31.3.07

Na muge.

"Antes do 25 de Abril, quem falasse ia preso, agora, se falar, não vai preso, não vai literalmente a lado nehum. A revolução deu-nos o direito de falar, mas ainda falta o direito de sermos ouvidos"

António Vitorino d'Almeida, maestro.
(Correio da Manhã/Êxito (suplemento)/pág.13 - 31 Março de 2007)

Tirando o resto dos dias, é já amanhã.

29.3.07

Imprensa de reverência.

Soube desta pelo “Troll Urbano”.

A malta do PNR decidiu gastar umas massas e, a julgar pelo artigo do DN, partiu o porco (o de barro) e gastou as economias num dos espaços publicitários mais caros da capital. O local escolhido para a propaganda “nacionalista”: à frente do Santander Totta.

Cada um gasta o dinheiro como quer, os do PNR gastam-no a defender aquilo para que foram paridos. Nada de novo, os adolfinhos gostam de aparecer nas alturas de crise económica para acusar as vítimas. O ódio aos mais fracos vende melhor que a tentativa de perceber o que nos atinge, é típico dos cobardes, e mantém os verdadeiros responsáveis da crise incólumes. Os fascistas são isto mesmo, oportunistas, jogam com a ignorância e atiram os mais fracos contra os miseráveis, estão para a sociedade como os ratos para os esgotos: aparecem sempre, basta haver porcaria que os alimente. E a política déjà-vu deste governo “socialista” tresanda…

Olhemos para o cartaz. “Basta de imigração”, “nacionalismo é solução”, um avião a partir e “façam boa viagem” do lado esquerdo do cartaz; do lado direito a fotografia do líder acaba por ocupar quase cinquenta por cento do painel.

Duas imagens, portanto, o avião de partida e o líder. Cá para mim, mais que a “mensagem”, procura-se mesmo é promover o líder. A piloto da TAP?

Vamos à foto do “jornal de referência”. Confirma o que diz o cartaz: dois em cinco trauseuntes são “blacks”, os outros só podem ser eslavos...

Que se lixe a foto e o cartaz. A malta do “jornal de referência” tem tido um trabalhinho danado a falar dos “nacionalistas”. No livro de estilo do “DN” não constam “extrema-direita” nem “fascistas”… dez mangas juntam-se para fazer não sei o quê, lá estão eles "a cobrir". O Bloco de Esquerda e o PCP organizam iniciativas e eles não têm tempo, para não falar dos partidos da esquerda fora do parlamento, esses nem existem.

Há dias o "DN" fez um artigo tendencioso sobre as eleições para a associação de estudantes sobre a Faculdade de Letras de Lisboa onde, mais uma vez, tentaram atirar lama para cima do Bloco de Esquerda. Nem se dignaram ouvir a fonte que acusaram. Sim, porque reproduzir as afirmações de que havia alguém do bloco numa lista fascista é uma acusação grave e uma notícia a explorar até à medula. É o Código Deontológico do Jornalista, estúpidos!

E tudo por 80 votos… foi o que os fascistas obtiveram dos estudantes de letras apesar dos esforços do “DN” e, já agora, do “Público”. 80 contra 800 e tal votos!

Já agora, podiam investigar porque uma lista participada pelo “em vias de extinção” PCP ganhou a associação de estudantes de letras. Para acompanhar o vosso lugar-comum, não acredito que os jovens de letras tenham virado paleontólogos.

Estou mais numa de que os jovens não foram estúpidos ao ponto de confundirem a insegurança de que se queixam com os culpados do costume, aqueles que são acusados pelos fascistas através da mediatização de uma imprensa sempre de reverência.

Actualização: Também o noticiário das 13h00 da RTP entendeu como importante o cartaz. Por ali, já se vê, lêem-se jornais. A RTP que anda tão alheia das actividades e dos debate das esquerdas conseguiu ir até ao Marquês de Pombal. Em contraponto, pelo menos, o comissário das minorias, não me lembro se alto ou não, "A frase do cartaz ['Portugal aos portugueses'] é igual à da extrema-direita francesa".

Aguardam-se novas iniciativas acompanhadas das respectivas coberturas.

26.3.07

Os "zombies" elegeram o morto.

Trinta e tal anos após a foto do façanhudo ter deixado de assombrar as repartições públicas, eis que a RTP o desenterrou. E não fez por menos: proporcionou a um dos ratos que conviveu bem com o esgoto da ditadura a possibilidade de fazer a sua “vendetta” sobre os jovens capitães que mandaram a guerra colonial à merda. “Serviço Público”, dizem, num país em que os manuais escolares ficam com páginas por abrir: as que falam da Guerra Colonial e das prisões políticas.

Lá ganhou morta uma "eleição" a besta que não se atrevia a fazê-las em vida.
Pelo menos desta vez os únicos mortos que votaram foram os neurónios de quem teve a pachorra para assistir e dar cobertura ao pastelão que desculpou o reaparecimento da Maria Elisa na TV.

A desculpa: “o selo de qualidade da BBC”. Como se se pudesse comparar a história da BBC, que sempre conviveu com a democracia, com a RTP - a máquina de propaganda fundada pelo fascismo, o sucedâneo tecnológico de Fátima.

Do alto do gozo que me vai dar ver os artigos de opinião dos politólogos, sociólogos, assistentes-sociais, psicanalistas, treinadores de futebol:
Que pena que todos os vossos eleitos, ó país dos "zombies", não sejam candidatos-cadáver.

Ao menos não teria de suportar o resultado de quando vocês, pobres de espírito, decidem votar nos vivos.