23.2.07

Fazes falta à malta!



"Admito que a Revolução seja uma Utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangivel. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nivel for." Zeca Afonso

21.2.07

Apareceu mais um golfinho morto no Rio Sado (2)

Ainda acerca da relação negativa que o projecto imobiliário da Sonae em Tróia terá com os golfinhos do Rio Sado, não deixe de ler este excelente post .

20.2.07

Apareceu mais um golfinho morto no Rio Sado

O dia de Carnaval não podia acabar pior.
Passeando ao longo da praia que une o Portinho da Arrábida à Praia do Creiro dei com a imagem desoladora de um golfinho morto.
Telefonei para as autoridades marítimas que me disseram que o Parque Natural da Arrábida já estava informado. Não imagino há quanto tempo o Parque tinha sido informado, mas era óbvio que não estava ninguém no local para proteger a carcaça das gaivotas. Conforme se pode verificar pelas fotos, o animal encontrava-se a seco, junto à vegetação e fora da linha de água, dando a entender que ali tinha sido depositado.
O testemunho fica aqui.



A seta assinala o local onde estava a carcaça do golfinho

Não consigo identificar a espécie de golfinho. Uma cria de Roaz Corvineiro - a espécie estuarina que costuma aparecer associada à imagem da Baía de Setúbal mas cuja população foi reduzida a poucas dezenas? Um Boto - outra espécie de golfinho, mais pequena que o roaz, que vive fora do estuário?

Não especulo sobre a causa da morte do golfinho, mas gostaria que fosse tornado público o Porquê destas imagens se terem tornado habituais nas últimas semanas.

Quando já arrancou, abençoado por este governo, o projecto imobiliário promovido pela Sonae na Península de Tróia, que encara o Rio Sado como uma autoestrada para um novo Algarve (por exemplo, deviará o tráfego marítimo para a zona mais frequentada pelos golfinhos do Estuário do Sado - uma autêntica ordem de despejo!), começa a ser tempo de os cidadãos de Setúbal verem que não são só as areias de Tróia que nos vão ser roubadas.

Dê uma passagem por aqui e fique também preocupado.

(Pode utilizar as fotos onde e como quiser)

9.2.07

Vamos fazer História!

Quando a Mulher quis votar...
Muitos anos depois, os mesmos de sempre,
continuam a pensar da mesma forma.
Pretendem continuar a tratar
a Mulher como um ser inferior,
incapaz de decidir por si própria.

No domingo vamos pagar
a dívida que o 25 de Abril
tem com as Mulheres deste país!

Os argumentos deles

Um vídeo da Esquerda.net com os actores Cláudia Andrade e Gonçalo Amorim.

Azar o deles: Elas movem-se.

Depois de ler isto.

Da mesma forma que os maços de tabaco trazem aqueles anúncios que advertem os consumidores do dito cujo para os malefícios do fumo fumado, estou em crer que à porta das igrejas devia ser obrigatória a colocação de um cartaz bem visível alertando para o perigo de atraso mental auto-infligido.

Diatribe de ateu? Sim, resumidamente isto quer dizer que acho que os deuses só existem na cabeça de quem acredita. Como sou ateu acho que a liberdade de pensar e escrever aquilo que se pensa é sagrada, mesmo que ela seja usada contra a minha descrença.

A liberdade religiosa é uma das componentes dessa liberdade.

Tenho amigos católicos, já fui companheiro de carteira de Testemunhas de Jeová com quem me dei muito bem. Não meço o valor das pessoas pelo que acreditam, desde que o que acreditam não seja a minha submissão à sua crença. È isso, sobretudo, que está em jogo nos próximos dias.

Já fui católico, mais por inerência maternal do que por uma qualquer via de busca de integração espiritual. Não me dou com promessas de paraísos. Talvez seja por isso que nunca achei muita piada às drogas e não gosto de políticos que desmentem todos os dias o paraíso que me prometem para amanhã.

Da religião, deixei-me disso quando a idade me permitiu desobedecer à missa dominical e perceber a falsidade daqueles que abençoavam o envio de católicos para o outro lado do mundo para matarem e serem mortos numa guerra em terras de cristãos de outra cor.

