30.11.10

As posições da Esquerda nas presidenciais. Uma reflexão.

Texto de um comentário no blog "5 Dias" a propósito da candidatura presidencial de Francisco Lopes do PCP:

“Faria sentido lançar Carvalho da Silva na corrida sem a desistência de Manuel Alegre em seu favor?” Faria, não como candidato do Comité Central mas como uma emanação da resistência à ofensiva anti-social. Se o PCP fez o costume, já que a sua concepção de unidade não ultrapassa a “frente popular” muito limitada dos “Verdes” e dos “democratas” da CDU, ao Bloco de Esquerda faltou a coragem para desafiar o PCP a fazer o contrário. No caso do apoio do Bloco a Alegre, tratou-se de uma escolha política que só os mais distraídos não previram, uma vez que o projecto de construção do BE passa pela “ofensiva” sobre as bases socialistas e sociais-democratas… E pela ignorância ostensiva do PCP. A este propósito, leia-se a imprensa do BE. Nem um esboçar de reflexão sobre a forma como o PCP “gere” a sua influência nos sindicatos, é o seguidismo completo em relação à burocracia.
Se Alegre se candidataria à mesma? Suponho que sim. E daí?
Em resumo, teremos um candidato de partido a falar para a audiência do partido (Francisco Lopes) e um candidato (Manuel Alegre) apoiado por dois partidos e duas razões diferentes e diametralmente opostas. Por um lado a perspectiva pragmática de arregimentar forças para defender o que ainda não foi destruído de um Estado Social nado-morto (BE). Por outro, a lógica da toalha atirada ao chão, “tanto faz”, “Cavaco já ganhou”(PS)… além de que, sugiro eu, não sobra ninguém credível para dar a cara por uma política governamental desastrosa . A indiferença em relação ao resultado eleitoral, é o que explica que um candidato que se apresenta em defesa da Educação e do Ensino Públicos seja apoiado pelo partido que mais atacou esses fundamentos nos últimos anos. Na excepção, torpeadeado pelos seus camaradas (Mário Soares) que pressentem uma reconfiguração do eleitorado socialista caso o candidato Alegre tenha uma votação razoável.
Ainda no caso de Alegre, convenhamos: não foi propriamente um modelo de resistência activa à governação do PS, como pretende o Bloco, mas ignorar a contradição que o candidato representou em algumas matérias nucleares que foram debatidas nos últimos tempos, como faz o PCP, é uma visão demasiado estreita de um partido que, tal como eu, já votou em candidatos sem lhes perguntar o que pensam da NATO e da perspectiva de uma Revolução Socialista em Portugal. Aqui a pergunta ao PCP é simples: alguém acredita seriamente que votar em Alegre é votar em Sócrates? Só a miopia e o sectarismo podem fazer chegar a essa conclusão.
De qualquer forma: admito que votar num candidato porque se é contra outro é bem menos agradável do que depositar o papelinho por quem se confia. Aí o PCP aí está em vantagem em relação ao BE.
Por mim, exponho-me parafraseando aquela senhora do “Mickey Mouse”: contra Cavaco Silva até votaria no “Daffy Duck”.
(Bem… votar no “Daffy Duck” nunca seria um mal menor)

Velho do Restelo, apolitico!

Mas um velho d’aspeito venerado,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, memeando
Três vezes a cabeça descontente
A voz pesada um pouco alevantado,
(…)
Os Lusíadas, Canto IV, 94

Medina Carreira cansa! É um tipo chato, pessimista e portador de um discurso populista e altamente reaccionário.
Ele que foi Ministro da Finanças, porventura um dos mais altos patamares da política, ou dos profissionais da política, pragueja contra a política e os políticos. Como se ele em cada palavra e em cada gesto não fizesse ou não fosse politico.
O homem diz-se apolítico fazendo política!
E, quando alguém lhe aponta o dedo, indigna-se, como se fosse a encarnação da virgem.
Não à pachorra para aturar mais Henrique Medina Carreira, mas a TV insiste em dar-lhe tempo de antena. Não chegava o Mário Crespo, sempre venerado e agradecido, volta não volta trazê-lo ao seu programa, era preciso também Fátima Campos Ferreira [Uma senhora que acha que os trabalhadores da PT são muito bem pagos! Logo ela que arrecada uma pipa de massa por cada Prós & Prós.] dar-lhe a oportunidade de mais uma vez vir vociferar a sua cólera contra a política.
Ontem, no programa de Fátima Campos Ferreira, Medina Carreira insistiu na tecla de sempre, e quando lhe foi observado, por Daniel Oliveira, que dos presentes ele era o único a já ter exercido o cargo de ministro, indignou-se.
Mas tem mais, Medina sempre tão douto nas opiniões, foi incapaz de apresentar uma ideia concreta, para além de que fossemos aprender com os concorrentes das nossas empresas. Fátima Campos Ferreira [Nem sei como.] confrontou-o então com o facto de tal proposta pressupor que deveríamos aprender com a China, que como sabemos no que confere aos direitos do trabalho entre outros princípios civilizacionais, não é recomendável. Ai Medina esbracejou e disse: “Esses não contam!”
E de repente, percebemos o simplismo do raciocínio base de Medina Carreira. Carreira pega numa borracha e de uma assentada, “limpa” quase um quarto da população mundial e porventura um dos mais apetecidos parceiros da elite dominante na velha Europa e nos EUA.
E ainda há quem sirva de correia de transmissão do pensamento de Medina Correia, reencaminhando e-mails com as ideias do dito, para todos os endereços da sua agenda.
Para mim escusam de o fazer, vai direitinho para o lixo!


