das colunas de som contra as janelas das sala-de-estar localizadas a menos de 10 metros das performances.

O que começou mal continuou pior: depois da “serenata” de motos até depois da uma e meia da manhã, seguiu-se uma rave até cerca das 6 da madrugada, numa tenda de circo instalada a poucas dezenas de metros das habitações.
Dormir? Às 9 e tal da manhã as colunas viradas para o bairro acordaram os minutos de sono.
Pelo domingo adiante o barulho dos motores e o cheiro a borracha queimada tomou conta das casas da zona.

Durante a noite diversas pessoas telefonaram para a GNR, “foi autorizado pelo Governo Civil e pela Câmara Municipal” – responderam os guardas manietados.

Sabendo-se que outras manifestações “motorizadas” foram deslocadas de outras zonas habitacionais da cidade para parques industrias na periferia, qual a razão que presidiu ao atentado à qualidade de vida dos cidadãos no passado fim-de-semana? As pessoas das Manteigadas não são cidadãos como as dos outros bairros?

As senhoras Governadora Civil empossada pelo governo e a Presidente da Câmara nomeada pelo PCP fizeram uma leitura prepotente do Regulamento do Ruído, trocaram o Direito ao Sossego que o documento pretende consagrar pelo interesse económico de uma actividade que provoca poluição sonora. E, quando tanto se fala no protocolo de Quioto, promoveram uma actividade que se está borrifando para a poluição do ar. Como responsáveis políticas deram um sinal negativo das suas sensibilidades, cultural e ambiental, à população.

Das duas uma:
Autorizaram aquele evento naquele local porque partilham da opinião do seu concorrente do PSD de que nas Manteigadas “só há melgas e mosquitos” ou, pura e simplesmente, estiveram-se marimbando para as consequências que a sua autorização teria na Qualidade de Vida das pessoas que juraram proteger.

Ignorância ou Incompetência.
Num e noutro caso, deviam demitir-se.

José Tavares da Silva, morador nas Manteigadas.









7.10.06

E Tróia aqui tão perto!

" Com maior intensidade nos últimos tempos, surgem na mira dos interesses imobiliários as áreas de elevado interesse ambiental e paisagístico, frequentemente localizadas dentro (ou próximo) da Reserva Ecológica/Agrícola Nacional, Rede Natura e outras áreas protegidas. Estas áreas, instituídas com o fim de salvaguardar determinados ecossistemas do "avanço selvagem das urbanizações", têm sido sujeitas a uma política sistemática de desafectação sem qualquer critério a não ser a de viabilizar projectos de natureza imobiliária."

Início de um artigo do opinião, O território está à venda: o caso do turismo residencial, de Rita Calvário. É de ler, o texto integral está no Esquerda.net

3.10.06

Documentário da BBC denuncia tentativa de encobrimento de padres pedófilos.

No passado domingo, a BBC passou no seu programa "Panorama" um documentário sobre a forma como a Igreja Católica tratou os casos de abusos sexuais feitos a crianças por membros do clero.

Dentre as revelações, a de um documento secreto, "Crimen Sollicitationis", datado de 1962, que "impunha um juramento de segredo à vítima, ao padre que sofria as acusações e a qualquer testemunha. Romper o juramento resultaria na excomunhão".

"'O responsável por pôr o procedimento em prática durante 20 anos foi o cardeal Joseph Ratzinger, o homem que foi feito papa no ano passado', disse o repórter Colm O'Gorman, no documentário que se chamou 'Crimes Sexuais e o Vaticano.'"

Os bispos britânicos protestaram contra a exibição do documentário, e o Vaticano veio dar-lhes apoio.

Fico à espera que o documentário da BBC passe na televisão potuguesa. Sentado, claro está.

28.9.06

"Excelência de informação"

SIC, ontem, ao almoço: "Cavaco soube da gravidez da princesa Letizia primeiro que os espanhóis" .

SIC, hoje, ao jantar: "Se descobrir vida em Marte telefone-me" (Maria Cavaco Silva para um investigador português a trabalhar em Espanha).

23.9.06

Católico-não-praticante.

Chove. Olho para o carro da frente que se enfiou à papo-seco pelo intervalo da chuva e distingo-lhe através do limpa-vidros intermitente: Motard a Bordo.

21.9.06

Nos mínimo, atirem-lhes com a Constituição às trombas!

Gestores e economistas principescamente pagos, de empresas privadas que não são propriamente conhecidas pelo respeito pelos seus “colaboradores” (muitos deles com origem no capital especulador e na banca, sectores mais que beneficiados pela falta de tributação), patrões, ou, nos casos mais rafeiros, fazedores de opinião com coluna permanente nos jornais e nas TV a soldo dos mais privilegiados da sociedade portuguesa, organizaram-se. Autodenominam-se “Compromisso Portugal” e têm o costume de parir “soluções milagrosas” para a sociedade portuguesa.

