29.1.07

A propósito bem sei do quê

Uma das características da nova realidade comunicacional do século XXI é a de que a informação já não é só produzida pelos "especialistas" dos media convencionais, vulgo jornalistas. A Internet veio democratizar a produção de informação e opinião. Os sites primeiro, depois os blogs, vieram trazer concorrência aos produtores do costume.

Esta realidade trouxe vantagens e ameaças: vantagens, porque existe a possibilidade de se contrariar as "versões oficiais" e os trabalhos "jornalísticos" encomendados pelos serviços de propaganda dos governos (lembram-se como as nossas "sérias" TV nos venderam a mentira da guerra no Iraque e o "antrax"?); ameaças, porque a natureza do suporte permite que a mentira passe sem o filtro de um qualquer controlo de deontologia.

Bem... mas como a preocupação com a deontologia é coisa que cada vez preocupa menos os produtores de informação encartados, fico-me por esta: como a mentira pode surgir de qualquer lado, oficial ou alternativo, o melhor é não enfiar qualquer tipo de carapuço, e procurar.

Procurar, sim, não consumir informação. É esta a grande diferença imposta pela Internet.
E muito espírito crítico a acompanhar os dedos.
Como diziam alguns cartazes dos estudantes do Maio de 68 francês: "a polícia fala-vos todos os dias às vinte horas". Em Portugal, agora, são os bispos que tomaram o seu lugar.