20.11.07

Elejam os mortos!

Vídeo do primeiro álbum a solo de Serj Tankian, Elect The Dead.
Serj Tankian é conhecido por ser o vocalista da banda norte-americana System of a Down.

O vídeo foi daqui: http://mulder.dummwiedeutsch.de/home/

6.11.07

Eu tenho dois amores...

Os "jornalistas" das "nossas" televisões, deviam estar combinados hoje à hora de almoço, tal não era o rebuliço e as não noticias acerca reencontro entre o actual e o ex-primeiro ministro, desliguei a tv depois deste excelente comentário " o Bloco de Esquerda, o PCP e o CDS vão ter dificuldades em marcar pontos, com as atenções viradas para Sócrates e Santana..." é ou não é lindo? A noticia não é, não aconteceu, mas já se sabe qual vai ser, não se vai falar de mais nada acerca do debate do orçamento, os "filhos de Rangel" continuam as suas amenas cavaqueiras mas desta vez sem o patrocínio exclusivo da SIC.
Relativamente a toda esta não surpresa, relembro Noam Chomsky: «A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, mas estimular muito intensamente o debate dentro daquele espectro... Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate». E aproveito para aconselhar uma leitura "Portugal, Hoje: o Medo de Existir" de José Gil

Os 10 dias que abalaram o mundo!


Faz amanhã 90 anos que soldados e camponeses russos assaltaram o Palácio de Inverno do Czar para derrubar um regime que os oprimia com a guerra, a fome e a miséria, um marco na Luta que continua, são os dias que continuam a abalar o mundo.

No Esquerda.net está um bom dossier sobre a Revolução de Outubro para ver aqui.Deixo-vos algumas imagens do eterno clássico filme de Serguei Eisenstein "Outubro" de 1927.

De volta! Ou talvez não...

Como o trabalho é voluntário está dependente de vários caprichos...

23.7.07

Pioneiros...

Fórum Luísa Todi, Setúbal

Sobreviver é preciso


Casal das Figueiras, Setúbal
(já agora, as filhós são boas)

Novos vizinhos

A Minha Globalização...

Um David Byrne revisited com um je ne sais quois de Jacques Brel misturado muito bem com uma pitada de Goran Bregovic e um cheirinho de Fanfare Ciocarlia... estranha mistura? Não! Música Pop? World? simplesmente BEIRUT

Elephant Gun do Ep "Lon Gisland"


Gulag Orkestar do Album "Gulag Orkestar" (ao vivo)

Actualização!

Temos novos Links nas Recomendações do Monstro:

- Farpa Kultural
-Litoral sem Betão
-Vento Sueste

22.7.07

Neo-nazis atacam violentamente acampamento anti-nuclear e fazem um morto.




Na madrugada de Sábado, horário russo, 21 de Julho, carecas nazis
atacaram violentamente o acampamento anti-nuclear anarquista de
protesto em Angarsk, na Sibéria, assassinando um jovem eco-libertário.

Dias antes os libertários tiveram alguma informação preliminar sobre
um possível ataque planeado pelos nazis, assim, três pessoas vigiavam
o acampamento. Contudo, nazis encapuçados, e, em maior número, numa
proporção de 3 por 1, atacaram cobardemente as pessoas que
dormiam nas tendas, com barras de ferro, facas e pistolas de ar.

Algumas pessoas no acampamento ficaram com braços partidos, fracturas
nos pés e outros ferimentos. Pelo menos dois activistas ficaram
gravemente feridos, um deles sofreu um traumatismo craniano (morreu mais tarde no
hospital). Todas as tendas do acampamento foram incendiadas, e, alguns
pertences dos activistas foram roubados.

Nos últimos tempos tem ocorrido uma onda de ataques violentos nazi
em todo o território russo, contra anarquistas, anti-autoritários,
ecologistas e movimento LGBT.

Infos actualizadas em (é possível encontrar notícias em inglês):
www.avtonom.org e www.imc-siberia.org


Algumas fotos do ataque covarde e
dos feridos:
http://ru.indymedia.org/newswire/display/16946/index.php
http://ikd.ru/node/3362
via ANA (Agência de Noticias Anarquista)

16.7.07

28.5.07

Planeamento Familiar... qual planeamento familiar?

Lembra-se daquela da "necessidade do incremento" do planeamento familiar defendido por toda a gente na campanha da despenalização da interrupção voluntária da gravidez?

"A associação de consumidores pediu a jovens, entre os 15 e os 20 anos, para procurarem planeamento familiar em 85 estabelecimentos que deveriam fornecer estes serviços: centros de saúde, hospitais e delegações do Instituto Português da Juventude. Em 49, as utentes não passaram da recepção."

(continue a ler o artigo na sítio da Deco)

25.5.07

Camelos e outros bichos

A Margem Sul do Tejo, segundo o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, "é uma zona onde não há gente, onde não há escolas e hospitais, cidades, indústria, onde não há comércio e hotéis..."

Entretanto, a Associação dos Municípios de Setúbal exigiu um pedido de desculpas a Mário Lino (link para o "Setúbal na Rede")

Uma dúvida na solidão das "dunas" do Sado:
O ministro foi incorrecto ao esgrimir os seus argumentos em relação ao negócio do aeroporto, ou estaria a fazer um balanço da actividade governativa no Distrito de Setúbal?