Curiosamente, sendo gestores de empresas, nem se debruçam muito sobre a eficácia do desempenho das direcções das empresas. No quadro de um país em crise permanente e em que a boa gestão não faz parte dos atributos daqueles que dirigem as empresas, habituados que estão a viver à sombra do investimento e do subsídio público, é obra. Se os trabalhadores portugueses são dos que trabalham mais horas, dos mais mal-pagos e precários, para quem sobra a culpa pelo mau estado da economia?

Os homens gostam é de botar discurso sobre o Sector Público. Para melhorar a qualidade de serviço? Népia! Para que o Estado coloque as suas funções e obrigações nas carteiras dos seus patrões.

Quando se discute o problema da sustentabilidade da Segurança Social, e os números do desemprego crescem, estes senhores propõem a redução de 200.000 funcionários públicos, como? “A redução pode ser alcançada facilitando as reformas antecipadas, estabelecendo incentivos à saída voluntária e transferindo actividades para o sector privado”.

A mesma segurança social que tem problemas em manter um nível mínimo das pensões que garanta a sobrevivência dos reformados, que já tem de pagar a reforma a muitos trabalhadores em idade activa que foram expulsos das empresas mais lucrativas (para aumentar o valor das acções e sua posterior privatização – exemplo: EDP), pode aguentar mais esta despesa?

E sobretudo: quantas “contínuas” vão faltar nas escolas cujos pais veremos nos noticiários a protestar contra a “falta de condições”? Quantos professores faltarão nas turmas onde os alunos são apenas um número elevado? Quantos minutos faltarão para ser ser atendido pelo funcionário que tem de fazer o trabalho mas também está a atender?

A solução dos mecos: privatize-se!

Pode não funcionar melhor mas dá dinheiro a alguns - e muitos e muitos gestores...

Só para quem não se lembra do estado da Educação e da Saúde quando estas eram exclusivo das escolas e dos hospitais privados. Eram (são) só para alguns.

Só para quem já se esqueceu do que a sociedade europeia avançou, quando se impôs que o Estado não seria apenas a polícia e o exército.

Foi uma conquista civilizacional. É fazer a história voltar para trás que esta gente quer.

Nos mínimo, atirem-lhes com a Constituição às trombas!


11.9.06

Ficaste parvo, pá?

Hoje no DN, Cavaco (Presidente da República):
"Como Presidente da República, sou favorável a entendimentos alargados noutras áreas [além da justiça] em particular naqueles desafios que enunciei na Assembleia da República na tomada de posse e onde se inclui a sustentabilidade da Segurança Social"

Na mesma notícia, Marques Mendes (líder do PSD):
"Disposição para o consenso": "Se o Governo, por caprichos ideológicos de esquerda que estão ultrapassados, teimar em não cooperar, quem vai perder são os trabalhadores"

Depois, Francisco Louçã (líder do Bloco de Esquerda):
A "Segurança Social, só tem dois caminhos possíveis: o da irresponsabilidade privada ou o da responsabilidade pública". Por isso, "se houver alguma negociação no sentido de privatizar a Segurança Social" ou de, como preconiza Sócrates, "aumentar a idade da reforma, nós enfrentaremos com um referendo".

A privatização da Segurança Social está na calha, talvez através de mais um acordo secreto entre o PS e o PSD. Sócrates diz que não, mas daqui a uns tempos quando dermos por isso vamos ter escalões em que os descontos dos salários mais altos nem precisam de ir para a "Caixa". Irão direitinhos para as companhias de seguros, tal como defende o PP.

Perante isto, Francisco Louçã vem defender um referendo...
Eu sei que para os lados do BE há muito quem pense que não vale a pena estar nos sindicatos, que não vale a pena combater a influência nefasta da burocracia sindical. E que não interessa contruir correntes de combate nas empresas na base de propostas de luta, como esta: unidade de todos os sindicatos e comissões de trabalhadores para o debate e votação por voto secreto de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, efectivos ou não, de uma Greve Geral até o governo abandonar o propósito.
Era capaz de ser a greve mais justa que eu alguma vez teria feito. Mas, enfim, viva a "democracia representativa" e o plebiscitismo!

9.9.06

Quanto mais Zorros menos Revolução

Este texto, escrito ao sabor do teclado, era para ser inserido como resposta a um post de Daniel Oliveira no seu "Arrastão", “Porque nunca deve a esquerda pôr-se nas mãos de salvadores da Pátria”. Como ficou extenso, e não quis abusar da hospitalidade, decidi deixá-lo aqui por "casa".

