20.6.11

Provocações policiais... em Barcelona

Em Barcelona, uma manifestação pacífica no dia da tomada de posse do parlamento degenera em tiros de balas de borracha. A televisão espanhola mostra ao mundo deputados a serem maltratados pelos "manifestantes violentos", que, veio-se a saber, foram instigados por outros manifestantes que eram da... polícia.
Comentários do vídeo em catalão.

7.6.11

É tempo!

É tempo.

É tempo, com a serenidade que o amadurecimento [12 anos de vida em politica são muitos anos] impõe para reflectir ponderadamente. Reflectir e agir.

É tempo de olhar para dentro. Para dentro de nós, para a nossa estrutura, para a nossa organização… Não para nos auto mutilarmos, mas para nos conhecermos melhor agora livres de al...gumas gorduras sazonais, oportunistas e até maléficas.

É tempo de agir e agitar… [O que faz falta é agitar a malta, o que faz falta…]

Agitar não é banalizar a luta. Pelo contrário, a eficácia passa por uma certa racionalidade e proporcionalidade com objectivos, da parte e do todo. Passa talvez pela conjugação da necessidade com a percepção da urgência na alteração do rumo.

É tempo para reequacionar a mensagem e a estratégia.

É tempo de reavaliar os posicionamentos e as alianças…

É tempo, para rejuvenescer. Que é feito da irreverência?

É tempo para tudo, excepto para caçar bruxas!Ver mais


2.6.11

Maçaricos e caloiros

 As televisões dos últimos dias têm vindo a retransmitir até à exaustão umas imagens onde se vê um grupo de militares humilhando um seu camarada na Escola de Fuzileiros do Barreiro. A divulgação destas imagens já obrigou a Marinha a pronunciar-se afirmando que todos os envolvidos são recrutas, que "não se tratava de uma praxe" e o castigo, "cinco dias de detenção", só ainda não foi aplicado porque os alunos da escola de fuzileiros recorreram "hierarquicamente" da sanção.

Confiemos que não se tratou de uma praxe, até porque a Marinha tem fama de tratar os seus de uma forma bem diferente de outras tropas. Resta, todavia, uma dúvida: tratando-se de uma "forma de convivência", nada sadia e que demonstra o carácter de quem a fez, como explicar a sanção? O voluntariado anda assim tão por baixo que já é permitido a entrada a toda a gente nas forças armadas?

Há alguns anos, os jornais deram conta do protesto de populares da Amadora que viram com indignação a forma como um recruta dos comandos foi maltratado pelos seus instrutores. Explicações e "rigorosos inquéritos", o costume. Mal sabiam os civis o que se passava em Santa Margarida... nos Comandos e noutras boinas de cores menos "especiais".

As recrutas são pródigas em situações desrespeitosas  da dignidade dos recrutas e instruendos, mesmo aquelas - para não dizer "sobretudo" aquelas - que fabricam os futuros oficiais. Há toda uma cultura supostamente macha que propicia que os mais fortes se imponham aos mais fracos psíquica e fisicamente.
O ambiente militar trata de armas e toda a instrução é feita no sentido da aplicação ou da reacção à violência e a agressividade é quase sempre bem-vinda, e o "caparro" pode decidir da entrada ou não num desses lugares que para alguns substitui o emprego que jamais conseguiriam cá fora onde a agressividade e o caparro contam menos - excepção feita a "empregos" tipo polícia de choque, porteiros de boîtes... -, até na Estiva é pedido mais inteligência que músculo.

Atalhando, e passando propositadamente sobre o debate da necessidade da existência de forças armadas assim (até admira Passos Coelho não se ter lembrado de ressuscitar a discussão do SMO, Serviço Militar Obrigatório, como fez em relação ao Aborto), um exército deve ser constituído por soldados e não por psicopatas.
Está visto que aqueles e aquelas que são vítimas da humilhação nas instalações militares acabam por ser imersos no silêncio das hierarquias militares ou, no melhor, serem alvos de um "doce" qualquer para se calarem em nome do "espírito de corpo". É tempo de acabar com isto: devia haver um Provedor civil que receba formal,  informal e até anonimamente as queixas dos soldados e soldadas deste país; no limite, tal como se lutava no tempo do SMO, um Sindicato de Soldados. A violência física e psicológica nos sobre os recrutas é uma vergonha para as forças armadas.


Falou-se em praxes, não foi o caso, mas elas existem.
O ritual das praxes deve ser proibido nos quartéis, de forma muito clara e com sujeição a sanções que incluam a expulsão do serviço militar. Fechar os olhos desde que não haja quem se queixe é um exercício de pura hipocrisia. A Praxe não tem nada a ver com camaradagem. A submissão dos recrutas não passa de uma vingança de humilhações passadas sobre quem não teve a culpa. É um acto de cobardia que revela falta de formação cívica e humana.

Nos quartéis... e nas escolas.
Os cerimoniais de iniciação de certas universidades, a que dão o nome pomposo de "boas-vindas aos caloiros", não fica muito atrás da recepção dos "prontos" aos "maçaricos" nos quartéis. Para além da curiosa predisposição para os uniformes, há que somar a... uniformização da mediocridade quanto aos gostos culturais. Por um lado a afirmação dos "trajes", e a seguir o consumo do que de mais rafeiro anda por aí na "oferta cultural". E depois denominam desconcertadamente essa mistura de elitismo parolo e rafeirismo cultural de "tradição académica". As praxes são um autêntico campeonato nacional universitário de grunhos. Todos os anos os vemos, pretendendo ser mais "criativos" que os imbecis que os precederam. Triste.
O lixo só atrai mais lixo, basta confirmá-lo nos montes deixados por aí, até nos parques naturais. Se dizem que a Cultura tem a mesma capacidade de se auto-reproduzir, falta saber porque insistem em viver rodeados de nauseabilidade.

(o comentário, bem como o título, foram editados)