Também editado no Ribeiro da Fonte

A cassete do "alterar a legislação laboral".

Essa de "flexibilizar a legislação laboral" já cheira a cassete.
O Raposo fala fala... mas desconfio que o que sabe do mundo do trabalho é aquilo que lê dos "avençados" ao serviço daqueles que acham 500 euros uma enormidade de salário - 100 contos, pá!. Caso contrário não insistiria no dislate.
Vá conhecer a realidade dos despedimentos colectivos, o terrorismo e coacção psicológica nalgumas empresas, os recibos verdes... ou será mais um dos idiotas que acha que só se arranja emprego para a juventude despedindo os mais velhos? Para empregar precários como já acontece... ou empresas de "trabalho temporário". E depois vem para aqui falar contra a dívida pública... quem acha que vai pagar os subsídios de desemprego?
Para quando o: "É preciso mudar a mentalidade dos capitalistas portugueses que só 'investem' em comércio, imobiliário, especulação financeira e mão-de-obra barata, e imigrante sem direitos, e deixam as empresas definharem tecnologicamente. Para isso é preciso ter coragem e não ser a voz do dono.
Raposo aponte aí: Querem-nos com relações de trabalho do Século XIX? Não se esqueçam que a seguir vem o Século XX... e desta vez não são meia dúzia de operários e uma massa de camponeses analfabetos.

"osonodomonstro"
(in comentários do "Expresso" on-line)

27.11.10

Isto sim, é novidade: Belmiro de Azevedo apoia Cavaco.

Belmiro apoia Cavaco e apoia bem. Defende os seus interesses, nada a criticar. E favor com favor se paga.

Mas lembrem-me lá: tirando os supermercados e o imobiliário, incluindo a oferta que Sócrates lhe fez da Península de Tróia para a especulação imobiliária em zona dunar, que mais investimentos, sei lá, industriais, tem este senhor?

Já agora, este não é o mesmo que disse que tiraria o dinheiro da Portugal se tivesse de pagar impostos como pagam na Europa? Não digam mais, já percebi, mais um "patriota" como os tipos da banca. "Não há crise", a malta paga por eles.

As suas "acções" pagam menos impostos que as nossas poupanças e os seus lucros menos que o nosso trabalho. "Não há crise ", é para o "bem geral", se tiverem a barriguinha cheia, apesar de não saciados, o país está bem. Porque é o "seu" país. Eles são os "donos de Portugal".

O resto são servos da gleba "invejosos" que não valem a atenção que o chicote lhes dispensa... e mais uns serviçais que dão boa conta do recado como se vê.

Já tarda!


Isto sim, seria
"um passo importante para a construção europeia".

Afinal,
se "o Capital não tem pátria"
porque há-de ter o Trabalho?

26.11.10

Cavaco "aposta" na Educação.

Título do "Público" (aguentem-se): "Cavaco Silva aponta Educação como desígnio nacional"

Isso mesmo, a Educação!
Vamos abrir "universidades" privadas em todas as esquinas, permitir os turbo-professores, subfinanciar o Ensino Superior Público, atirar com as propinas para cima das famílias dos estudantes e não investir no ensino básico e pré-escolar, acarinhar as IPSS para substituírem o que ao Estado compete... termos uma rede de infantários que exclui os mais pobres, um ensino secundário alimentado a explicações e uma classe média-alta e alta a colocar os filhos nas privadas com a expectativa de melhor "competição" no acesso ao Ensino Superior e com benefício fiscal. Pelo caminho, ainda, vamos limitar os cursos nocturnos, atacar os "privilégios" dos trabalhadores estudantes.
E, muito importante, impedir que abram escolas que formem Médicos (esta por conselho da Ordem dos Médicos) e odontologistas muito menos - que se acabe com os dentistas no SNS, um povo com dentes pode morder.
Tudo até ao desígnio final de voltarmos a ter um Ensino de Classe.
Uma idiotice? Sim, senhor. Mas foi esta a política de Cavaco primeiro-ministro.
Depois de mandar queimar barcos, "o mar como destino", agora o ensino... amanhã será a Saúde. Lembrem-se caramba! Perguntem!

16.11.10

Escrevem em jornais, são "jornalistas".

Já não faltará muito tempo para que a "Dica da Semana" seja o único jornal a entrar lá em casa.

Porquê? Sendo um jornal de um grupo de distribuição alimentar, não engana ninguém em relação ao seu propósito. Posso comprovar que os preços nas prateleiras equivalem ao que o jornal anuncia, o que abona em favor da seriedade profissional com que os jornalistas copiam as tabelas de preços que lhes são fornecidas pelos donos da publicação. Outra vantagem é que dispensa aquela conversa fiada da "independência" e da "objectividade". Abrem-se aquelas folhas coloridas é está tudo exposto, sem pornografias intelectuais, sem segundas atenções ou agendas escondidas.

"Essa folha gratuita é um publicitário, não é um jornal, quem o faz não são jornalistas". Pois... isso... Pensando bem, não ofendamos a gente da redacção da "Dica da Semana" ao comparar o seu trabalho honesto com o dos "jornalistas".

Ver, ouvir e ler o que se vai produzindo por estes fará o mais empedernido leitor de jornais perder toda a esperança no "4º poder". Como isto. A histeria imbecil, a falta de capacidade crítica, o jornalismo "alistado", o horror... Depois de ler coisas destas a minha consciência fica tranquila em relação ao cada vez menor hábito de comprar jornais.

Já cheguei ao ponto em que só ficarei mesmo zangado quando a "Dica da Semana" me trair.