E enquanto observo os escaravelhos:
A RTP no seu jornal da uma mostrou as declarações do ministro e as declarações indignadas de todos os partidos, menos do Bloco de Esquerda. Como já vem sendo hábito.
O curioso - não é, mais enfim - é que Paulo Portas, representante de um partido que tem apenas um deputado em Setúbal (o Bloco de Esquerda tem dois) arengou à vontade.
Lembro que depois do longo directo da "pública" do congresso do PP do último fim-de-semana, em que Portas teve tempo para anunciar a lista completa a Lisboa, a mesma RTP ignorou completamente a apresentação da candidatura de Sá Fernandes, candidato apoiado pelo BE ao município lisboeta.
Já mo tinham chamado a atenção, e começo a suspeitar que é verdade: a redacção dos noticiários do principal canal da RTP está a censurar o Bloco de Esquerda. Não tenho por hábito ver os telejornais de cronómetro na mão, mas já enoja o que a RTP está a fazer.
Só falta saber se é "falta de meios-técnicos" ou estamos perante o cumprimento de ordens para recuperar o PP e afastar a ameaça vinda da Esquerda...

Quanto à foto: não sei se é de um camelo ou de um dromedário, garanto apenas que se trata de um especialista em "desertos".

24.5.07

Afinal havia coisas boas na RDA...

Pois havia. É pena é que só copiem as dispensáveis:

"As autoridades alemãs estão a usar os métodos da antiga polícia política da RDA (Stasi) para controlar todos os que se vão manifestar contra a reunião dos G-8 em Heiligendamm, no início do próximo mês. O método consiste na recolha de amostras de odores de diversas pessoas que a polícia considera suspeitas para que os cães as possam apanhar caso haja violência no decurso das manifestações. Depois das polémicas rusgas policiais de há duas semanas a cerca de 40 sites anti-G8, ontem, em Rostock, várias pessoas foram presas por estarem a cantar a 'Internacional' ".
(notícia completa no Esquerda.net)

23.5.07

Deixai vir a mim o dinheiro das criancinhas

Segundo o jornal "Público", o ministro da saúde, Correia de Campos, quer pôr as crianças a pagarem "taxa moderadora" - não seria mais justo chamar-lhe taxa dissuasora?
As criancinhas é como quem diz: os pais. E, claro! de forma "justa". A demagogia do costume: vão pagar "de acordo com os rendimentos". De quem? das crianças?
Num país de fuga ao fisco pagam mais os que já pagam. E nem os filhos destes escapam.
Tão "socialistas" que eles são.

20.5.07

Pedaço do diário de um antigo "pedaço de asno"

Os bitaites políticos estão cheios de tipos que pensam que amadureceram mas que se limitam a apodrecer vingando o tempo em que estavam vivos e é assim deixando-os escorrer nos pasquins tinta cor de ódio contra tudo e contra todos os que lhe lembram o tempo em que lhes faltava um grande pedaço para serem asnos que os asnos se vingam do pedaço que faltava aos antigos "pedaços de asno".

15.5.07

Lisboa é mesmo um caso de polícia.

Depois do PS indicar como seu candidato o ministro das polícias, António Costa, chegou a vez do PSD apresentar como candidato à presidência do município alfacinha um dos seus vereadores de Setúbal, nada mais nada menos que o ex-director da Polícia Judiciária, Fernando Negrão.
Fernando Negrão é o segundo coelho a ser tirado da cartola por Marques Mendes após Fernando Seara, actual edil do município de Sintra, ter recusado por "razões pessoais".
Está bem... e que tal recusar afirmando o compromisso com os eleitores de Sintra? Esta coisa de compromissos é coisa que a gente que vive da política definitivamente desconhece e que, perante a falta de exigência dos eleitores, já nem se preocupa em disfarçar.

V Convenção do Bloco de Esquerda - II

Segundo post sobre a convenção do meu partido. Uma reflexão sobre a necessidade da existência de uma tendência sindicalista democrática e de combate:

Reafirmar o Compromisso do Socialismo com a Classe Trabalhadora.

I – Dois passos atrás, um passo à frente.

O BE não surgiu a partir de uma das ideologias “padronizadas” pelo século XX. No entanto, a maioria dos seus aderentes proveio de correntes políticas diferentes que fizeram percursos diversos e que concorreram entre si no movimento operário e popular.
A derrota da Revolução Portuguesa e o definhamento burocrático e autoritário de muitas revoluções que nos entusiasmaram a vida, e também as novas relações políticas e económicas internacionais, impuseram balanços e criaram a necessidade de se perspectivarem novas formas de encarar a velha luta por um Mundo Novo.
Ao contrário dos que se deixaram dissolver na normalização e dos que encontraram enfim o seu lugar no Poder e vivem assombrados pelos “desmandos” da sua juventude, nós tivemos o entendimento de que era necessário “Começar de Novo”. Esta decisão marcou a diferença: ao continuar o combate assumindo os novos contornos da realidade, recusámos o percurso da cristalização das divergências até ao definhamento final. Porque os Socialistas do Século XXI não pretendem vingar o passado, querem vingar-se do presente!

II - “Começar de Novo” não significa partir do zero. Aprender com os erros.

“Vimos de longe”. Passados mais de 150 anos do manifesto fundador, cabe às gerações socialistas reunidas no Bloco de Esquerda reafirmar o Compromisso do Socialismo com a Emancipação da Classe Trabalhadora. No caminho “para aqui chegarmos” aprendemos do passado que não há socialismo sem democracia e que a revolução se faz contra todas as discriminações e em todas as causas contra a humilhação e pela sobrevivência da Humanidade.