Contextualizando, Daniel Oliveira refere-se a uma nota do “Público” sobre a suposta pretensão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, em fazer uma alteração legislativa que permita a um presidente ser eleito sucessivamente sem limitação do número de mandatos.
“Suposta” porque a origem identificada é o “Público”. Reserva mental? Desculpem lá, mas depois das últimas Guerras não considero o “Público” de confiança.

Todavia, como vivi uma Revolução e vi os atalhos em que certas Esquerdas se costumam enfiar, também não me admira a ideia. É partindo deste pressuposto que se me afigura o restante.

Não me incomoda a ver Hugo Chávez solidário com a Revolução Cubana, mas ao ver a forma como este pretende copiar a relação de Fidel Castro com o povo cubano temo que este confunda as conquistas da Revolução Cubana com as suas taras.

Que o presidente venezuelano procure introduzir no seu país algumas medidas que redistribuam a riqueza, que até agora só tem sido pertença de uma oligarquia intermediária dos interesses ianques na Venezuela, é algo com que simpatizo. Mesmo que o estilo não me agrade.

Não duvido, porém, que na Venezuela, entre aqueles que nunca tiveram nada, o “estilo” não será a principal preocupação. Não foi a pensar nisso que disseram “presente” quando foi necessário defender o “seu” presidente eleito do golpe militar dos “democráticos” terra-tenientes e media-tenientes.

“Deus escreve por linhas tortas”, dizem os crentes. Perante as derrotas sucessivas do movimento dos trabalhadores a nível mundial, começa a difundir-se entre alguma Esquerda a ideia de que a Revolução se pode fazer por linhas tortas. Errado. Uma Revolução nascida torta tarde ou nunca se endireita, isto quer dizer que a principal preocupação dos revolucionários deverá ser a de evitar que a torçam. A ideia de um homem providencial é torcer a Revolução.

A História demonstra que as revoluções que têm homens providencias acabam por morrer com o tutor. Ou sobrevivem, apesar do e contra o empecilho do tutor.

Com Cuba no horizonte.
As conquistas sociais que transformaram uma imensa casa de putas num dos países com maior nível de escolaridade e de saúde no mundo não podem ser desprezadas, mesmo tendo em conta a forma como o regime cubano se defende mal da ameaça imperialista.

Esconjurar a crítica política é dos aspectos em que o regime cubano desperdiça nos pés as balas que diz atirar ao inimigo. E a identificação da vida de uma Revolução com os poucos anos que um líder possa caminhar sobre a terra é outro.

Na figura débil do Fidel Castro acamado pressente-se a própria Revolução Cubana a definhar. Tragicamente não são só os "Scarfaces" de Miami que o vêem.

Perante isto, que dizer da cegueira de certa Esquerda que teima em confundir as conquistas revolucionárias com a tirania de um partido - apesar de haver exemplos suficientes que mostram o bêco aonde isso conduz? Por outro lado, que comentário à miopia dos outros que só descortinam na ilha cubana a presença tutelar de Fidel e esquecem o resto: que a muitos deserdados desta “democracia” em que vivemos basta ir para a bicha do sistema nacional de saúde para que sintamos inveja daquela “ditadura”? Uns e outros, cada um a seu modo, já deixaram de acreditar em revoluções sociais.

Voltando a Hugo Chávez.
O que pode tornar o fait-diver do “Público” no drama da Revolução Venezuelana (ainda há por aí alguém que se diga de Esquerda que ainda não se tenha apercebido de que há uma Revolução em curso na Venezuela?!) é a tentação do presidente em se sobrepor à mobilização dos explorados em cujo nome fala, que o espelho do palácio presidencial não reflicta apenas a imitação do amado Simón Bolívar, mas a da lenda do “Zorro” - aquele que se substituía aos humilhados na luta pela dignidade social, quando lhe dava na gana.

As revoluções só avançam com a Mobilização consciente do Povo - o tal que continua em Terceiro Estado - com a Democracia, que entrega ao Povo a decisão sobre os ritmos e os avanços revolucionários, com uma outra Legalidade que consagre o interesse público contra os privilégios de Classe.
E com a Liberdade, aquela que permite que seja a agressão à nova legalidade e não a opinião que se tem sobre ela que faça quem quer que seja ir para a prisão.

Parafraseando a frase conhecida, a Revolução é um assunto demasiado sério para que se deixe ao cuidado de um líder, de um grupo de comissários ou de um comité central. Já agora, de um grupo parlamentar - é também nas mãos de uma política virada sobretudo para o crescimento deste que a Esquerda não se deve colocar.

8.9.06

RTP arrisca-se a acabar com telejornal.

Diz o DN:
O prime time da RTP vai mudar já a partir da segunda-feira, dia 11. A garantia foi dada ontem por Luís Marques, administrador do operador público, na apresentação das novas apostas para a área da informação.

