28.5.07

Planeamento Familiar... qual planeamento familiar?

Lembra-se daquela da "necessidade do incremento" do planeamento familiar defendido por toda a gente na campanha da despenalização da interrupção voluntária da gravidez?

"A associação de consumidores pediu a jovens, entre os 15 e os 20 anos, para procurarem planeamento familiar em 85 estabelecimentos que deveriam fornecer estes serviços: centros de saúde, hospitais e delegações do Instituto Português da Juventude. Em 49, as utentes não passaram da recepção."

(continue a ler o artigo na sítio da Deco)

25.5.07

Camelos e outros bichos

A Margem Sul do Tejo, segundo o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, "é uma zona onde não há gente, onde não há escolas e hospitais, cidades, indústria, onde não há comércio e hotéis..."

Entretanto, a Associação dos Municípios de Setúbal exigiu um pedido de desculpas a Mário Lino (link para o "Setúbal na Rede")

Uma dúvida na solidão das "dunas" do Sado:
O ministro foi incorrecto ao esgrimir os seus argumentos em relação ao negócio do aeroporto, ou estaria a fazer um balanço da actividade governativa no Distrito de Setúbal?

E enquanto observo os escaravelhos:
A RTP no seu jornal da uma mostrou as declarações do ministro e as declarações indignadas de todos os partidos, menos do Bloco de Esquerda. Como já vem sendo hábito.
O curioso - não é, mais enfim - é que Paulo Portas, representante de um partido que tem apenas um deputado em Setúbal (o Bloco de Esquerda tem dois) arengou à vontade.
Lembro que depois do longo directo da "pública" do congresso do PP do último fim-de-semana, em que Portas teve tempo para anunciar a lista completa a Lisboa, a mesma RTP ignorou completamente a apresentação da candidatura de Sá Fernandes, candidato apoiado pelo BE ao município lisboeta.
Já mo tinham chamado a atenção, e começo a suspeitar que é verdade: a redacção dos noticiários do principal canal da RTP está a censurar o Bloco de Esquerda. Não tenho por hábito ver os telejornais de cronómetro na mão, mas já enoja o que a RTP está a fazer.
Só falta saber se é "falta de meios-técnicos" ou estamos perante o cumprimento de ordens para recuperar o PP e afastar a ameaça vinda da Esquerda...

Quanto à foto: não sei se é de um camelo ou de um dromedário, garanto apenas que se trata de um especialista em "desertos".

24.5.07

Afinal havia coisas boas na RDA...

Pois havia. É pena é que só copiem as dispensáveis:

"As autoridades alemãs estão a usar os métodos da antiga polícia política da RDA (Stasi) para controlar todos os que se vão manifestar contra a reunião dos G-8 em Heiligendamm, no início do próximo mês. O método consiste na recolha de amostras de odores de diversas pessoas que a polícia considera suspeitas para que os cães as possam apanhar caso haja violência no decurso das manifestações. Depois das polémicas rusgas policiais de há duas semanas a cerca de 40 sites anti-G8, ontem, em Rostock, várias pessoas foram presas por estarem a cantar a 'Internacional' ".
(notícia completa no Esquerda.net)

23.5.07

Deixai vir a mim o dinheiro das criancinhas

Segundo o jornal "Público", o ministro da saúde, Correia de Campos, quer pôr as crianças a pagarem "taxa moderadora" - não seria mais justo chamar-lhe taxa dissuasora?
As criancinhas é como quem diz: os pais. E, claro! de forma "justa". A demagogia do costume: vão pagar "de acordo com os rendimentos". De quem? das crianças?
Num país de fuga ao fisco pagam mais os que já pagam. E nem os filhos destes escapam.
Tão "socialistas" que eles são.

20.5.07

Pedaço do diário de um antigo "pedaço de asno"

Os bitaites políticos estão cheios de tipos que pensam que amadureceram mas que se limitam a apodrecer vingando o tempo em que estavam vivos e é assim deixando-os escorrer nos pasquins tinta cor de ódio contra tudo e contra todos os que lhe lembram o tempo em que lhes faltava um grande pedaço para serem asnos que os asnos se vingam do pedaço que faltava aos antigos "pedaços de asno".

15.5.07

Lisboa é mesmo um caso de polícia.

