3.9.06

Se a estupidez conferisse grau académico...



Lido no "Jornal de Notícias", a propósito da "Marcha pelo Emprego" que o Bloco de Esquerda decidiu promover até meados deste mês:

"Os 200 participantes, quase todos de sapatos de ténis ou sandálias, bonés e bandeiras, eram na sua maioria oriundos da classe média urbana sendo poucos os operários ou mesmo cidadãos desempregados que nela participaram, talvez - segundo um dos militantes - "por terem ido à festa do Avante".

Ao longo do percurso, Louçã foi saudado e estimulado por vários transeuntes quer em Guimarães quer no caminho, que se diziam vítimas de despedimentos em empresas têxteis "viáveis" da região do Vale do Ave".


Em primeiro lugar, o número redondo: "200". De certeza que não eram 189 nem 175?
O Bloco de Esquerda terá feito questão de serem 200, nem mais nem menos, para que o (a) jornalista não tivesse de garatujar "cerca de"?

Quanto à origem social dos marchantes, nova demonstração da argúcia do (a) jornalista: o calçado, os "sapatos de ténis e sandálias", traiu a organização do Bloco e denunciou a natureza de classe dos marchantes. Onde estavam as botas de biqueira de aço e as galochas dos verdadeiros operários?

"Classe média", decidiu o (a) escriba
. Sim, porque se havia desempregados na marcha estes deveriam ir a arrastar-se pelo chão como verdadeiros "famélicos da terra".
E
"urbana": nenhum daqueles tipos de ténis tinha aspecto de ter origem rural - onde, toda a gente sabe, as gentes vestem-se de chapéu de palha e serapilheira.

"Os operários foram para a Festa do "Avante!", reproduz-se de "um militante".
Se eu fosse militante do BE proporia que o marchante que deu esta resposta ao (à) jornalista fosse excomungado do partido por fazer humor surrealista numa ocasião solene do partido!
Ainda não se percebeu por aí, seus elitistas, que piadas em público só daquelas que a audiência do "Levanta-te e Ri" consiga perceber?

Proporia ainda o prémio "militante do mês" para o tipo da organização da marcha que teve a brilhante ideia de distribuir figurantes ao longo da estrada para se "dizerem" vítimas de despedimentos e saudarem o Louçã!

Para concluir o título do post: ...não haveria licenciaturas em jornalismo.


1 comentário:

Anónimo disse...

Aprendi muito