21.9.06

Nos mínimo, atirem-lhes com a Constituição às trombas!

Gestores e economistas principescamente pagos, de empresas privadas que não são propriamente conhecidas pelo respeito pelos seus “colaboradores” (muitos deles com origem no capital especulador e na banca, sectores mais que beneficiados pela falta de tributação), patrões, ou, nos casos mais rafeiros, fazedores de opinião com coluna permanente nos jornais e nas TV a soldo dos mais privilegiados da sociedade portuguesa, organizaram-se. Autodenominam-se “Compromisso Portugal” e têm o costume de parir “soluções milagrosas” para a sociedade portuguesa.

Curiosamente, sendo gestores de empresas, nem se debruçam muito sobre a eficácia do desempenho das direcções das empresas. No quadro de um país em crise permanente e em que a boa gestão não faz parte dos atributos daqueles que dirigem as empresas, habituados que estão a viver à sombra do investimento e do subsídio público, é obra. Se os trabalhadores portugueses são dos que trabalham mais horas, dos mais mal-pagos e precários, para quem sobra a culpa pelo mau estado da economia?

Os homens gostam é de botar discurso sobre o Sector Público. Para melhorar a qualidade de serviço? Népia! Para que o Estado coloque as suas funções e obrigações nas carteiras dos seus patrões.

Quando se discute o problema da sustentabilidade da Segurança Social, e os números do desemprego crescem, estes senhores propõem a redução de 200.000 funcionários públicos, como? “A redução pode ser alcançada facilitando as reformas antecipadas, estabelecendo incentivos à saída voluntária e transferindo actividades para o sector privado”.

A mesma segurança social que tem problemas em manter um nível mínimo das pensões que garanta a sobrevivência dos reformados, que já tem de pagar a reforma a muitos trabalhadores em idade activa que foram expulsos das empresas mais lucrativas (para aumentar o valor das acções e sua posterior privatização – exemplo: EDP), pode aguentar mais esta despesa?

E sobretudo: quantas “contínuas” vão faltar nas escolas cujos pais veremos nos noticiários a protestar contra a “falta de condições”? Quantos professores faltarão nas turmas onde os alunos são apenas um número elevado? Quantos minutos faltarão para ser ser atendido pelo funcionário que tem de fazer o trabalho mas também está a atender?

A solução dos mecos: privatize-se!

Pode não funcionar melhor mas dá dinheiro a alguns - e muitos e muitos gestores...

Só para quem não se lembra do estado da Educação e da Saúde quando estas eram exclusivo das escolas e dos hospitais privados. Eram (são) só para alguns.

Só para quem já se esqueceu do que a sociedade europeia avançou, quando se impôs que o Estado não seria apenas a polícia e o exército.

Foi uma conquista civilizacional. É fazer a história voltar para trás que esta gente quer.

Nos mínimo, atirem-lhes com a Constituição às trombas!


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