Depois do PS indicar como seu candidato o ministro das polícias, António Costa, chegou a vez do PSD apresentar como candidato à presidência do município alfacinha um dos seus vereadores de Setúbal, nada mais nada menos que o ex-director da Polícia Judiciária, Fernando Negrão.
Fernando Negrão é o segundo coelho a ser tirado da cartola por Marques Mendes após Fernando Seara, actual edil do município de Sintra, ter recusado por "razões pessoais".
Está bem... e que tal recusar afirmando o compromisso com os eleitores de Sintra? Esta coisa de compromissos é coisa que a gente que vive da política definitivamente desconhece e que, perante a falta de exigência dos eleitores, já nem se preocupa em disfarçar.

V Convenção do Bloco de Esquerda - II

Segundo post sobre a convenção do meu partido. Uma reflexão sobre a necessidade da existência de uma tendência sindicalista democrática e de combate:

Reafirmar o Compromisso do Socialismo com a Classe Trabalhadora.

I – Dois passos atrás, um passo à frente.

O BE não surgiu a partir de uma das ideologias “padronizadas” pelo século XX. No entanto, a maioria dos seus aderentes proveio de correntes políticas diferentes que fizeram percursos diversos e que concorreram entre si no movimento operário e popular.
A derrota da Revolução Portuguesa e o definhamento burocrático e autoritário de muitas revoluções que nos entusiasmaram a vida, e também as novas relações políticas e económicas internacionais, impuseram balanços e criaram a necessidade de se perspectivarem novas formas de encarar a velha luta por um Mundo Novo.
Ao contrário dos que se deixaram dissolver na normalização e dos que encontraram enfim o seu lugar no Poder e vivem assombrados pelos “desmandos” da sua juventude, nós tivemos o entendimento de que era necessário “Começar de Novo”. Esta decisão marcou a diferença: ao continuar o combate assumindo os novos contornos da realidade, recusámos o percurso da cristalização das divergências até ao definhamento final. Porque os Socialistas do Século XXI não pretendem vingar o passado, querem vingar-se do presente!

II - “Começar de Novo” não significa partir do zero. Aprender com os erros.

“Vimos de longe”. Passados mais de 150 anos do manifesto fundador, cabe às gerações socialistas reunidas no Bloco de Esquerda reafirmar o Compromisso do Socialismo com a Emancipação da Classe Trabalhadora. No caminho “para aqui chegarmos” aprendemos do passado que não há socialismo sem democracia e que a revolução se faz contra todas as discriminações e em todas as causas contra a humilhação e pela sobrevivência da Humanidade.

Estamos de acordo que o mecanicismo ideológico, o sectarismo, a rotina intelectual descambam normalmente no tom autoproclamatório e messiânico, na teorização do isolamento e na incapacidade, devido à estreiteza de vistas, de uma organização se aperceber do tamanho do mundo.
Mas o seu contrário, a relativização total dos princípios fundamentais ao ponto de os tornar matéria negociável, a impaciência com o trabalho de base e a tendência para se opor à mobilização social as boas-graças do Poder também não obtiveram resultados decisivos para a emancipação dos trabalhadores. Convém lembrar a este propósito que por detrás de um político com “sensibilidade social” esteve sempre uma mobilização popular para o obrigar a assinar…

É verdade é que o socialismo nem sempre fez jus ao seu carácter científico. Ao menosprezar outros processos de emancipação de desigualdades que o capitalismo consolidou (alguns deles mais antigos que a máquina a vapor), isto é, ao isolar os trabalhadores de assuntos “que não lhes dizem respeito” e ao não integrar as “novas” lutas (ecologia, igualdade de géneros, minorias sexuais, convivência inter-étnica) no programa socialista, o socialismo contradisse um dos seus princípios fundadores: a Classe Trabalhadora como vanguarda revolucionária da Humanidade.

Pior ainda, em nome do “amanhã” relativizou a necessidade da democracia e o direito à livre expressão de ideias hipotecando a ideia do socialismo como um regime mais livre que a mais livre das democracias burguesas. Ao fazê-lo impediu a sua própria capacidade de regeneração e castrou o pensamento e a acção revolucionárias de gerações inteiras. A consequência: o pesadelo burocrático-repressivo.

Noutra matriz, o socialismo confundiu liberdade com a livre-iniciativa económica burguesa, sujeitou a luta pela igualdade que estava na sua génese à redistribuição desigual de rendimentos e fez do movimento dos trabalhadores uma tropa de choque eleitoral ao serviço de interesses corporativos e de burocracias sindicais profissionalizadas há muito desligadas da produção. Além disto, a “justiça social” propalada por este “socialismo europeu” nunca conseguiu produzir menos devastação social e económica que o capitalismo mais feroz nos países que forneceram a matéria-prima para o progresso.