Na mesma conferência de imprensa, naquilo que chamam um "passo corajoso", os responsáveis da RTP afirmam pretender reduzir o Telejornal em oito a dez minutos. Luis Marinho, director de informação do canal público promete que passaremos a "ter um Telejornal com um ainda maior rigor informativo, maior diversidade e maior critério noticioso".

Cá por mim até conseguiriam reduzir ainda mais o telejornal:
- Acabando com os intervalos de publicidade no meio dos serviços noticiosos (que curiosamente aparecem quase simultaneamente nos três canais abertos);
- Fazendo desaparecer todas as "peças" em que se dramatizam notícias;
- Criando um programa dedicado exclusivamente aos fait-divers ou, no mínimo, retirando as "notícias" que acabam com um piscar de olho do Rodrigues dos Santos.

O risco desta minha proposta é que a RTP em vez de um noticiário ficaria com um flash noticioso...

Por outro lado.
Ainda me hão-de explicar o que é que as opiniões de António Vitorino têm a ver com os verdadeiros problemas da sociedade portuguesa... Equilibrar a agenda de Marcelo Rebelo de Sousa? Pluralismo? Não, dose dupla de boçalidade. Dupont & Dupont, percebem?

Em nome da "poupança nos serviços públicos", seria melhor pôr os dois num mesmo programa.
Topem: sairia mais barato, e a probabilidade de se dar de caras com um deles quando se liga para a RTP desceria 50 por cento!

3.9.06

A pau com os "estrumpfes"


Esgravatando por aí montado na "mulinha", trilhando caminhos longe dos terrenos contaminados onde a MTV planta os seus transgénicos, dei de caras com uns tipos da Noruega que baptizaram a sua banda com o nome de Gargamel” - o nome em inglês do personagem da banda desenhada de Peyo, Gasganete, o feiticeiro bronco cuja principal obsessão é conseguir apanhar os simpáticos Estrumpfes.

Os “Gargamel” “estrumpfaram” o seu primeiro álbum este ano, "Watch For The Umbles", onde se pode ouvir uma estranha mistura de um violoncelo com guitarras afirmativas sobre um excelente fundo de teclas à moda do que melhor tem feito as delícias da malta do progressivo desde os anos 70.

Alguns vêem-lhes similitudes com os norte-americanos “Discipline” e os suecos “Anekdoten”, considerados por muitos dos melhores grupos de progressivo dos últimos anos.

Julgai por vós. Podeis ouvir os Gargamel aqui. E já agora, os Discipline e os Anekdoten.

Bom proveito.


Se a estupidez conferisse grau académico...



Lido no "Jornal de Notícias", a propósito da "Marcha pelo Emprego" que o Bloco de Esquerda decidiu promover até meados deste mês:

"Os 200 participantes, quase todos de sapatos de ténis ou sandálias, bonés e bandeiras, eram na sua maioria oriundos da classe média urbana sendo poucos os operários ou mesmo cidadãos desempregados que nela participaram, talvez - segundo um dos militantes - "por terem ido à festa do Avante".

Ao longo do percurso, Louçã foi saudado e estimulado por vários transeuntes quer em Guimarães quer no caminho, que se diziam vítimas de despedimentos em empresas têxteis "viáveis" da região do Vale do Ave".


Em primeiro lugar, o número redondo: "200". De certeza que não eram 189 nem 175?
O Bloco de Esquerda terá feito questão de serem 200, nem mais nem menos, para que o (a) jornalista não tivesse de garatujar "cerca de"?

Quanto à origem social dos marchantes, nova demonstração da argúcia do (a) jornalista: o calçado, os "sapatos de ténis e sandálias", traiu a organização do Bloco e denunciou a natureza de classe dos marchantes. Onde estavam as botas de biqueira de aço e as galochas dos verdadeiros operários?

"Classe média", decidiu o (a) escriba
. Sim, porque se havia desempregados na marcha estes deveriam ir a arrastar-se pelo chão como verdadeiros "famélicos da terra".
E
"urbana": nenhum daqueles tipos de ténis tinha aspecto de ter origem rural - onde, toda a gente sabe, as gentes vestem-se de chapéu de palha e serapilheira.

"Os operários foram para a Festa do "Avante!", reproduz-se de "um militante".
Se eu fosse militante do BE proporia que o marchante que deu esta resposta ao (à) jornalista fosse excomungado do partido por fazer humor surrealista numa ocasião solene do partido!
Ainda não se percebeu por aí, seus elitistas, que piadas em público só daquelas que a audiência do "Levanta-te e Ri" consiga perceber?

Proporia ainda o prémio "militante do mês" para o tipo da organização da marcha que teve a brilhante ideia de distribuir figurantes ao longo da estrada para se "dizerem" vítimas de despedimentos e saudarem o Louçã!

Para concluir o título do post: ...não haveria licenciaturas em jornalismo.