Estamos de acordo que o mecanicismo ideológico, o sectarismo, a rotina intelectual descambam normalmente no tom autoproclamatório e messiânico, na teorização do isolamento e na incapacidade, devido à estreiteza de vistas, de uma organização se aperceber do tamanho do mundo.
Mas o seu contrário, a relativização total dos princípios fundamentais ao ponto de os tornar matéria negociável, a impaciência com o trabalho de base e a tendência para se opor à mobilização social as boas-graças do Poder também não obtiveram resultados decisivos para a emancipação dos trabalhadores. Convém lembrar a este propósito que por detrás de um político com “sensibilidade social” esteve sempre uma mobilização popular para o obrigar a assinar…

É verdade é que o socialismo nem sempre fez jus ao seu carácter científico. Ao menosprezar outros processos de emancipação de desigualdades que o capitalismo consolidou (alguns deles mais antigos que a máquina a vapor), isto é, ao isolar os trabalhadores de assuntos “que não lhes dizem respeito” e ao não integrar as “novas” lutas (ecologia, igualdade de géneros, minorias sexuais, convivência inter-étnica) no programa socialista, o socialismo contradisse um dos seus princípios fundadores: a Classe Trabalhadora como vanguarda revolucionária da Humanidade.

Pior ainda, em nome do “amanhã” relativizou a necessidade da democracia e o direito à livre expressão de ideias hipotecando a ideia do socialismo como um regime mais livre que a mais livre das democracias burguesas. Ao fazê-lo impediu a sua própria capacidade de regeneração e castrou o pensamento e a acção revolucionárias de gerações inteiras. A consequência: o pesadelo burocrático-repressivo.

Noutra matriz, o socialismo confundiu liberdade com a livre-iniciativa económica burguesa, sujeitou a luta pela igualdade que estava na sua génese à redistribuição desigual de rendimentos e fez do movimento dos trabalhadores uma tropa de choque eleitoral ao serviço de interesses corporativos e de burocracias sindicais profissionalizadas há muito desligadas da produção. Além disto, a “justiça social” propalada por este “socialismo europeu” nunca conseguiu produzir menos devastação social e económica que o capitalismo mais feroz nos países que forneceram a matéria-prima para o progresso.

Não só. O movimento dos trabalhadores já fez a prova até à exaustão de partidos que vivem apenas de conjunturas eleitorais e de campanhas ocasionais, que não estabelecem raízes, solidariedades e responsabilidades duradouras na Classe Trabalhadora e que se socorrem de atalhos políticos que variam do populismo ao aventureirismo. As fundações ideologicamente fragilizadas destas organizações tornaram-nas presas fáceis do oportunismo e do carreirismo. Atrás de si ficaram mais desalento e desmobilização.

Não há remédios milagrosos para construir uma organização democrática e de combate de trabalhadores. O funcionamento democrático, o Direito de Tendência que permite às minorias corrigir os erros das maiorias, a responsabilização dos eleitos pelo programa político que os tornou mais responsáveis que os demais, e ainda o debate político resultante do tempero das ideias pela prática são anti-infecciosos indispensáveis. Sem esquecer as vitaminas: a necessidade que pretendemos genética de ir actualizando o nosso programa político e de ter os olhos abertos aos resultados do “génio humano”. Para cumprirmos melhor o nosso Compromisso.

III - O Compromisso do Socialismo deve manter-se.

Trata-se aqui de lembrar o compromisso clássico do Socialismo com os Produtores.
Os socialistas demarcam-se dos demais porque têm uma perspectiva diferente da história. Mesmo aqueles que dentre nós não acreditam que “o motor da história é a Luta de Classes” não conseguirão retorquir à ideia de que tem sido a luta contra as opressões Económica, de Género, Ambiental, Sexual e Étnica que nos trouxe a um patamar mínimo de direitos. E que a Classe Trabalhadora, mesmo que parte dela estivesse arreigada de preconceitos religiosos e culturais, teve sempre um papel determinante nestes avanços civilizacionais. Definitivamente, não foi qualquer ”mão invisível” nem a filantropia dos poderosos que nos trouxe até aqui.
Todas as concessões sociais de que usufruímos foram arrancadas a ferros, foram “concessões” impostas aos poderosos por conjunturas políticas e revolucionárias favoráveis aos trabalhadores. A perda generalizada das conquistas sociais revela que elas nunca se tornaram patrimónios civilizacionais no quadro do capitalismo. O quotidiano da nossa “refundação” faz-se numa época em que “eles” se vingam, em que já não precisam do escudo “social” europeu para fazerem frente à “ameaça vermelha”.

Vivemos tempos duros, o capitalismo tornado sistema global está em permanente ofensiva contra todos e quaisquer direitos. Não o faz por maldade mas pela necessidade imensa de acumular, porque é a acumulação que lhe garante a sobrevivência.
A Classe Trabalhadora está a sofrer por todo o mundo ocidental um retrocesso nas suas conquistas: milhões de operários e trabalhadores são empurrados para o desemprego, a nova geração não conhece mais que a insegurança da precariedade, há cada vez mais relações de trabalho que conviveriam bem com os “contratos de trabalho” do início da industrialização.

Os socialistas têm a obrigação de dizer a verdade aos trabalhadores:
A desregulamentação completa das relações de trabalho em vigor não se faz apenas por razões económicas, faz-se sobretudo por razões políticas!
- Não é no “exército de reserva de desempregados” que pensam os capitalistas quando fabricam leis que semeiam o terror nas empresas, fazem-no com o intuito declarado de quebrar a importância política dos trabalhadores e das suas organizações de classe na sociedade!

IV - A responsabilidade do Bloco de Esquerda perante os trabalhadores.