Não só. O movimento dos trabalhadores já fez a prova até à exaustão de partidos que vivem apenas de conjunturas eleitorais e de campanhas ocasionais, que não estabelecem raízes, solidariedades e responsabilidades duradouras na Classe Trabalhadora e que se socorrem de atalhos políticos que variam do populismo ao aventureirismo. As fundações ideologicamente fragilizadas destas organizações tornaram-nas presas fáceis do oportunismo e do carreirismo. Atrás de si ficaram mais desalento e desmobilização.

Não há remédios milagrosos para construir uma organização democrática e de combate de trabalhadores. O funcionamento democrático, o Direito de Tendência que permite às minorias corrigir os erros das maiorias, a responsabilização dos eleitos pelo programa político que os tornou mais responsáveis que os demais, e ainda o debate político resultante do tempero das ideias pela prática são anti-infecciosos indispensáveis. Sem esquecer as vitaminas: a necessidade que pretendemos genética de ir actualizando o nosso programa político e de ter os olhos abertos aos resultados do “génio humano”. Para cumprirmos melhor o nosso Compromisso.

III - O Compromisso do Socialismo deve manter-se.

Trata-se aqui de lembrar o compromisso clássico do Socialismo com os Produtores.
Os socialistas demarcam-se dos demais porque têm uma perspectiva diferente da história. Mesmo aqueles que dentre nós não acreditam que “o motor da história é a Luta de Classes” não conseguirão retorquir à ideia de que tem sido a luta contra as opressões Económica, de Género, Ambiental, Sexual e Étnica que nos trouxe a um patamar mínimo de direitos. E que a Classe Trabalhadora, mesmo que parte dela estivesse arreigada de preconceitos religiosos e culturais, teve sempre um papel determinante nestes avanços civilizacionais. Definitivamente, não foi qualquer ”mão invisível” nem a filantropia dos poderosos que nos trouxe até aqui.
Todas as concessões sociais de que usufruímos foram arrancadas a ferros, foram “concessões” impostas aos poderosos por conjunturas políticas e revolucionárias favoráveis aos trabalhadores. A perda generalizada das conquistas sociais revela que elas nunca se tornaram patrimónios civilizacionais no quadro do capitalismo. O quotidiano da nossa “refundação” faz-se numa época em que “eles” se vingam, em que já não precisam do escudo “social” europeu para fazerem frente à “ameaça vermelha”.

Vivemos tempos duros, o capitalismo tornado sistema global está em permanente ofensiva contra todos e quaisquer direitos. Não o faz por maldade mas pela necessidade imensa de acumular, porque é a acumulação que lhe garante a sobrevivência.
A Classe Trabalhadora está a sofrer por todo o mundo ocidental um retrocesso nas suas conquistas: milhões de operários e trabalhadores são empurrados para o desemprego, a nova geração não conhece mais que a insegurança da precariedade, há cada vez mais relações de trabalho que conviveriam bem com os “contratos de trabalho” do início da industrialização.

Os socialistas têm a obrigação de dizer a verdade aos trabalhadores:
A desregulamentação completa das relações de trabalho em vigor não se faz apenas por razões económicas, faz-se sobretudo por razões políticas!
- Não é no “exército de reserva de desempregados” que pensam os capitalistas quando fabricam leis que semeiam o terror nas empresas, fazem-no com o intuito declarado de quebrar a importância política dos trabalhadores e das suas organizações de classe na sociedade!

IV - A responsabilidade do Bloco de Esquerda perante os trabalhadores.

É correcto que perante a nova realidade o Bloco de Esquerda dê particular atenção à luta pela vida dos trabalhadores precários, contratados, eventuais, emigrantes e desempregados – todos estamos de acordo com este princípio.
Estaremos quase todos de acordo também que os aderentes do Bloco devem exigir nos sindicatos onde intervém uma política para toda a classe e não apenas para os que ainda são efectivos.
O mesmo não se poderá dizer de que, para fazer vingar estas ideias no movimento sindical (não só na CGTP - mas também na UGT e nos independentes!), os activistas do Bloco de Esquerda devem coordenar-se, discutir e estabelecer princípios conjuntos de intervenção.
A esta atitude, caros camaradas, chama-se operar como Tendência Organizada. A isto chama-se também assumir a responsabilidade de defender o programa que perspectivamos perante os trabalhadores!

V- O Bloco de Esquerda, uma trincheira dos trabalhadores.