Os mesmos que hoje colocam o dedo em riste à frente da cara das mulheres que abortaram não tiveram problemas de consciência em mandar os pais delas para a guerra! São aqueles que quando era preciso dizer “Não matarás!” se calaram a troco de uma Concordata com um Estado fascista que lhes devolveu as riquezas medievais que a instauração da República havia tornado para a nação.

O Estado salazarista agradeceu-lhes bem, tudo o que de pior a religião defendia ficou consagrado, até ao ponto do Direito ao Divórcio ter sido apenas conseguido há trinta anos com o 25 de Abril de 1974.

A possibilidade de haver crianças com o infame “Filho de Pai Incógnito” inscrito na cédula de nascimento e a proibição das mulheres poderem viajar sem consentimento do marido também só acabaram com o 25 de Abril. E qualquer destes avanços civilizacionais teve sempre como consequência que um pároco, um qualquer bispo, subisse ao púlpito para cuspir gafanhotos que prometiam o fim do mundo para amanhã.

Sim, é verdade. Os clérigos preocupam-se com o fim do mundo. Não, não tem nada a ver com guerras ou aquecimento global. Preocupam-se com o fim do mundo dominado por eles!

É por isso que qualquer justificação de ocasião serve à Igreja para a abençoar qualquer guerra, qualquer causa tirânica, a humilhação dos fracos, desde que o lado dos poderosos lhes mantenha o rebanho onde ela quer: debaixo da sua sotaina ideológica, para ser utilizada como tropa de choque contra tudo o que signifique progresso humano.

Os outros, os poderosos, pagam-lhes o serviço mantendo o manto sufocante da dominação da Igreja sobre tudo o que tem a ver com… pobrezinhos.

A dupla perfeita para manter o poder: uns fabricam a miséria para alimentar os seus privilégios de classe, os outros servem sopas enquanto mandam os esfaimados votar naqueles que os colocaram na posição de pedintes.

No meio de tanta “piedade”, o conteúdo humanista da mensagem de Jesus é sacrificado no altar dos interesses dos que mandam, liturgicamente iluminado pelo instrumento de tortura, a cruz, com que mataram o homem que afirmou que “é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus”.

Os católicos cujos olhos não deixam a consciência em paz, que consideram que a solidariedade não se esgota na caridadezinha e pugnam pela autonomia dos deserdados são apelidados de hereges, e condenados ao silêncio.

A promessa do paraíso post mortem vale um Inferno de uma vida inteira, dizem estes traficantes de almas aos que lá vão ao domingo buscar o consolo para a servidão semanal. No mínimo isto explica porque se mantém a campanha contra o preservativo nos países africanos onde milhares de católicos vão morrer de SIDA para pagar pelo pecado da ignorância - o único que não lhes deve ser imputado.

A Igreja convive mal com a sexualidade.

Durante a ditadura, foi discreta na oposição às casas de putas onde as filhas das famílias más serviam a libido dos filhos das famílias boas; tolerou os “país incógnitos” para camuflar as crianças paridas pelas beatas e pelas sopeiras amancebadas ao senhor da terra. Mantém a mesma condescendência para com aqueles que aproveitam a sotaina para tirarem partido sexual de crianças.

Oficialmente os padres não se podem casar, não podem ter relações de convivência íntima nem partilhar o leito de uma mulher. Mas pretendem ser eles a dizer como estas se devem comportar. “Por decisão da mulher, como por decisão da mulher?”

A Igreja convive mal com a sexualidade, principalmente a das mulheres.


Daí o problema do Aborto.

A primeira crítica ao aborto era comparada com aquela feita às mulheres que não se achavam particularmente interessadas em ter muitos filhos, ou que não demonstravam a fecundidade para que supostamente foram criadas as mulheres. A mulher era encarada como terra sempre pronta a ser lavrada.

Depois vieram os métodos contraceptivos modernos que deram alguma autonomia às mulheres, e outra vez a condenação pela sua utilização. A desculpa da natalidade, mas sobretudo o medo que a autodeterminação do corpo conduza à autonomia da alma das mulheres.

Métodos contraceptivos ainda assim falíveis e ainda por cima não universais – não tem sido a Igreja que tudo tem movido para que a Educação Sexual fique confinada ao “nada antes do casamento” da catequese?