28.8.06

Segundo o "Expresso": No Socialismo não haverá motos.


O "Expresso" do último fim-de-semana dispensa algumas colunas ao caso Carlos de Sousa. Pelo caminho esclarece que afinal é legal a atitude que o PCP tomou. "Injusta", considera o afastado. Os eleitores, estes, é que ainda não sabem se se livraram de um mau presidente de câmara ou se ganharam uma presidente pior. O PCP não deixou.

Depois o perfil: "Comunista e Católico", assim está titulado o texto a negrito.
Afinal o que se passou em Setúbal terá sido uma atitude anticlerical e a tendência pró-vaticano estará a perder influência no PCP. Mas não só, a causa do afastamento do católico ainda é mais maquiavélica, a crer no que se lê no final do texto: "Carlos de Sousa deixou-se tentar por alguns prazeres burgueses [sem aspas nem nada]. Por exemplo, para descontrair, gosta de passear de moto na Serra da Arrábida".
Tanta especulação por causa do afastamento de Carlos de Sousa e bastou-me aceder ao "Expresso" para saber logo duas!

Pelo caminho fiquei a saber também que a pica que me dá passear de motoreta na Arrábida faz de mim um burguês! Bem, como a Yamaha só tem 50 cc serei só pequeno-burguês, né?

Um "apontamento de reportagem", um fait diver com reminiscências de uma juventude estalinista direi eu.

26.8.06

PCP afastou Carlos de Sousa e não se explicou aos eleitores.

A possível perda de mandato por irregularidades na gestão municipal, nomeadamente na forma como alguns funcionários alcançaram a reforma, virou as atenções para um dos autarcas-modelo do PCP, Carlos de Sousa.

O assunto acabou secundarizado pela demissão “compulsiva” do presidente do município de Setúbal, pelo seu próprio partido. Pelo caminho, uma cobertura mediática superior àquela que o PCP quereria, mas insuficiente para deixar os eleitores setubalenses esclarecidos. E ficou por se saber onde estava o fogo que gerou tanto fumo.

Foi a modos que o rebentar de algumas bolhas na superfície do pântano. Afinal talvez houvesse vida debaixo dos limos, houve quem pensasse. Mas o zum-zum dos mosquitos do costume embalou tudo até ao sono normalizador.

Rapidamente deixou de ter importância a notícia que dava o então presidente do município de Setúbal como presumível autor de "ilegalidades" na gestão municipal. A fuga de informação - mais uma - deixou de ter importância. Beneficiário de tanta "solidariedade", que comove ver escorrer por aí, ninguém pareceu importar-se com a afirmação de Carlos de Sousa no dia em que apresentou a demissão: não chegara à Câmara Municipal de Setúbal nenhum documento igual ao que o culpabilizou nas mesas das redacções.

Poucos questionaram mais esta demonstração da Fuga de Informação como arma de combate político. Ninguém estremeceu perante um jornalismo que já nem questiona a origem das fontes e se deixa co-incinerar na fogueira dos interesses.

A discussão não é esta. O que se anda a debater por é se o PCP tem legitimidade para substituir “quem o povo elegeu”:
- Fala-se de “perseguição política” por parte do PCP ao seu “autarca modelo”, mas ninguém consegue apontar ao afastado uma centelha de rebeldia que justifique a perseguição;
- Atira-se com o “renovador” para a frente, sem que se vislumbre no epíteto uma correspondência política que ilumine a escuridão do debate político intestino do partido a que Carlos Sousa sempre pertenceu e serviu.

E sobretudo, esquece-se o que há: a “Nova Setúbal”, a trapalhada do “Polis”, a privatização da recolha dos lixos, o embuste de Tróia, a empresa da Feira de Sant'Iago, os avençados a metro...

Assim:
Ou Carlos Sousa foi corrido porque estava a resistir a esta vaga de “modernização” ao serviço dos especuladores de Setúbal, que o PCP apoiaria;
Ou estas “realizações” não faziam parte do programa do PCP quando este concorreu para o município e o partido está a defender-se.

No mínimo serão capazes de supor que terão ocorrido contradições azedas (não vou chamar-lhes debates porque o grosso dos militantes ficou à margem da situação e está confundido) no interior da organização a questionar as opções de crescimento. E que só a crise organizativa, a burocracia e o carneirismo da organização local do partido deixaram que a situação chegasse a um ponto tal que a direcção central tivesse de se impor sob pena de vir a ser apontada ao lado dos melhores traficantes de influências da Cidade de Setúbal.

Mesmo neste último caso, aquele em que supostamente o programa estava a ser “atraiçoado”, não reconhecem ao partido o direito de intervir? Eu reconheço, mesmo sem saber se foi em defesa do programa que o partido interveio.

Não são as pessoas que devem ser responsabilizadas pela governação mas os partidos que as escolhem - partidos com caras, bem entendido. Mas não se deixem arrastar para essa moda do personalismo político tão ao gosto de uma certa comunicação social que pretende dissolver dessa forma o velho desafio do marinheiro ao Adamastor de que quem ia ao leme não era só ele.

A comunicação social faz isso porque é essa a sua agenda des-socialização das opiniões (uns, os outros nem sabem o que isso é , fazem-no por mimetismo)

O que está em questão não é o direito do PCP fazer a substituição do presidente da câmara. A lei permite-o e a permissão não me ofende. O que está em causa é fazê-lo sem explicar aos munícipes o Porquê!

O que irrita é tratarem os eleitores, até os próprios militantes, como estúpidos, como se fossem as abéculas burocráticas e abana-cabeças dos sindicatos-partido!

De qualquer forma, as pessoas não deixarão de perguntar por que é que esteve tudo bem até agora e de repente o candidato mais jovial do PCP, o motard, o visitante assíduo do Fórum de Porto Alegre, necessita de ser rejuvenescido por uma presidente cujo nível cultural (a julgar pelas amostras) é capaz de provocar pesadelos ao Rúben de Carvalho.

Por fim:
Na mesma discussão que referi atrás debate-se se o partido per si vale mais votos que Carlos Sousa, ou o contrário... Poupem-me!

A ver a realidade política pelas lentes dos comentadores da SIC e do Expresso ainda acabam desesperados à espera da homilia dominical do Marcelo para terem assunto de debate político.

E olhem que aquela de ter os “bitaites” do José Manuel Fernandes do “Público” como referência para introduzir a discussão sobre o futuro próximo do próprio partido não é bom sinal.

Esta Maria já dá Dores.

A questão da possível necessidade de “dissolver a câmara de Setúbal”, inscrita a fogo no embrulho dos jornais e dos telejornais, foi rapidamente substituída pela onda de indignação pela substituição do primeiro pela terceira da lista dos candidatos da CDU às últimas eleições para o cadeirão da Praça do Bocage. Uma cólera motivada pelo facto do vereador dos Verdes, André Martins, se ver ultrapassado por uma decisão unilateral do PCP sem que a coligação CDU, pelo que se saiba, tenha reunido “ao mais alto nível” para decidir...

Só posso estar a reinar? Estou.

Enfim, ficámos a saber que a vereadora da Cultura, Maria das Dores Meira, assegurará o leme da cidade à beira-Sado nascida. Posso assegurar desde já que, depois destes anos todos (e de Toy, muito Toy!) ninguém dará pela falta da vereadora da cultura - o que lhe deixará a agenda vazia para se dedicar de corpo e alma ao que tem pela frente.

E foi já hoje que a senhora teve a oportunidade de demonstrar que está com os setubalenses, pelo menos com aqueles que embarcaram na esquadra de barcos de regalo (é assim que os setubalenses chamam as embarcações de recreio) e motos de água que buzinaram Rio Sado afora protestando contra a proibição da passagem ou ancoragem a menos de 450 metros da costa da Arrábida, no troço entre a Praia da Figueirinha e o Portinho da Arrábida.

Teria sido uma óptima oportunidade para a nova presidente consultar o seu vereador do ambiente. Se ele fosse mesmo “verde” dir-lhe-ia que a decisão de impedir a pesca e o trânsito na zona é absolutamente correcta:

- Quem conhece o fundo do rio da zona sabe que ele está completamente rapado por hordas consecutivas de arrastos e mergulhos ilegais (que a ameijoa, o ligueirão, o berbigão e o pé-de-burro estão a desaparecer);

- Que o que devia ser um porto de abrigo, o Portinho da Arrábida, está transformado num embarcadouro permanente de embarcações de recreio e que o seu fundo outrora rico em peixe - porque tinha vegetação – não passa de um areal cada vez maior;

- Quem frequenta as praias da autoestrada aquática agora proibida, como as praias de Galapos, Galapinhos, dos Coelhos e o Creiro, sabe perfeitamente que no Verão e aos fins-de-semana é quase impossível nadar em segurança na zona, tal é o movimento doido de motos de água, tal é a arrogância daqueles que fazem estadia a poucos metros do início do areal como se as praias fossem só suas, e sabe também que já houve acidentes.

O pivete a gasolina, o barulho a avenida em hora-de-ponta não tem nada a ver com aquilo que se procura num Parque Natural.

Apoiar os totós das motos de água é o mesmo que suportar os grunhos dos jipes que atiram para fora dos trilhos da Arrábida quem se passeia de bicicleta. Uns e outros não conseguem ver a natureza sem a banda sonora dos motores a roncar.

Reservem-lhes um canal no rio e um pedaço da areia de Tróia para o seu exibicionismo.
Deixem os outros em Paz!


