30.6.09

A propósito do "Prós & Contras" de ontem...

Dificuldade de governar

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?"

Bertold Brecht

29.6.09

"Quando a Tróia Era do Povo" chega à 4ª Edição.

Imperdoável ainda não ter falado aqui no sítio deste livro assinado por um Colectivo do 9º Ano da Escola Secundária D. João II, de Setúbal!

Um pequeno livro cujo sucesso já "obrigou" os autores, professores e alunos da secundária D. João II, a fazerem quatro edições para dar resposta aos pedidos das livrarias de Setúbal.
O livro custa cinco euros e corresponde a um trabalho baseado em entrevistas feitas pelos alunos a várias gerações de setubalenses. Para ilustrar, um conjunto de fotografias cedidas por particulares e pelo arquivo fotográfico municipal com origem na objectiva de um homem, Américo Ribeiro, a quem Setúbal muito deve devido ao inestimável espólio fotográfico que deixou à cidade.

Qual a razão do sucesso deste pequeno livro? A nostalgia dos verões da meninice passados a brincar na areia fina e nas águas de Tróia? Em parte, já que a memória não pertence a tão poucos assim: "a Tróia" tinha areia que chegasse para as gentes de todas as condições.

Apesar da Soltróia e dos erros urbanísticos aí ocorridos, Tróia tinha produtos para várias carteiras e um parque de campismo, tinha gente de todas as classes. Depois chegou a degradação da parte turística, a construção de condomínios de segunda habitação, os campos de golfe nas zonas dunares, mas também havia um festival de cinema, o Festroia, e muitos turistas, que iam dos nacionais de outras paragens aos operários metalúrgicos da Volvo da Suécia. Os barcos, o ferry-boat e o "convencional", este uma espécie de "cacilheiro", enchiam-se de gente. Havia gente em Tróia.

Além disso, a Praia de Figueirinha e as outras do outro lado do Rio Sado, na Arrábida de águas mais frias, ficavam mais longe num país que ainda não se tinha enfiado dentro dos automóveis. O bilhete de barco para Tróia era mais barato e o transporte mais rápido. Tróia era, conforme diz o título do livro, "a praia do povo".

Foto de Américo Ribeiro, datada de 1957 e integrante do livro.
O cais foi até há pouco tempo o local de desembarque dos veraneantes.
A praia ao lado, a mais popular entre os mais idosos e as crianças,
por causa da "força do ar da costa", foi destruída pela marina
e
por edifícios a poucos metros da linha de água.
(clicar na imagem para aumentar)


Entretanto, ao mau funcionamento da Soltróia juntou-se o abandono propositado e a degradação dos equipamentos, piscinas, etc. Pelo caminho, o parque de campismo foi fechado devido à "falta de condições".

Depois, a receita do costume: entregar ao desbarato um recurso de todos aos interesses privados sob a promessa da "modernização". Mais um PIN, Projecto de Interesse Nacional.

No caso, Tróia foi servida de bandeja ao paradigma nacional dos negócios de lucro fácil e do capital intensivo, Belmiro de Azevedo. Pelo meio, a perspectiva de um Casino a fazer brilhar de cobiça os olhos do um autarca de Grândola a sonhar com o dinheiro que lhe permitirá acrescentar "obra" àquela que tem deixado implantar nas zonas dunares e agrícolas ao longo da costa alentejana... O facto de Tróia pertencer ao Concelho de Grândola não foi a única justificação para que o "Debate Público" sobre o projecto fosse agendado para Grândola, para bem longe daqueles que historicamente usaram as suas praias.

A campanha de publicidade ao empreendimento começou com anúncios de modernização, promessas de "turismo de qualidade" e muitos postos de trabalho - dez mil, faziam noticiar na imprensa. O facto do projecto turístico não contemplar um parque de campismo moderno era apenas gato escondido com rabo de fora... Não se aceitava que se dissesse que se corria o risco dos setubalenses algum dia ficarem arredados de uma zona que contribuiu para o nascimento da Cidade de Setúbal desde antes dos tempos da romanização.

