29.7.10

Como matar uma contestação popular!

Retirado de http://www.helmerfonseca.com/h/3/index3.html (clica na imagem para aumentar)

Em poucas palavras, o designer explica de que forma se amputou e diminuiu o movimento popular em torno da luta contra a co-incineração na cimenteira da S€CIL na Arrábida.
Algumas questões assaltam-me na leitura deste "caso de estudo" como é chamado no site do designer:
Onde andam alguns dos agentes culturais da cidade que estavam tão activos no início desta luta?
E políticos?
Será de estranhar o facto de a S€CIL ser o maior mecenas cultural da cidade?
Será que a cultura na cidade de Setúbal estará refém de agentes externos?
Voltarei a escrever mais sobre este assunto entretanto deixo-vos com a noticia de hoje n' O Setubalense.
http://www.osetubalense.pt/noticia.asp?idEdicao=517&id=17631&idSeccao=3884&Action=noticia

E se fossem golfinhos?



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28.7.10

Parlamento catalão proíbe touradas. CDS e CDU de Setúbal recomendam-nas.

O parlamento regional da Catalunha decidiu proibir as touradas naquela região autónoma a partir de 2012 (link para o "Jornal de Notícias").
Em Setúbal faz-se o que se pode (link para "O Setubalense").

Sobre touradas, parece que há em Portugal uma "frente popular" em defesa da "tradição" que vai do CDS (que vai comemorar o seu aniversário com uma tourada no Campo Pequeno) à CDU de Setúbal (que aceitou financiar uma tourada num município sem tradição tauromáquica).

Deixemos as touradas do CDS. Nada de novo.
Importa-me Setúbal, porque a cidade tem azar, porque lhe estão sempre a inventar novas tradições enquanto permitem que a sua memória se vá perdendo debaixo dos alicerces de urbanizações, nos areais roubados e nos museus eternamente fechados. Com uma praça de touros encerrada há anos e sem que quase ninguém ligue a isso, à excepção dos que se preocupam com o património arquitectónico, decide-se alugar uma praça desmontável para o espectáculo. Procuram inventar mais uma "tradição".

Outra "tradição", a das Marchas Populares de Setúbal.
Em 1936, o Estado Salazarista tentou criar em Setúbal o movimento das marchas populares que iniciara com sucesso em Lisboa, em 1932. Para tal, ofereceu dinheiro a algumas colectividades setubalenses para iniciarem a "tradição", a coisa ainda se fez nesse ano mas acabou por não pegar. Ao longo de décadas poucos se lembraram da música de caixa e do vestuário estereotipado, preferiam-se os bailaricos e a sardinha assada, esta bem setubalense.
Em 1988 a cabeça da vereadora da "cultura" Paula Costa (PS) iluminou-se com a descoberta de dessa "tradição" perdida. Algumas colectividades alinharam, caíram subsídios "à cultura"... e "pimba!" foi reposta uma "tradição" que entre batatada e outras cenas menos edificantes lá vai (sobre)vivendo. No entretanto, o Festival de Teatro de Setúbal, e outras iniciativas populares que vinham ganhando raízes na vida cultural da cidade, definhavam pela falta de apoios. Em casa onde não há pão o circo tem de ser rasca, não vá o estômago ressentir-se.

Foi o final de uma década em que Setúbal vira muita gente ser vítima do desemprego. E depois, caramba, até parece que a suburbanização de Setúbal a tornou uma espécie de imane para os produtores do mau gosto e fabricantes de tradições. Colocam a cidade ridícula e repetidamente no lugar do estudante "poucachinho" que acha que "espírito académico" é macaquear a tradição das capas negras de Coimbra e candidatar-se a um coma alcoólico.

A tourada, outra vez, no Século XXI e por mão insuspeita.
Perante isto, que não desanimem os de Esquerda cuja sensibilidade é contra as touradas e não fiquem desorientados os aficionados de Direita com o improvável apoio à ganadaria. E vice-versa.
Marx explica: "o Génio Humano não tem Classe". Dúvidas? Levemos a citação às últimas consequências: A Estupidez Humana também não. Olé!

Para além de Marx.
Quem é "pelas pessoas" e desculpabiliza com a "tradição" os maus tratos aos animais, a alienação, que relativiza o sofrimento desnecessário e permite que se faça espectáculo do que se devia ter vergonha, tem falta de sensibilidade. Esquerda manca.
Para contrabalançar, a falta de credibilidade do "amor aos bichinhos" quando proclamado por pessoas que manifestam o seu desprezo em relação aos seres humanos social e etnicamente mais desprotegidos, os que adoram golfinhos e as suas cabriolices mas que se lhes dissermos que lhes estão a acabar com o habitat... enfadam, "é política".

“O grau de civilização de uma sociedade pode ser medido pela forma como trata os seus animais”, disse Ghandi. "Os touros são para tourear, caso contrário desapareciam". Espera aí! O que apareceu primeiro, o touro ou a tourada? Eis uma pergunta que deve ser feita em todo o lado, no Campo Pequeno, em Setúbal... ou em Salvaterra de Magos - lembrei-me da localidade ribatejana para afugentar os fantasmas.

De Ghandi, outra, também interessante, é acerca do Cristianismo. Vou citá-la sem qualquer intuito religioso: "Eu seria Cristão se os cristãos o fossem 24 horas por dia."

Extrapolem.
Vai haver uma manif em Setúbal no dia da tourada.

9.7.10

A face da vergonha.

André Martins Vereador d'os Verdes em Setúbal








Partido Ecologista Os Verdes

Moção Sectorial 10.ª Convenção Nacional Ecológica

Documento 27 – 05 – 2006

Lisboa, 27 de Maio de 2006

(…) Touradas

Todos os mamíferos experimentam ansiedade, medo, raiva, são atingidos pela dor e detestam de maneira semelhante o sofrimento que esta provoca, quer se trate do Homem, do cavalo ou do touro. Qualquer pessoa com alguma informação e compreensão reconhecerá, visto que, certamente, detesta a sua própria dor e sofrimento, que aquilo que os protagonistas centrais de cada tourada, o touro e o cavalo, têm de suportar na lide, é uma tortura. (…)

Os delegados à 10.ª Convenção Nacional Ecológica deliberam:

- Intervir, sempre que se possa, para impedir que os direitos dos animais sejam violados;

- Manifestar desagrado por espectáculos de animais, quando se reconhecem as suas más condições de tratamento, sejam estes em circos, touradas, lutas entre animais e não assistir a estes verdadeiros actos de tortura; (…)

Reforçado pela “Moção Bem-estar animal” de 25 – 5 – 2006.

In http://www.osverdes.pt/ Pesquisa – Touradas

Vergonha, Partido Ecologista paga corrida de Touros em Setúbal.



p'la Plataforma de Acção pela Ética Animal em Setúbal – ÉS Animal


Foi apresentada, em sessão de câmara, uma moção, que defendia o cancelamento da corrida de touros prevista para a Feira de Santiago. Esta foi exposta, a nosso pedido, pelo vereador independente, eleito pelo PSD e contou com o apoio do PS. Contava com os votos contra do PCP. Era expectável, de igual modo, o apoio do Partido Ecologista os Verdes, uma vez que o seu vereador e dirigente nacional aprovou a documentação interna do seu próprio partido, que o obriga a ser sempre e em qualquer circunstância anti-touradas. Para nosso espanto e tristeza, André Martins, vereador do Urbanismo, manifestou que iria votar favoravelmente à tourada, contrariando as promessas feitas aos militantes e simpatizantes de os Verdes. Assim, com quatro votos contra e quatro a favor, exerceu a Presidente do Município voto de qualidade para fazer aprovar a sua tourada. As questões colocadas permanecem sem resposta. Ainda ninguém explicou o porquê da tourada ser paga com dinheiros públicos, o porquê da contratação de uma praça de touros desmontável com historial de acidentes e quem, de facto, ganha com isso. Conscientes do poder que os empresários tauromáquicos detêm, era de prever que a sua influência se fizesse sentir ao nível autárquico, mas há uma tal intransigência neste executivo em relação a este assunto, que leva até com que um dirigente nacional de um partido ecologista vote a favor das touradas, amordaçado a interesses difíceis e descortinar. A verba paga pela autarquia corresponde a mais do dobro do pagamento habitual desta mesma praça de touros. Há muito por explicar. A És Animal continuará o papel que tem vindo a ter, de sensibilização e acção em prol da defesa dos direitos dos animais, estando totalmente disponível para procurar esclarecer quaisquer questões que surjam em sequência desta sua acção. Em virtude do que se passou, a ES Animal irá avançar com um protesto no dia e no local da tourada estando a ser equacionadas ainda outras formas de luta.


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3.7.10

Uma causa justa!

Intervenção da Plataforma Anti-tourada na Assembleia Municipal de Setúbal a 30 de Junho, às 21:30h.


Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Municipal,
Excelentíssima Mesa da Assembleia,
Excelentíssimos Senhores Membros do Executivo,
Excelentíssimos Senhores Deputados de todas as forças partidárias com assento nesta Assembleia,
Boa noite.

Estou aqui hoje na qualidade de porta-voz da Plataforma de Acção pela Ética Animal em Setúbal, que se não é ainda conhecida por Vossas Excelências, sê-lo-á futuramente pela sua abreviatura, ES Animal. Trata-se de uma plataforma de vários cidadãos e instituições que visam combates específicos em prol da defesa dos direitos dos animais. Em Setúbal, infelizmente, ela é muito necessária.

Poderíamos falar das condições aviltantes do canil municipal, do perigo para a saúde pública da inexistência de controlo das espécies que vivem em ambiente urbano, da morte anunciada dos golfinhos do Sado – imagem de marca desta cidade, mas hoje, trazemos especificamente o nosso total rejeição pela anunciada tourada promovida por esta autarquia, na próxima Feira de Santiago.

A aceitação de actos de barbárie e tortura a animais num espectáculo público é condenável, mas a sua promoção, ainda mais com dinheiros públicos é, do nosso ponto de vista, repugnante. Recusamos este infame patrocínio, anunciado pela Comunicação Social local, pedindo a Vossas Excelências que, pelas razões que já de seguida enumeraremos, se pronunciem e alterem essa decisão. Assim:

  • Setúbal é um Concelho cuja identidade histórica é marítima e comercial, não tendo, consequentemente, a cultura da ganadaria, que é rural. Pôr a Moita, o Montijo e Alcochete ao nível de Setúbal é diminuir esta cidade. Houve somente uma tourada em todo o Século XVIII. A Praça existente, construída por António José Baptista, foi paga pelo autarca reaccionário mais populista que Setúbal teve em toda a Monarquia, com o objectivo de adormecer os movimentos republicano, socialista e anarco-sindicalista de Setúbal. Essa atitude pautou-se pelo insucesso! Setúbal não tem tradição de touradas!

  • A promoção cultural que Setúbal necessita passa, do nosso ponto de vista, pela reabertura do Fórum Luísa Todi, pela reabertura do Convento de Jesus, por um Charlot condigno, por uma Biblioteca decente, por uma fortaleza de S. Filipe sem risco de derrocada, por uma mobilização de boas vontades em defesa dos nossos clubes desportivos, pelo apoio às instituições e movimentos culturais da cidade, principalmente com os quais os cidadãos se identificam. Do nosso ponto de vista, as verbas desse patrocínio, que é pago com o dinheiros dos munícipes de Setúbal, devem ser canalizadas para outros eventos. Esta tourada não promove crescimento, só a morte!

  • A promoção turística que Setúbal precisa passa, do nosso ponto de vista, pelo correcto funcionamento do triângulo mágico constituído pela Arrábida, Estuário do Sado e Tróia, tendo como ponto central um Centro Histórico aberto e dinâmico, com monumentos visitáveis e criação artística que alimente o potencial de agrado que Setúbal possui. Não acreditamos que o pagamento público desta tourada nos traga mais turistas. Esta tourada não promove riqueza, só o sangue!

  • A razão que levou ao encerramento da “Carlos Relvas” foi a falta de segurança. Porém, não se inibe este Executivo de pagar uma Praça desmontável, onde já há um historial de acidentes com crianças. Mesmo que esses acidentes não se tenham revestido de grande gravidade, a verdade é que existiram. No contexto da Feira de Santiago, tal poderá vir a revelar-se explosivo! Em nome das nossas crianças, as quais vão ser confrontadas com violência, pedimos que em prol da sua segurança, não se faça a tourada!

  • Na coligação que compõe este Executivo existe um partido ecologista. Onde está?
    Gostaríamos que esclarecesse a sua posição sobre este assunto, à luz dos nobres princípios éticos que sempre os caracterizaram.

A cultura da violência não é a que queremos para esta cidade. Temos sérias responsabilidades no exemplo e no legado que damos às gerações futuras.

Caríssimas e distintíssimas senhoras deputadas, caríssimos e distintíssimos senhores deputados, honram-nos com o facto de nos ouvirem. Pedimos agora que nos honrem, cidadãos, com o vosso bom senso, com o vosso humanismo e com a vossa sábia decisão.

Obrigado.

Assina:

ÉS ANIMAL – Plataforma de Acção pela Ética Animal em Setúbal