É por isso necessário uma acção estruturada no movimento sindical que não deixe dissolver os activistas do bloco nas burocracias sindicais de diversos matizes. O debate sobre como o fazer é importante para a definição futura do bloco como organização enraizada no seio da Classe Trabalhadora.
Para os socialistas não há maus burocratas (os da CGTP, da UGT ou de sindicatos independentes) e os bons burocratas, os que alinham com o Bloco.

Esta tendência não deve ser uma “tendência de partido”, o gueto laboral do Bloco:
deve ser um grupo solidário de trabalhadores que por empresa e ramo de actividade debatem com e pretendem organizar de forma democrática mais trabalhadores que aqueles que o Bloco representa; que organiza listas para Comissões de Trabalhadores reclamando o seu funcionamento democrático e combativo; que está ligado em rede e informado sobre as lutas que se travam difundindo-as e fazendo de cada uma delas uma nova oportunidade de aprendizagem; que, desafiando localmente o poder dos media globais, pretende renovar na classe a solidariedade com as lutas e com todas as causas mesmo as “estranhas” ao movimento sindical.
É através desta atitude que renovamos o compromisso socialista do passado, que demonstramos à Classe Trabalhadora que o Bloco se fez para ser um instrumento útil para a organização combativa dos trabalhadores.
E demarcamo-nos em relação aos demais: O partido é o instrumento, não a Classe!
Afinal de contas, são os “meios” que falam pelos “fins”.

José Tavares da Silva/Setúbal

10.5.07

Timor: o golpe resultou.

Tudo leva a crer que o golpe contra a presidência da Fretilin resultou. Ramos Horta conseguiu levar finalmente a água (o petróleo?) ao seu moinho. Com o apoio institucional da igreja timorense e dos candidatos anti-Fretilin, o apoiante desde a primeira hora da invasão bushista do Iraque será o novo presidente da república de Timor Leste. Na Austrália, em Camberra, esfregam-se as mãos de contentamento: o saque dos recursos petrolíferos de Timor vai continuar. Mas também há quem denuncie o golpe.

Nick Beams, redactor do World Socialist Website e membro da direcção nacional do australiano Socialist Equality Party:

"Se alguém acreditasse na versão oficial, a entrada das tropas da Austrália em Timor Leste dever-se-ia aos mais nobres motivos. Estão ali simplesmente para restaurar a paz e a estabilidade após o colapso da autoridade do governo. Mas esta ficção política foi desmascarada pelos acontecimentos de Junho, pela luta pelo poder que iniciou a crise e que a trouxe à superfície. O objectivo da intervenção do governo de Howard é produzir uma “mudança de regime” substituindo o governo do primeiro-ministro Mari Alkatiri por uma administração mais em consonância com os interesses australianos." Ler o resto do artigo (ligação para a revista brasileira Palavra Latina)

Camelos a pretenderem passar pelo buraco da agulha.

Em Timor, o candidato presidencial Ramos Horta faz comícios onde distribui fotografias em que aparece a o lado do Papa. Vota vestido com uma t-shirt com uma imagem de Jesus Cristo.

No Brasil, o Papa de visita oportunamente oficial fala da "defesa da vida desde a concepção até ao declínio" perante as barbas presidenciais de Lula que foi eleito com o compromisso de resolver o problema do aborto clandestino.

Um e outro adoram a ideia de uma "religião oficial". A sua.
No Irão também há quem.

6.5.07

Jardim vence o referendo.

As eleições regionais da Madeira tiveram o desfecho esperado por Alberto João Jardim e por José Sócrates.
Jardim conseguiu convencer o eleitorado de que o "continente" estava a retirar dinheiro ao arquipélago, apostou na vitimização e ganhou. Já se esperava: com a comunicação social madeirense perfeitamente domesticada e o jornalismo continental preocupado com fait-divers não lhe foi difícil vender a ideia.
E como por aqueles lados questionar de onde vem e para onde vai o dinheiro também não é um hábito, valeu tudo. Até uma campanha feita com a "farda" de presidente do governo regional a inaugurar tudo o que pudesse ser inaugurado - mesmo obras do governo central.

Parece que à maioria do eleitorado da Madeira não interessa saber quem paga as facturas da orgia despesista que tem engordado os caciques locais do PSD.
Parece que desde que lhes caiam uma migalhas em cima da mesa e, sei lá, que haja mais um reforço para o Marítimo da próxima época...
Quando é verdade que os indicadores sociais não abonam a favor da qualidade do seu voto.

De qualquer forma, como dizem alguns pouco exigentes para quem basta uma urna para haver democracia, "é a sua decisão e deve ser respeitada". Como a de um jogo decidido por uma grande penalidade inventada pelo árbitro, diz-se por aqui.