22.8.06

Uma transparência cada vez mais "invisivel"!


O Governo esclareceu esta segunda-feira que as nomeações por escolha para os gabinetes e para a Função Pública continuarão a ser publicadas no Diário da República.
Em conferência de imprensa, o secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, explicou que a não publicação em Diário da República dos contratos de trabalho dos funcionários do Estado diz respeito apenas aos contratos com prazo.
.

" O Perfume" está pronto...


Assim que soube que o brilhante romance de Patrick Suskind iria passar a figurar numa tela de cinema, o sentimento que me percorreu foi de medo... não podia conceber que a viagem monstruosa e embriagante na busca da essência perfeita, de odor em odor, de Jean-Baptiste Grenouille pudesse ser transmitida fora das palavras de Suskind.
Acerca do realizador (Tom Tykwer) pouco conheço, mas o facto de Andrew Birkin (que também esteve envolvido na adaptação de “ O Nome da Rosa” de Umberto Eco, e que fez um excelente trabalho por sinal) fez com que os meus receios se atenuassem, alem disso o elenco parece-me bom com Dustin Hoffman, Alan Rickman e Ben Whishaw no papel de Grenouille. Deixo-vos aqui o site do filme no qual podem ver o aliciante trailer, e o intrigante teaser trailer, pena estar em alemão o site, mas já dá para fazer sentir o "cheiro".

10.8.06

Nem de propósito

Capa do primeiro álbum editado
pela banda italiana "Alphataurus".
Ano: 1973. Género: Rock Progressivo.
(para ver imagem expandida clicar sobre ela)

8.8.06

Incúria no Creiro

A Praia do Creiro é uma das mais bonitas da Arrábida, é a praia que tem à sua frente uma pequena ilhota, lar de gaivotas, conhecida por Pedra da Anicha.

Até há poucos anos só se podia ter acesso a esta praia através de carreiros de pescadores, serra abaixo, ou pelo areal, entrando-se pelo Portinho da Arrábida. A construção de vários parques de estacionamento veio substituir os antigos caminhos, e hoje é possível deixar o carro num desses parques e percorrer algumas dezenas de metros de escadaria até onde o Rio Sado se encontra com o oceano.

Para evitar o escorrimento de lamas através do alcatrão "invasor", foi montado um sistema de drenagem das águas pluviais que desagua no fundo da encosta num filtro natural de pedras de diversas espessuras que absorve e filtra a água que é conduzida ao subsolo junto à areia da praia.

À esquerda do início da escadaria que conduz à Praia do Creiro, há uma pequena escavação arqueológica que mostra um pouco do que resta da ocupação romana da zona. Bem documentada, tem uma belíssima vista para o Portinho. Um lugar magnífico para se estar.

Quase no fundo da descida, vale a pena deixar a escadaria e apreciar um trabalho de azulejaria que enquadra a Fonte da Paciência. Há diversos bancos para se estar. Esta fonte é usada sobretudo por quem vem da praia e ali quer deixar os últimos grãos de areia antes de entrar no carro.

Os parques de estacionamento não são gratuitos, mas não são os serviços do Parque Natural da Arrábida que cobram o que quer que seja: logo que o sol começa a fazer sentir o seu calor aparecem por lá uns funcionários da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão que cobram pelo estacionamento – este ano são 2 Euros, um preço vem aumentando de ano para ano.

Para quem não quer ou não pode pagar há um pequeno parque no cimo da serra ou, como acontece na época alta, a borda da estrada. Quando os parques de estacionamento estão cheios, os diligentes funcionários da Santa Casa até cobram pelo estacionamento à beira da estrada que conduz aos parques, não se perde um cêntimo...

Para que serve, afinal, o dinheiro do estacionamento?

Não sendo muito agradável ter de pagar pelo estacionamento após os 20 quilómetros Arrábida acima e Serra abaixo (no caso dos setubalenses), seria legítimo que se fosse confrontado com a justificação de que os 2 Euros seriam para o fundo do Parque Natural da Arrábida. Uma fonte de receitas para proteger e melhorar o usufruto daquilo que é de todos e também dos que ainda não nasceram - é esta a filosofia dos parques naturais, deixar algo como era, livre do presente, para o futuro.

Poder-se-ia afirmar, deixando difícil a réplica, que os muitos Euros pagos pelos milhares de automobilistas que utilizam o parque durante a Primavera e o Verão serviriam para arranjar os miradoiros que há no cimo da Serra da Arrábida, para lhes colocar bancos, binóculos, mapas, cartazes explicativos da fauna e flora que se pode observar... para pagar a patrulhas da natureza, a pessoal com formação para explicar aos turistas o que estão a ver.