Com a contracepção moderna o papel contraceptivo que o aborto tivera na antiguidade é reduzido a camadas sem a possibilidade material ou cultural de acederem às conquistas da ciência. Os movimentos feministas defendem a contracepção livre e gratuita. O aborto torna-se a última possibilidade de evitar uma gravidez não desejada, a possibilidade derradeira da mulher mandar na sua vida.

A Igreja considera-o homicídio. Alguns sectores querem sujeitar mesmo as mulheres ao supremo da humilhação de parirem o fruto de uma violação. A vida das mulheres não lhes interessa para nada.

Tudo serve. Já não chega mostrarem fotos de crianças de sete meses por fetos de sete semanas, de distribuírem “fetos” de plástico - bonecos que eu colocaria nas manjedouras dos presépios da minha infância. Agora pretendem que a vida na sua forma humana existe desde que a cauda do espermatozóide consegue fazer a força suficiente para empurrar a cabeça através do óvulo, ou mesmo antes.

Há vida? Os espermatozóides mexem-se, e bem. É essa a função em que se especializaram depois de milhões de anos de Evolução. O pólen tem outra táctica, fica à espera do vento, das abelhas ou dos pássaros… Os espermatozóides são parecidos com girinos das rãs mas são de homens. Na pujança da vida masculina milhões deles acabam decepcionados contra os lençóis. Genocídio então?


Enternecedora a forma como se movem “pela vida”: quando é de problemas de seres humanos concretos de que se fala, conseguem conviver com as guerras onde inocentes e culpados morrem estupidamente, acatam a Pena de Morte sem grandes resistências, mas quando o tema é fetos aí estão eles. O problema da Igreja não são os fetos mas as mulheres poderem em alguma ocasião mandarem em si próprias.

Preferem ver mulheres a morrer na solidão do aborto clandestino a dar-lhes a possibilidade de decidirem da sua vida sem a colocar em perigo.

Preferem-nas mortas a desobedientes!

Porque a Mulher é o último território do seu sonho de domínio medieval.


O colo das mulheres é o território da última cruzada dos fundamentalistas católicos.

Azar o deles: Elas movem-se.

5.2.07

Inacreditável!

A história começa com uma pesquisa no Google: "Bagão Félix”.

Por quê? Propus-me encontrar uma explicação para as propostas do homenzinho, sobre as mulheres que abortam, que me fazem lembrar as exposições punitivas das condenadas por bruxaria nas praças públicas medievais .

Encontrei uma caricatura não assinada do figurão. Carreguei-a para um directório onde tinha por acaso uma outra imagem, um cartoon sobre psiquiatria.

Mais tarde, quando abri o directório onde tinha as duas imagens, encontrei apenas uma: esta.
Não acredita? Eu também não acredito que exista um cromo bafiento deste calibre a animar a vida política deste país.

2.2.07

Parem de assustar a avestruz!

Notícia do Portugal Diário:

"O CDS-PP quer impedir o Secretariado Técnico do s Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE) de colocar cartazes de apelo ao voto no referendo porque considera que o logotipo escolhido é «em tudo idêntico» ao do Bloco de Esquerda.

Pedro Melo, membro da comissão política do CDS-PP, disse hoje à Lusa que foi mandatado pelo presidente do partido, José Ribeiro e Castro, para «promover todas as acções necessárias» para impedir a colocação de cartazes com este logotipo."

Ligação para o resto da notícia

Eis mais um sinal de que o Bloco de Esquerda está a tomar conta do aparelho de Estado! Já se apossou do STAPE!

Não falta muito para termos as crianças a saírem dos infantários com folhetos anticlericais ao invés dos santos comunicados a alertar os pais que pensam votar "Sim" para o fogo eterno que os espera. Que faz o governo perante a ameaça? Nada!
Ainda bem que o CDS-PP está atento e desmascarou mais esta tentativa das hordas esquerdistas!

Dentro do espírito, e como honesto cidadão que não quer ser confundido com um congressista do Bloco de Esquerda quando for exercer o seu direito de voto, proponho desde já a alteração do logótipo: