A questão da possível necessidade de “dissolver a câmara de Setúbal”, inscrita a fogo no embrulho dos jornais e dos telejornais, foi rapidamente substituída pela onda de indignação pela substituição do primeiro pela terceira da lista dos candidatos da CDU às últimas eleições para o cadeirão da Praça do Bocage. Uma cólera motivada pelo facto do vereador dos Verdes, André Martins, se ver ultrapassado por uma decisão unilateral do PCP sem que a coligação CDU, pelo que se saiba, tenha reunido “ao mais alto nível” para decidir...
Só posso estar a reinar? Estou.
Enfim, ficámos a saber que a vereadora da Cultura, Maria das Dores Meira, assegurará o leme da cidade à beira-Sado nascida. Posso assegurar desde já que, depois destes anos todos (e de Toy, muito Toy!) ninguém dará pela falta da vereadora da cultura - o que lhe deixará a agenda vazia para se dedicar de corpo e alma ao que tem pela frente.
E foi já hoje que a senhora teve a oportunidade de demonstrar que está com os setubalenses, pelo menos com aqueles que embarcaram na esquadra de barcos de regalo (é assim que os setubalenses chamam as embarcações de recreio) e motos de água que buzinaram Rio Sado afora protestando contra a proibição da passagem ou ancoragem a menos de 450 metros da costa da Arrábida, no troço entre a Praia da Figueirinha e o Portinho da Arrábida.
Teria sido uma óptima oportunidade para a nova presidente consultar o seu vereador do ambiente. Se ele fosse mesmo “verde” dir-lhe-ia que a decisão de impedir a pesca e o trânsito na zona é absolutamente correcta:
- Quem conhece o fundo do rio da zona sabe que ele está completamente rapado por hordas consecutivas de arrastos e mergulhos ilegais (que a ameijoa, o ligueirão, o berbigão e o pé-de-burro estão a desaparecer);
- Que o que devia ser um porto de abrigo, o Portinho da Arrábida, está transformado num embarcadouro permanente de embarcações de recreio e que o seu fundo outrora rico em peixe - porque tinha vegetação – não passa de um areal cada vez maior;
- Quem frequenta as praias da autoestrada aquática agora proibida, como as praias de Galapos, Galapinhos, dos Coelhos e o Creiro, sabe perfeitamente que no Verão e aos fins-de-semana é quase impossível nadar em segurança na zona, tal é o movimento doido de motos de água, tal é a arrogância daqueles que fazem estadia a poucos metros do início do areal como se as praias fossem só suas, e sabe também que já houve acidentes.
O pivete a gasolina, o barulho a avenida em hora-de-ponta não tem nada a ver com aquilo que se procura num Parque Natural.
Apoiar os totós das motos de água é o mesmo que suportar os grunhos dos jipes que atiram para fora dos trilhos da Arrábida quem se passeia de bicicleta. Uns e outros não conseguem ver a natureza sem a banda sonora dos motores a roncar.
Reservem-lhes um canal no rio e um pedaço da areia de Tróia para o seu exibicionismo.
Deixem os outros em Paz!
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