Perante o fogo de artifício mediático e o silêncio cúmplice dos jornais "de referência" que obedecem à mesma voz do dono das construções, e a falta de espírito crítico de um município setubalense colaborante que só há pouco e com eleições municipais à porta se preocupou com a situação, a cidade ficou na expectativa e até se dividiu perante o empreendimento. Mesmo assim, ainda antes do espectáculo da implosão dos edifícios, já o extraparlamentar PSR fazia chegar aos deputados milhares de assinaturas a contestar a usurpação, no que terá sido, porventura, o abaixo-assinado mais fácil de recolher na história de Setúbal.

A um Estado incompetente em gerir um recurso natural e histórico de valor inestimável, juntou-se a oportunidade do negócio exclusivo. Com a desculpa do turismo, a construção maciça de segunda habitação para rico desfrutar. E o autarca "socialista" de Grândola a sonhar com o dinheiro das licenças de construção e do imposto autárquico...

José Sócrates, também "socialista" rendido aos valores da especulação imobiliária, o mesmo que patrocinou a co-incineração do outro lado do rio no meio das crateras da cimenteira Secil (convenientemente tapada digitalmente nos primeiros vídeos de apresentação do empreendimento), lá foi fingir a ignição da implosão das duas torres que teriam ficado mal construídas desde os tempos da Soltróia.

Vista do Sado a partir do Bairro do Casal das Figueiras

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Hoje, os velhos ferrieboats a preto e branco da Transado, que transportavam pessoas e automóveis para o outro lado do rio, foram substituídos por outros de uma toda modernaça cor verde-alface... de estufa. Não foi só a cor das embarcações que foi alterada, o trajecto também, que passou a ser mais longo e feito para o interior do rio, para um antigo embarcadouro dos fuzileiros e pelo meio da rota de alimentação dos famosos golfinhos de Setúbal - de facto, roazes corvineiros, uma comunidade em declínio acelerado e já considerada em extinção pelos biólogos marítimos.

Para colmatar a distância do cais às praias da costa, a empresa de Belmiro colocou autocarros para levar as pessoas do cais dos ferrieboats para a costa. E fez cair sobre os "clientes" a duplicação do tempo de viagem e sobretudo o preço de acesso às praias. As embarcações que transportavam exclusivamente pessoas estão paradas no estaleiro, anunciaram-se novos hovercraft para os substituir mas estes ainda não apareceram - hovercraft, já os ouve no Rio Sado, mas desapareceram: dentre outras razões, o preço era tão proibitivo que os "convencionais" mantiveram a preferência dos setubalenses.

Quem pretender fazer o caminho a pé ao longo da costa terá à sua frente vedações e seguranças que o demoverão de passar na "propriedade privada". Uma repetição do abusivo impedimento da passagem pelo meio das urbanizações construídas em redor dos antigos caminhos de acesso às praias, iato num país que escreveu na Constituição que a orla marítima é de Direito Público e que não reconhece a existência de praias privadas... A desculpa: “os abusos” de alguns . A velha desculpa dos gestores incapazes de defenderem o Bem Público, e de quem encontra aí o argumento-chave para convencer os idiotas úteis quando é necessário acabar com o que é de Todos e de Todas.

Tróia vista do cima da Arrábida

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Uma volta pelo cimo da Arrábida em dias de calor diz tudo acerca das consequências do que já foi feito: As praias da Arrábida plenas de pessoas e as areias divididas da serra por um cordão anárquico de automóveis. E a Tróia tão perto e tão longe, vazia de gente e cada vez mais cheia de vivendas... O Troia Resort - como não podia deixar de ser, em língua de "camone" -, um enorme embuste.

savesave

23.6.09

A propósito do Irão

Comentário inserido no "Arrastão":

"O que demonstra que não basta haver eleições para existir Democracia.
Não acredito nos dirigentes iranianos, mesmo que sufragados por eleições com a chancela democrática ocidental, dos mesmos países que se viraram contra a ditadura iraquiana fazendo recurso à mentira.
"Não há almoços grátis", democracia muito menos.
A democracia é o "poder do povo" ou não é democracia. Não o poder de persuasão dos media, como em Itália. Falamos de democracia em Itália, e já agora na Madeira?
Mesmo que que os resultados fossem "justos", apoiaria a luta dos jovens "desordeiros" iranianos que se querem libertar do Estado teocrático, assim como apoiei os jovens "desordeiros" gregos contra a violência policial e o Estado que os condena ao desemprego e ao ensino mercantilizado.
Pois, a Revolução só foi gira em 1968, com muito "flower power" e "rock & roll". Revoluções destas põe o capitalismo à venda nos hipermercados.

É por isso que há uma revolução nas ruas e nos campos da América Latina e só conseguem distinguir no meio do turbilhão as patacoadas populistas do Hugo Chávez.
Já não é a Revolução, os revolucionários, acidentais ou não, também já não são o que eram..."

Portugal disposto a aceitar caça costeira à baleia

Passou sem grande estardalhaço na imprensa:
"Portugal admite o regresso de alguma caça à baleia a nível internacional, em troca de mais medidas de conservação para os grandes cetáceos. Aproximar as posições pró e contra a caça à baleia é a postura que o país está a manter na reunião anual da Comissão Baleeira Internacional (CBI), que começou hoje no Funchal, Madeira." (link para o "Público")

A caça comercial à baleia está sujeita a uma moratória, em vigor desde 1986. Mas o governo japonês contornou o "comercial" organizando expedições "científicas" cujas capturas aparecem depois esquartejadas nos enormes mercados de pescado nipónicos. Em resultado do expediente, não raras vezes vemos nas televisões confrontos em alto-mar entre baleeiros e activistas da Green Peace que procuram denunciar e evitar as tais "expedições científicas" com a bandeira do sol nascente.

A posição do governo português, como é costume, só podia de ser de "compromisso": Aceita a caça costeira à baleia. Uma posição que reside no seguinte pressuposto: elas podem-se reproduzir em alto-mar, mas quando se aproximarem das costas dos oceanos levam arpão no lombo...

Pelas mentes delirantes de algumas daquelas cabecinhas deve estar a passar a ideia de reactivar a caça à baleia nos Açores, assim a modos que o reactivar de uma "tradição cultural", uma espécie de tourada para turista ver. Se os industriais dos touros criam os animais para o "espectáculo", neste caso será a Natureza a repor os stocks. Controlados, imaginamos, por cientistas iguais àqueles que os japoneses largam em perseguição dos cetáceos oceanos afora.

Como se sabe, as baleias estavam perto da extinção antes da campanha mundial que resultou na moratória agora em vigor. Apesar das ameaças dos japoneses e de outras frotas em busca do lucro "científico", os animais recuperaram e estavam a retomar o seu papel no eco-sistema. Esta cedência aos interesses dos baleeiros é um recuo civilizacional.

É esta gente que nos está, à Humanidade, a conduzir rapidamente ao ponto de não-retorno ambiental. Cada espécie que desaparece pela acção do Homem é menos um segundo para o extermínio da Humanidade, porque é o Equilíbrio Ambiental que nos permitiu ter sucesso enquanto espécie que está a ser desafiado.

Por outro lado, desde a implementação da moratória da caça à baleia, desde que os animais começaram a ter oportunidade de se reproduzirem e aparecerem em mais quantidade junto às costas, nasceu uma nova actividade, ligada ao turismo, de observação de baleias. Uma actividade que sendo regulada para que não resulte em prejuízo dos animais pode gerar riqueza para as comunidades costeiras - obviamente, não como aquilo que miseravelmente acontece no Sado com a perseguição aos roazes corvineiros, sem quaisquer controlos das autoridades!

O conhecimento científico desde Darwin demonstra que todas as espécies estão interligadas, basta desequilibrar o número de uma espécie determinada para que o seu predador natural seja também afectado, e vice-versa.