É correcto que perante a nova realidade o Bloco de Esquerda dê particular atenção à luta pela vida dos trabalhadores precários, contratados, eventuais, emigrantes e desempregados – todos estamos de acordo com este princípio.
Estaremos quase todos de acordo também que os aderentes do Bloco devem exigir nos sindicatos onde intervém uma política para toda a classe e não apenas para os que ainda são efectivos.
O mesmo não se poderá dizer de que, para fazer vingar estas ideias no movimento sindical (não só na CGTP - mas também na UGT e nos independentes!), os activistas do Bloco de Esquerda devem coordenar-se, discutir e estabelecer princípios conjuntos de intervenção.
A esta atitude, caros camaradas, chama-se operar como Tendência Organizada. A isto chama-se também assumir a responsabilidade de defender o programa que perspectivamos perante os trabalhadores!

V- O Bloco de Esquerda, uma trincheira dos trabalhadores.

É por isso necessário uma acção estruturada no movimento sindical que não deixe dissolver os activistas do bloco nas burocracias sindicais de diversos matizes. O debate sobre como o fazer é importante para a definição futura do bloco como organização enraizada no seio da Classe Trabalhadora.
Para os socialistas não há maus burocratas (os da CGTP, da UGT ou de sindicatos independentes) e os bons burocratas, os que alinham com o Bloco.

Esta tendência não deve ser uma “tendência de partido”, o gueto laboral do Bloco:
deve ser um grupo solidário de trabalhadores que por empresa e ramo de actividade debatem com e pretendem organizar de forma democrática mais trabalhadores que aqueles que o Bloco representa; que organiza listas para Comissões de Trabalhadores reclamando o seu funcionamento democrático e combativo; que está ligado em rede e informado sobre as lutas que se travam difundindo-as e fazendo de cada uma delas uma nova oportunidade de aprendizagem; que, desafiando localmente o poder dos media globais, pretende renovar na classe a solidariedade com as lutas e com todas as causas mesmo as “estranhas” ao movimento sindical.
É através desta atitude que renovamos o compromisso socialista do passado, que demonstramos à Classe Trabalhadora que o Bloco se fez para ser um instrumento útil para a organização combativa dos trabalhadores.
E demarcamo-nos em relação aos demais: O partido é o instrumento, não a Classe!
Afinal de contas, são os “meios” que falam pelos “fins”.

José Tavares da Silva/Setúbal

10.5.07

Timor: o golpe resultou.

Tudo leva a crer que o golpe contra a presidência da Fretilin resultou. Ramos Horta conseguiu levar finalmente a água (o petróleo?) ao seu moinho. Com o apoio institucional da igreja timorense e dos candidatos anti-Fretilin, o apoiante desde a primeira hora da invasão bushista do Iraque será o novo presidente da república de Timor Leste. Na Austrália, em Camberra, esfregam-se as mãos de contentamento: o saque dos recursos petrolíferos de Timor vai continuar. Mas também há quem denuncie o golpe.

Nick Beams, redactor do World Socialist Website e membro da direcção nacional do australiano Socialist Equality Party:

"Se alguém acreditasse na versão oficial, a entrada das tropas da Austrália em Timor Leste dever-se-ia aos mais nobres motivos. Estão ali simplesmente para restaurar a paz e a estabilidade após o colapso da autoridade do governo. Mas esta ficção política foi desmascarada pelos acontecimentos de Junho, pela luta pelo poder que iniciou a crise e que a trouxe à superfície. O objectivo da intervenção do governo de Howard é produzir uma “mudança de regime” substituindo o governo do primeiro-ministro Mari Alkatiri por uma administração mais em consonância com os interesses australianos." Ler o resto do artigo (ligação para a revista brasileira Palavra Latina)

Camelos a pretenderem passar pelo buraco da agulha.

Em Timor, o candidato presidencial Ramos Horta faz comícios onde distribui fotografias em que aparece a o lado do Papa. Vota vestido com uma t-shirt com uma imagem de Jesus Cristo.

No Brasil, o Papa de visita oportunamente oficial fala da "defesa da vida desde a concepção até ao declínio" perante as barbas presidenciais de Lula que foi eleito com o compromisso de resolver o problema do aborto clandestino.

Um e outro adoram a ideia de uma "religião oficial". A sua.
No Irão também há quem.

6.5.07

Jardim vence o referendo.

As eleições regionais da Madeira tiveram o desfecho esperado por Alberto João Jardim e por José Sócrates.
Jardim conseguiu convencer o eleitorado de que o "continente" estava a retirar dinheiro ao arquipélago, apostou na vitimização e ganhou. Já se esperava: com a comunicação social madeirense perfeitamente domesticada e o jornalismo continental preocupado com fait-divers não lhe foi difícil vender a ideia.
E como por aqueles lados questionar de onde vem e para onde vai o dinheiro também não é um hábito, valeu tudo. Até uma campanha feita com a "farda" de presidente do governo regional a inaugurar tudo o que pudesse ser inaugurado - mesmo obras do governo central.

Parece que à maioria do eleitorado da Madeira não interessa saber quem paga as facturas da orgia despesista que tem engordado os caciques locais do PSD.
Parece que desde que lhes caiam uma migalhas em cima da mesa e, sei lá, que haja mais um reforço para o Marítimo da próxima época...
Quando é verdade que os indicadores sociais não abonam a favor da qualidade do seu voto.

