22.1.14

Acabem com Panteão!

O Panteão Nacional está definitivamente na moda.
Depois da campanha desenvolvida por um pasquim matinal para colocar Eusébio no repositório das ossadas mais ilustres da nação, depois de um debate emotivo, fora do tempo, que até afectou (diria "infectou") gente que devia olhar para estes fenómenos com algum discernimento, como Francisco Louçã e João Semedo dirigentes do Bloco de Esquerda, agora foi a vez do poeta Manuel Alegre reivindicar um lugar para Salgueiro Maia no panteão, logo secundado por Vasco Lourenço.
Para o ex-deputado do PS e o ex-militar de Abril, tal faria sentido, é que foi há quase 40 anos que Salgueiro Maia inscreveu o seu nome na História de Portugal. Só que...

Já agora, quem tomará a iniciativa? Cavaco, aquele que negou a pensão a Salgueiro Maia e condecorou o PIDE? O tal que fugiu à cerimónia de de homenagem ao escritor José Saramago? Não se sentiriam ofendidos, o poeta e o Capitão de Abril que fosse em tempos de Cavaco, Coelho e Portas que enterrassem o 25 de Abril no panteão?

Se Salgueiro Maia fosse um meu familiar, indignar-me-ia coma proposta. Castelo de Vide, a sua terra, é onde está bem, junto dos seus.
Assim como o José Afonso, que apesar de nascido em Aveiro, está a descansar em Setúbal cidade onde viveu e que amou como se lá tivesse sido o seu berço.

Castelo de Vide e Setúbal não devem permitir que a hipocrisia lhes leve os heróis para um panteão banalizado e transformado numa espécie de Montra de Celebridades - o Ronaldo já lá tem lugar cativo. 

Melhor ainda: acabem com o panteão e deixem descansar as pessoas onde quiserem, sepultados, incinerados e cinzas lançadas ao vento, ao mar, onde quiserem ficar!
No Portugal dos Pequeninos, não!

Só uma nota: gostei de Eusébio (ainda mais porque marcava golos com a cor da minha camisola) mas não misturo as coisas. Que saudades de uma Esquerda que tinha orgulho em dizer que lá porque se gostava de futebol não se ia em "futebóis".