Hoje as preocupações dos defensores do planeta viram-se para espécies como a do Tubarão que também está à beira da extinção, porque na Ásia gostam muito de barbatanas - muitas vezes o resto da carcaça do animal é atirado ao mar...
E depois, a globalização dos gostos. Há dias vi pela primeira vez no Pingo Doce de Setúbal uma carcaça de tubarão à venda... Enviar-lhes para o site um protesto com a ameaça de que poderão perder clientes não será má ideia, pois não?

Não há muito tempo as televisões mostraram agressões de pescadores a ecologistas que pretendiam entrar nas suas embarcações, para fazer o que os governos se negam a assumir de forma organizada: controlar o que se arranca ao oceano e em que quantidade. Na ocasião era por causa do Atum, outra espécie quase extinta pela sobre-exploração.

No caso da pesca do atum, há um "dano colateral" sobre outra espécie: o Golfinho. As redes utilizadas pela indústria pesqueira do atum têm aprisionado e condenado à morte milhares dos simpáticos mamíferos. A luta contra este estado de coisas conseguiu, pelo menos nos E.U.A., que os industriais dos atuns façam constar nas suas embalagens que as técnicas de pesca salvaguardaram os golfinhos, e são fiscalizados para que isso seja verdade.
Para tal, foi preciso lutar. Contra os industriais e contra a falta de sensibilidade dos media e, em consequência, das pessoas.

É uma guerra que para já, enquanto não forem impostas quotas de pescas séria e cientificamente decididas, continuará a fazer vítimas entre o pescado que desaparece de forma acelerada e os pescadores que se afundam com as redes vazias. No fim, um oceano deserto dentro e sobre a água. E um oceano deserto terá como consequência a fome em terra.

Não, já não se trata de uma luta de "amigos dos animais" contra gente que "procura ganhar honestamente a sua vida". É na sobrevivência da Humanidade que devemos pensar quando vemos/lemos estas notícias.

Uns têm a coragem de dar a cara pelas espécies em desaparecimento outros, os armadores, pescam-nas e atiram-nas ao mar para não baixarem os preços. É a "lei do mercado". O maldito capitalismo que convive com o desperdício e a fome e vai abrindo a cova onde nos enterrará a todos depois da Natureza.

Uma luta que tem de ser feita agora, passo a passo, e pelas coisas e assuntos mais "insignificantes". Pela "meia-dúzia" de sobreiros que deitam abaixo para construírem edifícios ou campos de golfe que não precisamos, contra a construção sem critério de barragens que roubam espécies e sedimentos ao resto do rio - por que julgam que falta areia na Costa de Caparica?!

No caso concreto da caça à baleia, se os japoneses gostam muito de bife de baleia, nós também podemos deixar de gostar de conduzir Toyotas e Hondas... É preciso que o mundo lhes faça saber, eles que escolham.

Faltam tomates. Não é de vegetais que falo...
Retornando ao motivo da abertura do texto, é absolutamente vergonhosa a posição do governo português sobre a caça à baleia. O costume, quando têm de defrontar os interesses dos poderosos. São uns capados.

11.6.09

Tubo de Escape

Como quase toda a gente bem-informada sabe, o rodapé do ecrã é o sítio onde passam algumas notícias enquanto os apresentadores dos telejornais falam de outras coisas que consideram ser do nosso interesse saber. A notícia que se segue não é fresca (link para o "Expresso), é das tais que passou meio despercebida nos rodapés dos noticiários televisivos. Reza Assim:

João Proença, presidente da UGT, a tal que "não é correia de transmissão de nenhum partido", veio apoiar a recandidatura de Durão Barroso à Comissão Europeia. Onde o afirmou o Sr. Engenheiro da UGT tal decisão? À saída de uma reunião com outro Sr. Engenheiro, o primeiro-ministro José Sócrates.