De qualquer forma, como dizem alguns pouco exigentes para quem basta uma urna para haver democracia, "é a sua decisão e deve ser respeitada". Como a de um jogo decidido por uma grande penalidade inventada pelo árbitro, diz-se por aqui.

José Sócrates, por seu turno, nem apareceu nas ilhas para dar ânimo aos seus correlegionários. Como secretário-geral do PS desertou ao fugir de defender a sua Lei das Finanças Regionais.

Um aparte gráfico:

"I'm with stupid" estaria hoje à noite António José Teixeira a pensar
perante os argumentos imbecis do inqualificável Luís Delgado
apoiante-mor de tudo o que não tem classificação.

Post Scriptum: Para além da descida vertiginosa do PS, outro dado destas eleições regionais é a derrota do PP de Paulo Portas que viu o seu partido ser ultrapassado pelo PCP que se tornou o terceiro partido regional - apesar de manter o número de deputados.

O Bloco de Esquerda madeirense, que descende de uma corrente com tradições de luta na Madeira e que já teve mais importância eleitoral que o PCP local, tem um mau resultado. Apostou em conseguir mais um deputado para fazer “um grupo parlamentar” e acaba por descer a sua votação.

A novidade foi constituída pelos PND e MPT: até agora sem representação parlamentar, estes partidos elegem um deputado cada. A comunicação social afirma que foi por conta do "prestígio" dos cabeças de lista.

5.5.07

Quando David derrotou Golias.

30 de Abril de 1975.
Foi há 32 anos que o imperialismo norte-americano
foi derrotado no Vietname.
Memória de uma outra guerra
contra a qual se mobilizou a opinião pública mundial
e de um povo em armas que conquistou
a sua independência.
Fotos da guerra e cartazes vietnamitas:

2.5.07

Uma espécie de conversa sobre credibilidade.

Um comentário colocado no Portugal Diário a propósito da forma como este "digital" tratou o 1º de Maio

À Redacção do Portugal Diário:


Noam Chomsky, o célebre linguista norte-americano que durante muito tempo foi uma voz solitária nos EUA a chamar a atenção para o que se passava em Timor-leste debaixo da ocupação Indonésia, fez num célebre documentário a comparação da quantidade de informação produzida pela imprensa norte-americana sobre Timor com aquela feita sobre outros locais para onde era mais conveniente chamar a atenção por parte da administração estadunidense. Nessa comparação chegou a conclusões pouco lisonjeiras sobre os órgãos de comunicação social da pátria de Pulitzer: bastou-lhe para tanto e literalmente desenrolar pelo chão rolos de papel com o que a imprensa havia produzido e comparar. O resultado foi esmagador: o muro de silêncio à volta de Timor.

Por que me lembrei disto? Sem mais delongas:

A propósito das vossas três entradas sobre o 1º de Maio em Portugal, comparemos:

UGT demarcou-se da greve geral”, 215 palavras, 114 caracteres;

CGTP apela à participação na greve geral”, 413 palavras, 2155 caracteres;

PNR marcha contra o capitalismo”, 506 palavras, 2756 caracteres.

Conforme se pode ver, há uma grande disparidade entre a importância das reuniões populares realizadas em Lisboa e o espaço que decidistes dedicar-lhes. Até parece que para a Redacção do Diário Digital a reunião mais importante foi aquela dos “nacionalistas”.

A reunião que segundo a televisão teve a presença de “200 nacionalistas” - curiosamente o número que os organizadores previam antecipadamente nas notícias que deram conta do “evento” - acaba por ter uma cobertura que até deu direito a vox populi e tudo…

Podeis contestar que “a notícia estava” do lado da manifestação fascista, porque “é inaudita” (não seria verdade, mas enfim), e que os outros milhares de pessoas do outro lado “já não são notícia”… Não tendes a mínima curiosidade de, por exemplo, comparar o número de pessoas presentes com o do ano passado, e de meter a convocação de uma “Greve Geral” pelo meio?

E não é que há mesma hora havia outra manifestação em Alvalade, o May Day”, que até tinha a ver com a condição, presumo, da maioria dos vossos camaradas de profissão, e que até tinha mais gente que os “nacionalistas”?

Ainda a propósito dos “nacionalistas”: precisais de um dicionário de alemão para saberdes o que quer dizer o “nazionale-sozialisten” dos cartazes que a TV tão diligentemente mostrou – também mais que o May Day, que parece que era a primeira vez que se fazia em Portugal. Sim, “nacional-socialistas”, diminutivo: NAZIS!

Que fique claro, não venho contestar o direito de poderdes escrever o que quiserdes sobre o que vos der na gana. É só para saberdes que aquilo que publicais a partir do que quereis ver e que se veja também tem quem o veja.

26.4.07

Solidariedade com os jovens antifascistas detidos!

(foto retirada do Indimedia)

Este "post" é feito em solidariedade com os jovens Anarquistas
que foram detidos pela polícia no início da noite de 25 de Abril.
"Eles estavam a exagerar", dirão as boas consciências, as mesmas que acham um direito democrático, e não um exagero, a exibição de um cartaz fascista a apelar à xenofobia e ao ódio aos emigrantes