José Sócrates, por seu turno, nem apareceu nas ilhas para dar ânimo aos seus correlegionários. Como secretário-geral do PS desertou ao fugir de defender a sua Lei das Finanças Regionais.

Um aparte gráfico:

"I'm with stupid" estaria hoje à noite António José Teixeira a pensar
perante os argumentos imbecis do inqualificável Luís Delgado
apoiante-mor de tudo o que não tem classificação.

Post Scriptum: Para além da descida vertiginosa do PS, outro dado destas eleições regionais é a derrota do PP de Paulo Portas que viu o seu partido ser ultrapassado pelo PCP que se tornou o terceiro partido regional - apesar de manter o número de deputados.

O Bloco de Esquerda madeirense, que descende de uma corrente com tradições de luta na Madeira e que já teve mais importância eleitoral que o PCP local, tem um mau resultado. Apostou em conseguir mais um deputado para fazer “um grupo parlamentar” e acaba por descer a sua votação.

A novidade foi constituída pelos PND e MPT: até agora sem representação parlamentar, estes partidos elegem um deputado cada. A comunicação social afirma que foi por conta do "prestígio" dos cabeças de lista.

5.5.07

Quando David derrotou Golias.

30 de Abril de 1975.
Foi há 32 anos que o imperialismo norte-americano
foi derrotado no Vietname.
Memória de uma outra guerra
contra a qual se mobilizou a opinião pública mundial
e de um povo em armas que conquistou
a sua independência.
Fotos da guerra e cartazes vietnamitas:

2.5.07

Uma espécie de conversa sobre credibilidade.

Um comentário colocado no Portugal Diário a propósito da forma como este "digital" tratou o 1º de Maio

À Redacção do Portugal Diário:


Noam Chomsky, o célebre linguista norte-americano que durante muito tempo foi uma voz solitária nos EUA a chamar a atenção para o que se passava em Timor-leste debaixo da ocupação Indonésia, fez num célebre documentário a comparação da quantidade de informação produzida pela imprensa norte-americana sobre Timor com aquela feita sobre outros locais para onde era mais conveniente chamar a atenção por parte da administração estadunidense. Nessa comparação chegou a conclusões pouco lisonjeiras sobre os órgãos de comunicação social da pátria de Pulitzer: bastou-lhe para tanto e literalmente desenrolar pelo chão rolos de papel com o que a imprensa havia produzido e comparar. O resultado foi esmagador: o muro de silêncio à volta de Timor.

Por que me lembrei disto? Sem mais delongas:

A propósito das vossas três entradas sobre o 1º de Maio em Portugal, comparemos:

UGT demarcou-se da greve geral”, 215 palavras, 114 caracteres;

CGTP apela à participação na greve geral”, 413 palavras, 2155 caracteres;

PNR marcha contra o capitalismo”, 506 palavras, 2756 caracteres.

Conforme se pode ver, há uma grande disparidade entre a importância das reuniões populares realizadas em Lisboa e o espaço que decidistes dedicar-lhes. Até parece que para a Redacção do Diário Digital a reunião mais importante foi aquela dos “nacionalistas”.

A reunião que segundo a televisão teve a presença de “200 nacionalistas” - curiosamente o número que os organizadores previam antecipadamente nas notícias que deram conta do “evento” - acaba por ter uma cobertura que até deu direito a vox populi e tudo…

Podeis contestar que “a notícia estava” do lado da manifestação fascista, porque “é inaudita” (não seria verdade, mas enfim), e que os outros milhares de pessoas do outro lado “já não são notícia”… Não tendes a mínima curiosidade de, por exemplo, comparar o número de pessoas presentes com o do ano passado, e de meter a convocação de uma “Greve Geral” pelo meio?

E não é que há mesma hora havia outra manifestação em Alvalade, o May Day”, que até tinha a ver com a condição, presumo, da maioria dos vossos camaradas de profissão, e que até tinha mais gente que os “nacionalistas”?

Ainda a propósito dos “nacionalistas”: precisais de um dicionário de alemão para saberdes o que quer dizer o “nazionale-sozialisten” dos cartazes que a TV tão diligentemente mostrou – também mais que o May Day, que parece que era a primeira vez que se fazia em Portugal. Sim, “nacional-socialistas”, diminutivo: NAZIS!

Que fique claro, não venho contestar o direito de poderdes escrever o que quiserdes sobre o que vos der na gana. É só para saberdes que aquilo que publicais a partir do que quereis ver e que se veja também tem quem o veja.