Como é apanágio deste central sindical "democrática" os seus associados devem ter sido consultados para darem apoio a Durão Barroso... Não? Sr. Engenheiro! Olhe que a "correia de transmissão" não fica longe do "tubo de escape"... Além disso, convenhamos, apoiar Durão só porque é português é pouco, é a modos que dizer que o Cristiano Ronaldo joga sempre bem só porque é português - como fazem os jornalistas (?!) desportivos que parecem verem os jogos do miúdo, o "melhor jogados do mundo", com o pauzinho da bandeira nacional espetado no...

Sr. Engenheiro João Proença, o "monstro" sabe que o senhor é "europeísta" e por aí a fora. O "montro", calcule, também é - mas por outros princípios e razões. De europeísta para europeísta, embora não falemos da mesma Europa, o "monstro" oferece-lhe esta à borla:
Pá, se os gajos quisessem que a Europa fosse a algum lado não tinham escolhido o Durão, capice?

Um Bom Herói é Um Héroi Morto.

O Presidente da República, Cavaco Silva, foi Santarém, a propósito das comemorações do 10 de Junho, prestar homenagem ao Capitão de Abril, Salgueiro Maia.
Há 20 anos, o primeiro-ministro, Cavaco Silva, recusou a pensão ao homenageado.

Na tradicional chuva de medalhas e condecorações do 10 de Julho (como é mesmo o nome do dia? Apenas sei que já não é o "Dia da Raça"), foi ainda condecorado o presidente do município anfitrião, Moita Flores... pela boa recepção, por ter sido bom polícia, por ser comentador televisivo da SIC?

O "Monstro" começa a acreditar na versão que diz que a atribuição das medalhas do 10 de Junho é feita por sorteio do número de BI no Arquivo de Identificação Nacional. O "Montro" será dos poucos cidadãos deste conto de horror que ainda não foi agraciado.

6.6.09

Agora... em Bloco!


Votar na Estrela com cabecinha.

É a Cultura estúpido!

Vamos ver se me consigo explicar.
Há um concurso televisivo num canal qualquer ("qualquer" porque não imagino qual - nem me ponho a adivinhar, tal é a parecença entre eles) onde uma criança setubalense tem feito sucesso.
Eis que um vereador do PS, Catarino Costa, identifica o petiz como “alguém que nos últimos seis meses tem feito mais por Setúbal do que muitos de nós, engravatados” (reproduzido de "O Setubalense") e pimba! propõe a pródiga ideia de homenagear com a Medalha da Cidade a criança de dez anos.

Não especulo nem pretendo fazer apreciações sobre as qualidades artísticas do jovem, pretendo apenas lembrar que este vereador tão preocupado com o fenómeno mediático em curso votou contra a atribuição desta mesma medalha a Dimas Pereira, parceiro de José Afonso na fundação do Círculo Cultural de Setúbal, uma histórica associação cultural que foi "morta" no tempo em que o partido desta figura trágico-cómica da cidade tinha maioria absoluta.

A medalha acabou por não ser atribuída ao excelso setubalense, falecido recentemente. Foi direitinha para esse colosso da cultura nacional, e da condução sem mãos em autoestrada, que dá pelo nome de "Toy". Podem-se rir internautas de todo o mundo...

A falta de vergonha desta gente e a proximidade das eleições autárquicas vem "permitir" agora a passagem da proposta da atribuição dessa medalha ao saudoso acordeonista a quem muito devem as pessoas de cultura desta cidade: A título póstumo.

Pré-acordo na Autoeuropa

A comissão de Trabalhadores da Autoeuropa chegou a um pré-acordo com a administração da empresa. É curioso como a comunicação social, tão histérica que andou com a Autoeuropa e que andou dias inteiros a publicar opiniões destinadas a pressionar os trabalhadores - dentre elas e repetidamente a de Belmiro de Azevedo, patrão da Sonae, aquele grupo empresarial que é uma "referência" no que aos direitos dos seus "colaboradores" diz respeito - se tenha esquecido da notícia.
O pré-acordo procura salvaguardar os postos de trabalho dos contratados a prazo e só surtirá efeito após a sua aprovação pelos Plenários de Trabalhadores - mais um hábito daquela Comissão de Trabalhadores tão criticada (também) pelos "donos" da Classe Operária.

Transcrição integral do texto da notícia publicada no Esquerda.Net:

A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa anunciou esta sexta-feira que chegou a um pré-acordo com a administração, que será discutido e votado pelos trabalhadores ainda em Junho. O pré-acordo afasta "o fantasma dos lay-off e dos despedimentos", garante todos os postos de trabalho e impõe uma série de condições para o trabalho aos sábados.

"Trata-se de um acordo que garante a manutenção de 250 contratados", disse António Chora, coordenador da CT, salientando que os 80 trabalhadores que terminavam o contrato no final do mês já têm a garantia de que vão continuar na empresa, sendo que alguns deles poderão mesmo passar a efectivos. A manutenção da produção a dois turnos e do respectivo subsídio ficam também asseguradas com este pré-acordo, tal como frisa em comunicado a Comissão de Trabalhadores.

O acordo terá início a 1 de Setembro de 2009 e termina a 31 de Dezembro de 2011. Para analisar este pré-acordo estão agendados plenários com os trabalhadores que irão decorrer no dia 15 de Junho. Os trabalhadores votam o pré-Acordo no dia 17 de Junho.

Na prática, o pré-acordo estabelece que a empresa apenas pode impor aos trabalhadores a laboração em seis sábados por cada ano, designados por "sábados de produção". Todos os restantes sábados serão sempre por acordo entre o trabalhador e a empresa e pagos como horas extraordinárias.

Quanto aos "sábados de produção" o pré-acordo estabelece que só podem ser preenchidos no turno da manhã, sendo que o trabalhador receberá 8 horas em dinheiro e acumulará mais seis horas de saldo de horas trabalhadas, a serem descontadas nas horas que o trabalhador deve à empresa, se for esse o caso, ou a serem compensadas com dinheiro, no caso de o trabalhador ter já horas a mais.

Além disso, os "sábados de produção" - apenas seis por ano - não podem ser utilizados para compensar dias de greve. E se, porventura, a administração desmarcar um "sábado de produção" depois de o já ter marcado, então terá que compensar o trabalhador com 4 horas positivas. Por outro lado, se a administração marcar esse "sábado de produção" com menos de 30 dias de antecedência, terá que será pago com horas extraordinárias.

"Se durante a vigência deste acordo, a empresa proceder a despedimentos ou término de contratos de trabalho por redução da produção , este acordo perde validade e os sábados [de produção] começarão a ser pagos como trabalho extraordinário" - sublinha a Comissão de Trabalhadores"

5.6.09

Morreu Humberto Daniel

Faleceu esta madrugada Humberto Daniel, ex-Presidente da Junta de Freguesa de S. Sebastião. Segundo o "Expresso", Humberto Daniel ter-se-á sentido mal após uma intervenção durante um debate no salão nobre da Câmara Municipal de Setúbal.

Conheci Humberto Daniel quando este ainda debutava na Juventude Socialista. Desde esses tempos, a actividade política colocou-nos quase sempre em concorrência de pontos-de-vista.
Mais tarde, a actividade associativa levou a que o encontrasse na junta de S. Sebastião. Não esqueço que, apesar das divergências políticas que sempre mantivemos, existiu sempre cordialidade recíproca. Não posso deixar de lamentar a sua morte prematura.
À sua família e aos seus camaradas do Partido Socialista, os meus pêsames.

2.6.09

Quem nos protege da ASAE?

Duas acções da ASAE, em Santarém e em Coimbra: na primeira,
encerramento de uma loja de artigos sexuais por estar a menos de 300 metros de um cemitério; na "cidade dos estudantes", fecharam uma loja de artigos eróticos por estar perto de um local de culto da IURD, apesar deste ter sido instalado depois da sex chop.
Quem esperava que a ASAE demonstrasse mais interesse pelo tamanho dos "coisos" e das "coisas" e pela eficácia dos lubrificantes, desiludiu-se.
A "moral e os bons costumes" estão aí outra vez.