"A manif correu muito bem, sem incidentes até ao Largo Camões. As pessoas no Largo Camões tiraram fotos, gritaram uns slogans e algumas dispersaram. Outras ficaram mais um pouco e organizaram-se em marcha «de regresso». Assim, começaram a descer (em sentido inverso) o Chiado, virando na Rua do Carmo, umas cinquenta pessoas, gritando slogans anti-fascistas. Eu acompanhei a manifestação «de regresso» até este ponto. Verifiquei que os carros da polícia iam retirando à medida que os manifestantes se aproximavam, os três graduados da PSP, com os seus pingalins, desciam descontraidamente a uns metros à frente da manif. Não houve problemas até meio da Rua do Carmo. Na altura em que estavam os manifestantes a alcançar as escadas por de baixo do elevador de Sta Justa (a meio da Calçada), começaram eles -manifesantes- a fazer meia volta e a correr calçada acima. Alguém os avisou que tinham sido encurralados. E assim foi. Carrinhas com polícias de choque às largas dezenas desceram em grande velocidade o Chiado, selando o alto da rua do Carmo, enquanto outras com igual força e os referidos polícias de choque subiam a rua do Carmo. Estes últimos desceram imediatamente dos carros, ainda antes destes travarem e começaram a correr em direcção aos manifestantes, agredindo-os à bastonada enquanto estes tentavam escapar desesperadamente. Os que estavam perto, meros espectadores ou pessoas que acompanharam o cortejo de lado, ficaram também encurralados por polícias agressivos, com ameaça física a toda a gente, mas que batiam selvaticamente e sem hesitação em alguém que tivesse «aspecto» de manifestante.
Vi polícias em grupos de cinco ou mais «dar caça» na baixa a manifestantes ou outras pessoas. Uma rapariga que ia a fugir, estava diante da Pastelaria Suiça, quando foi agredida, imobilizada no chão e arrastada sob prisão a 500 metros de distância para ser encurralada nos carros celulares. O mesmo passou-se com outros (eles não fizeram nenhum gesto agressivo, a fuga era para os polícias o «motivo» para perseguirem e baterem selvaticamente nessas pessoas).

As pessoas que assistiram a isto tudo têm com certeza cenas de uma brutalidade inaudita para contar (é importante testemunharem para se apurarem responsabilidades) .

Eu tentei evitar que as pessoas permanececem presas, tentei falar calmamente com o graduado da PSP. Este não ficou nada impressionado com o meu pedido, inclusive disse-lhe que o que estava a fazer era profundamente incorrecto e que ao menos soltasse as pessoas, pois não tinha a mínima legitimidade para as manter presas.

As pessoas que foram presas, provavelmente foram brutalizadas todas no momento da prisão, pois eu verifiquei o modo de actuar da polícia em vários casos. Contaram-me que uma jovem ficou com o braço partido, o que não me espantaria.

A actuação foi deliberada.
Foi uma actuação destinada a instilar medo.
O que fizeram e comandaram os graduados da PSP foi obviamente premeditado.
Penso que eles cometeram um atentado à liberdade de manifestação e à integridade fícia de pessoas. É uma acusação grave mas posso (pudemos) prová-la.

Queriam mostrar que são eles que decidem o que é a lei, no 25 de Abril, em especial.

Assim estão eles a «garantir» a segurança dos cidadãos.

Os manifestantes, não estavam a cometer nenhuma infracção grave, apenas estavam a gritar palavras de ordem e mais nada.
A polícia, essa, cometeu desacatos e muitos...

Fascismo NUNCA MAIS... 25 de Abril SEMPRE !!!

O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO."

(Reprodução integral da reportagem de Manuel Batista para o Indimedia)

25 de Abril: "Tudo perfeitamente normal".

Lisboa, 25 de Abril de 2007:
- O Presidente da República não gosta de cravos nem do teor das comemorações do 25 de Abril;
- O Bloco de Esquerda da Madeira comemora o 25 de Abril frente à Assembleia Legislativa da Madeira fechada por Jardim;
- A polícia perfila-se em defesa do cartaz dos fascistas do PNR contra a ameaça de um bombardeamento por tomates. Há detenções;
- O Carmona Rodrigues, o tal que mandou retirar o cartaz dos "Gato Fedorento" contra os fascistas, inaugura o túnel durante as comemorações do 25 de Abril;
- Noite dentro, a polícia corta ruas na zona do Chiado e faz uma carga indiscriminada sobre os trauseuntes enquanto procura deter o que restava de uma manifestação promovida por jovens anarquistas. Há mais detenções.

Dia 25 de Abril, feriado. Os políticos e os polícias fartaram-se de trabalhar.

Post Scriptum: Parece que também houve uma manifestação popular que saiu da Praça Marquês de Pombal (a tal onde está o cartaz que era para levar com os tomates). Era capaz de jurar que a televisão falou disso.

24.4.07

Outra vez, agora em França.

Imagem obtida no site do "Le Monde" (clique para aumentar)

Esquerda francesa dividida consegue adiar a derrota

A primeira volta das eleições colocou o principal candidato da direita à frente da corrida para a presidência da República Francesa. Num acto eleitoral dos mais concorridos desde que os franceses elegem directamente o presidente da república, o contestado ex-Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, obteve 31,11% e deixou a candidata do PS francês Ségolène Royal a mais de 5 pontos (25,83%).

Fora da corrida ficou François Bayrou, candidato da UDF (União Pela Democracia Francesa – um partido considerado de “centro-direita”) que defendeu um governo de união nacional com personalidades de direita, socialistas e do centro. Os 18,55% que o “candidato-surpresa” conseguiu serão determinantes para o resultado da segunda volta.

Extrema-direita muda-se de armas e bagagens para Sarkozy

O candidato da extrema-direita, Jean Marie Le Pen, que nas eleições de 2002 lograra expulsar da corrida presidencial o ex-primeiro-ministro do PS, Lionel Jospin, e ir à segunda-volta, ficou-se nos 10,51%. Uma derrota profunda, o eleitorado aterrorizado pelas campanhas anti-imigração decidiu dar o voto à promessa de mão-de-ferro de Nicolas Sarkozy.