Não é isto que acontece. Não há nada a explicar nada nos locais mais frequentados pelas pessoas. Há buracos, lama e nem sítios de recolha de lixo se conseguem vislumbrar - num parque natural!


Equipamento com poucos anos degrada-se por falta de manutenção

Correndo o risco de que alguma daquela verba, que é sacada aos automobilistas, vá parar aos cofres do Parque, custa-me perceber a associação com a Santa Casa - uma das instituições com as mais lucrativas fontes de financiamento do país.

Ainda por cima quando parte do equipamento que tão idilicamente descrevi acima está ao votado ao abandono:

A Fonte da paciência “secou”, está cheia de ervas daninhas e de lixo.

Há um contador de água por detrás que tem a torneira fechada - falta de verba?


As espécies de plantas colocadas ao longo da descida de acesso à praia estão sufocadas por vegetação que cresce sem controlo, o sistema de rega de pontos está danificado.

Afinal para que serve o dinheiro que as pessoas pagam pelo estacionamento, se nem essa zona é sujeita a manutenção?

Não me ocorre que seja o pessoal da Santa Casa, por “graça do espírito-santo”, a fazer a manutenção. Será que o Parque Natural da Arrábida pode dispensar essa fonte de receitas?

Será que os setubalenses, todos os que usufruem da Serra da Arrábida, estão dispostos a permitir a degradação deste património... e o roubo?

4.8.06

Secil fora da Arrábida!

“O ministro do Ambiente, Nunes Correia, justificou hoje a queima de óleos usados e solventes na cimenteira da Secil, no Outão, com a inexistência em Portugal de entidades capazes de fazer a regeneração daqueles resíduos, noticia a agência Lusa.”

«O ministro [Nunes Correia] sabe que há empresas interessadas em comprar os óleos usados [em Portugal] e que até pagam mais» do que vai pagar a cimenteira Secil, afirmou esta sexta-feira à agência Lusa Rui Berkemeier da Quercus.”

“ 'Vamos juntar as pessoas para decidir o que vamos fazer, mas sempre de uma forma pacífica e de acordo com a lei. Estas decisões são sempre tomadas no Verão, para tentar apanhar as pessoas desprevenidas', comentou” [João Bárbara, do Movimento de Cidadãos pela Arrábida].

Entretanto, foi convocada uma reunião de emergência do Movimento de Cidadãos pela Arrábida. É HOJE às 21h30, no Clube de Campismo de Setúbal.


SECIL FORA DA ARRÁBIDA!


A intenção de fazer a co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na cimenteira da Secil, localizada em pleno Parque Natural da Arrábida, já levou às maiores movimentações de cidadãos que Setúbal já viu, e terá sido uma das razões que levou ao esmagamento eleitoral do anterior executivo camarário chefiado por Mata Cáceres (PS).

O Mata Cáceres apoiante do Sócrates Ministro do Ambiente foi humilhado nas urnas e substituído por uma maioria absolutíssima da coligação do PCP chefiada pelo anterior presidente do município de Palmela, Carlos Sousa. A principal coadjuvante de Mata Cáceres, Teresa Almeida, foi entretanto premiada com a governação civil de Setúbal pelo Sócrates Primeiro-Ministro.

As alternâncias políticas dos governos e município iludiram a pressão sobre os ares da Arrábida, que aparentemente mantiveram apenas o habitual pó que costuma cobrir as imediações da cimenteira:
A Secil pintou a fábrica, removendo-lhe o cinzento habitual; uma “comissão de acompanhamento”, acompanhou; chegou a pairar misturado com o pó a intenção da administração da cimenteira não querer queimar nada.

Pelo meio, o primeiro-ministro Durão Barroso do PSD aumentou o período de concessão da Secil. Afectado pelo programa do antigo PSR, o Bloco de Esquerda exigiu, sozinho, o óbvio: se a Arrábida é património natural não pode ter uma cimenteira a esventrar-lhe a Serra.

Os anos foram passando e surgiu no horizonte a possibilidade de se avançar com uma coisa há muito exigida: os centro de tratamento de resíduos. Estas unidades industriais que se encarregariam de tratar, dentre outros, a parte mais cobiçada dos resíduos, os óleos e solventes industriais, até acabarariam por surgir no país através da iniciativa privada. Mas pelos vistos falta-lhes a matéria-prima, aquela que o governo pretende agora queimar e juntar ao pó da Secil.

Do outro lado do Sado, em Tróia, a Sonae faz propaganda ao seu “paraíso” de betão implantado sobre as dunas e os golfinhos.

Em todos os planos do vídeo em que aparece a parte mais magnífica da paisagem, a Serra da Arrábida, aparece um pequeno arbusto. Um arbusto digitalmente concebido para tapar as enormes crateras da Secil.

Se a mentira pagasse imposto municipal, Setúbal teria as suas ruas pavimentadas a ouro.