19.3.10

Pois, o maldito Ensino Público...

Antes do 25 de Abril o ensino superior era só para alguns, até o secundário no liceu não era para todos. Para compensar, havia as escolas industriais onde os alunos acabavam na maioria como operários. E claro, havia muita "autoridade". O reitor do liceu onde andei era da PIDE, até os professores andavam "na linha", garanto, quanto mais os alunos com as visitas da polícia...

O 25 de Abril permitiu que as escolas se abrissem para todos, o problema começou logo no facto de que não havia professores suficientes para tantos alunos. O esforço de formação, produziu bons e maus professores, tal como há em todas as profissões. Maus professores também havia antigamente e não eram as reguadas que os faziam melhores. Também não era a Moral e Religião que produzia o respeito, era o Medo. A escola do antigamente podia ser muito boa, mas à volta existia um país de analfabetos.

Hoje, a escola tem novos desafios: alunos que não estão motivados porque saem de casa de pais desmotivados, sim: pais desempregados, humilhados diariamente. Para não falar dos miúdos da classe média que mal vêem os pais devido aos horários de trabalho exigidos pelas empresas, ou pelo sonho do consumo... .

As crianças começam desde cedo a perder as ilusões, já nem se houve o que "eu quero ser quando for grande"... Os Modelos propalados pelas televisões são os modelos de consumo e sucesso fácil sem trabalho e são os papás e as mamãs que tomam a iniciativa de levarem os seus rebentos aos "castings" de uma qualquer novela ou concurso imbecil. Como se costuma dizer, cabe à família dar educação e à escola compete dar instrução e o gosto de aprender e descobrir. Pode não ser bem feito em todo o lado, admito, mas há muita gente que faz por isso, professores que não se rendem àqueles que procuram demolir a Escola Pública para se servirem dos tijolos para erigirem o negócio do Ensino Privado - o tal que produz "crânios" até ao fim-de-semana... e boas médias para entrar na faculdade.

O desafio é aceitar o desafio de promover um Ensino de Qualidade para um país de qualidade, centrado no essencial: nas crianças. Isso só se faz respeitando os professores, a começar pelo ministério. E os professores respeitarem-se a si próprios não deixando que se intitule professor qualquer um, só porque não teve vaga na sua profissão original ou porque "não há saída noutros cursos". Deve-se aprender brincando mas não se deve brincar com a educação!

Ser professor é das profissões mais bonitas do mundo, é ter nas mãos a "matéria prima" que poderá mudar um país que teima em a olhar para trás com nostalgia, como se de lá viesse algo de bom - faz lembrar alguns que eu sei que passavam fome e não tinham onde cair mortos mas têm saudades do Salazar...

Hoje, jovens portugueses formados nas mais diversas áreas têm mais distinção científica no estrangeiro que algum dia ocorreu na nossa história. São um produto da tal escola democrática que não presta... o que não presta são os alunos do antigamente, hoje governantes, que os obrigam a ter sucesso... no estrangeiro.


(Este texto foi editado e tem como base um comentário a esta crónica sobre o Ensino Público em "O Setubalense" )




18.3.10

Falta de médicos agrava-se. No SNS, claro.

Faltam médicos no SNS. Durante dezenas de anos, deixou-se que as médias de entrada em Medicina fossem inflacionadas e que não se construíssem mais faculdades de medicina e, em consequência, que se reduzisse o número de médicos. Como se os políticos que têm passado no Ministério da Saúde trabalhassem para as companhias de seguros, só pode ser.

Para muitos médicos, toca a lucrar coma situação, cobrando bem a quem lhes pagou o curso - ou acham que a propina que pagaram na universidade cobriu os custos do curso? Uma pista: quantos cursos de medicina foram abertos pelas universidades privadas? Isso mesmo, estão a ver?

Que tal: promover novos cursos, apoiar no entretanto os estudantes de medicina que por falta de vagas vão para fora e recrutar médicos no estrangeiro com exclusividade para o SNS? Devemos exigir que o SNS funcione e tenha qualidade.

Quem é indiferente ao que se passa é porque ou lucra com isso ou tem dinheiro para não se preocupar com o assunto. Acabem com as isenções fiscais dos actos médicos nos privados sempre que houver esse serviço no público. Vão ver que há mais gente a preocupar-se com a Saúde.

16.3.10

A "mulher de César" parece e é....

A propósito da distribuição dos dividendos na REN.
(link para O Diário de Notícias)

O que torna a coisa pornográfica é o facto destes sujeitos aparecerem quase sempre a recomendar para os outros os sacrifícios que não reservam para si, à laia do governador do Banco de Portugal.
É gente que não é séria.
Começam por não usar a bitola que resguardam para si em relação aos trabalhadores das empresas que dirigem, começando por mandar às urtigas o tal "critério da produtividade" a ter em conta como factor nos aumentos salariais.
No caso da EDP, onde todos sabem que os resultados foram "muito bem distribuídos", a administração começou com uma proposta de 0,3 por cento de aumento salarial, com a desfaçatez de que estavam a "ter em conta a inflação passada" - o critério desde sempre colocado pelos sindicatos ao apresentarem as suas propostas tendentes a recuperar os salário, debalde.

Nem energia mais barata, nem valorização salarial da massa dos trabalhadores... nem incremento significativo do investimento na modernização da rede, viu-se.
Os accionistas decidem como se espera que decidam, com a carteira. A culpa não é deles, nem dos administradores de origem política colocados à frente dos "El Dorado" de reforma choruda, é de quem entregou o ouro ao bandido.
A "mulher de César" parece e é uma puta. "Estes romanos estão doidos".
(editado em 18-03-2010)