Crise na Esquerda Alternativa

À Esquerda, Olivier Besancenot, o candidato da LCR (Liga Comunista Revolucionária), organização próxima do que foi o PSR português, logrou manter a votação na casa dos setes dígitos: milhão e meio de votos e 4,1%.

Todos os restantes candidatos de Esquerda sofreram ainda mais a erosão do voto-útil para Ségolène Royal:

- Arlette Laguiller, candidata tradicional da Lutte Ouvrière (Luta Operária - o nome do jornal por que é conhecida esta organização de tendência trotskista que não tem paralelo em Portugal) desceu para os parcos 1,34%;

- Marie-George Buffet, a candidata do PCF (Partido Comunista Francês), obtêm para o seu partido o pior resultado de sempre, 1,94%;

- José Bové, o agricultor tornado conhecido pela sua participação no movimento alterglobalização, recolheu o apoio militante de alguns movimentos alternativos e também de tendências minoritárias do PCF e da LCR mas não conseguiu mais que 1,32 % do voto dos franceses.

- Dominique Voynet, do Partido dos Verdes (partido que não tem nada a ver com o produto de laboratório fabricado pelo PCP em Portugal) conseguiu 1,57%, mais um desaire eleitoral.

A França prepara-se para ter um presidente ainda mais à direita

Os quase 19 por cento dos votos de François Bayrou poderão ser determinantes para a decisão final que terá lugar daqui a menos de quinze dias e que colocará em confronto o candidato gaulista de direita, Nicolas Sarkozy, e a candidata do PS, Ségolène Royal , acusada por muito boa gente, que não apenas os adversários políticos eleitorais, de ser um produto mais mediático que “substancial”. Os votos dos apoiantes de Le Pen (11%) terão destino certo. Do outro lado da barricada, todas as esquerdas, até Arlette Laguiller que se recusou anteriormente a escolher entre Chirac e Le Pen, já prometeram apoiar a candidata do PS, mas todos juntos não valeram mais que 10% na primeira volta.

Matematicamente, a França caminha a passos largos para ter um presidente ainda mais à direita que o anterior. Um presidente eleito com o voto do medo e da incompetência de uma Esquerda que abandonou os seus propósitos.

Por estes dias ver-se-á a candidata “oficial” da Esquerda a encostar-se ao lugar vago ao Centro. Por seu turno, a Direita, depois de corroer o “Modelo Social Europeu” e de lançar a confusão sobre as razões da sua decrepitude, já nem precisa de disfarçar, avizinham-se tempos de autoritarismo e liberalismo selvagem na terra que viu surgir a primeira Revolução Proletária.

Enquanto a Direita coloca as garrafas de “Champagne” no frigorífico, a Esquerda tem duas coisas importantes para fazer: conseguir convencer a opinião pública de que o resultado previsto das próximas eleições pode agravar a crise social e debater a proposta de reunião das candidaturas de esquerda às próximas legislativas. Esta união que todos defendem enquanto se vão precavendo com candidaturas próprias…

Entretanto, em Portugal, após tomar de assalto as chaves da sede do Largo do Caldas, o novel proprietário do PP, Paulo Portas, apressou-se a mandar os parabéns ao seu correligionário europeu, Nicolas Sarkozy.

18.4.07

V Convenção do Bloco de Esquerda - I

Inicio aqui alguns artigos de reflexão pessoal sobre a próxima convenção do partido que tem merecido o meu voto. O que aqui vou opinar não reflete as posições dos restantes elementos deste blogue.

Moção A: «A esquerda socialista como alternativa ao governo Sócrates»

A moção da maioria da direcção consagra o triunfo dos sociais-democratas sobre os "marxistas" do bloco. Explico.

Não me refiro à caracterização da situação do Império e das suas contradições guerreiras e económicas, muito menos da descoberta do "filão" ecológico.

Como se o marxismo, com Engels incluído, nunca se tivesse preocupado com isso!

Há, isso sim, "marxistas" que não se preocupam com temas "menores" que não tenham "classe operária" no início da frase, o que é bem diferente. O passivo ambiental deixado pelas antigas repúblicas “socialistas” fala por si.

Do lado ocidental do muro o "crescimento económico" também deixou marcas profundas, nos próprios países e nos outros, subdesenvolvidos, que alimentaram de matérias-primas a expansão económica que permitiu o Modelo Social Europeu.

Desde os finais dos anos 60 do século passado que há movimentos que criticam os modelos de crescimento baseados na pretensão de que os recursos do planeta são inesgotáveis. A crise do petróleo de 1973 veio alertar para a dependência energética dos depósitos de combustível dos automóveis, mas foram precisos mais de trinta anos para que os “media” se interessassem e, consequentemente, parte substancial da opinião pública, pelo que sai dos escapes. Só agora, quando estamos prestes a atingir o ponto de não-retorno.

Pelo caminho, a moda nalguns casos oportunista dos Partidos Verdes - que acabaram na sua maioria por demonstrar que o Poder não corrompe apenas o vermelho. Afinal, o Ambiente não é apenas um problema de mais ou menos “fumo”, é sobretudo um problema político.

É correcta a agitação e a luta por Reformas imediatas no campo do Ambiente, é mesmo urgente - sim, "reformas" qual é o problema político?

A degradação ambiental acelerada do planeta, que a lógica capitalista tem provocado, não põe em causa apenas a possibilidade futura da gestão dos recursos de uma forma socialista, está a colocar em causa a própria sobrevivência da Humanidade. Este combate, da Vida contra o Lucro, tem de se travar agora.

O contexto de agressividade desmesurada do Capital e o refluxo político da Classe Trabalhadora, pelo menos na Europa e na América do Norte, obrigam a plataformas de entendimento com associações e interesses que não sendo “revolucionários” nem “socialistas” poderão garantir pelo menos o oxigénio suficiente para se poderem pensar as estratégias revolucionárias do futuro.

Para os socialistas não há causas menores. Fazer agora a “viragem para o ambiente” soa a autocrítica política. É justo e fica bem fazê-la. O drama é que poucos vão à nossa frente.

É na ausência de um discurso político dirigido aos trabalhadores que encontro as principais divergências com a moção proposta pela maioria da direcção.

O discurso da moção passa por cima de qualquer reflexão minimamente sólida sobre as possibilidades de luta dos trabalhadores, fala do "precariado", os mais proletários do proletariado, mas escusa-se a qualquer tese e ao mínimo balanço sobre as organizações que se movimentam no meio laboral.

Não há uma ideia que possa provocar o debate na fundação-base de um partido que se diz socialista: a Classe Trabalhadora. O BE parece que não se pretende vocacionado para discutir ideias que possam armar os seus militantes no meio da desorientação da ofensiva liberal e do sindicalismo burocrático de todas as matizes. Não tem opinião sobre os sindicatos e sobre as burocracias. Cada um por si, parece ser a política que se propõe para o BE sindical.

Este vazio não é a meu ver uma opção estética ou comunicacional, o produto de uma escolha de linguagem para não ferir os traumatizados por outras andanças políticas, ou sequer uma redução de adjectivos para evitar a acusação do “lá estão eles, os esquerdistas do BE”, pior, na minha interpretação é o triunfo de uma certa forma de ver o Movimento Operário: como um movimento igual aos outros que procuram evidenciar-se na sociedade.

Considerando a origem das principais correntes políticas do bloco, trata-se de uma mudança de Paradigma.

A Classe Trabalhadora já não é o "caterpilar" cujo motor desgastado pela luta secular de produtores contra proprietários deve ser aditivado com todas as outras discriminações e revoltas, lubrificado pela democracia e pelas "novas" reivindicações e descobertas científicas.

Não é uma questão com pouca importância. E não é semântica, é política: o bloco quer ser apenas "esquerda nova", não quer ser o "novo partido dos trabalhadores". Afinal a luta dos assalariados é apenas mais um "problema social".

E logo agora, quando a Classe Trabalhadora ocidental no seu conjunto vem adquirindo cada vez mais conhecimento técnico… o que faz perceber melhor a heroicidade perante a possibilidade de vitória dos seus avós!

Campanha desajeitada.

(clique para ler texto alternativo)

Este cartaz, e outros, têm vindo a criar celeuma na blogosfera.
Pode não ter sido essa a intenção, convenhamos, mas a verdade é que para os mentores da campanha publicitária parece que os cidadãos que fazem os trabalhos mais humildes são cidadãos de segunda.
A Judite de Sousa teria espaço para estar nos noticiários se não houvesse alguma Judite que não concluiu os estudos que lhe tomasse conta dos filhos ou filhas, deixando os próprios sozinhos em casa ou com a avó porque não tem dinheiro para pagar infantário?
A Judite conseguiria sair de casa se outro ou outra Judite, que ficou pelos caminhos da escolaridade, não lhe recolhesse o lixo da rua?

Não é a necessidade de estudar que está em causa. O Estado tentar promover o gosto pelo estudo, pela descoberta, é positivo. Não fosse a contradição:
Fazer estas campanhas mas apostar no ensino privado (o tal de que temos cada vez mais anedóticos exemplos) e desinvestir no ensino público;
Fazer os estudantes pagar propinas cada vez mais caras, criando de facto uma nova selecção classista de acesso ao ensino superior - não me venham com bolsas, qualquer pai que tenha de pagar a deslocação de um filho para estudar sabe do que falo, e muitos beneficiários são os do costume, os que fogem aos impostos;
Não criar novos cursos que fazem falta (medicina, por exemplo) e obrigar os nossos jovens com médias altas a ir para o estrangeiro (os que podem), e deixar pulular por aí cursos de pacotilha nas privadas que só servem para enganar os jovens que não têm cunha para utilizar o canudo pago a sangue, suor e lágrimas dos pais (comunicação social, gestão, direito...);
Permitir que as escolas da periferia, ao contrário do que a "discriminação positiva" suporia, sejam as mais abandonadas e com menos condições - criando desde logo as condições para que a realidade não se altere, isto é, que se mantenha uma reserva de mão-de-obra desclassificada para ser vendida ao preço da chuva.

Ainda: desde quando é que ser doutor ou engenheiro é medida de sucesso? Por que não o fazer aquilo de que se gosta? Carpinteiros, pedreiros, o que for, são uns "loosers" porque não são licenciados? Não o serão mais as miúdas da caixa do supermercado que tiraram uma licenciatura em gestão que não serve para nada?

Para ser radical: por que razão o tipo que apanha o lixo (que faz um trabalho que ninguém gosta de fazer) tem de ser mais mal pago que a Judite (que faz aquilo que carradas de gente gostaria de fazer)? Eis mais uma razão em como a "Lei da Oferta e da Procura" não deve ser levada mais a sério do que o necessário ou, pelo menos, não devemos deixar ser a única que nos rege.

17.4.07

"A música não precisa de ser tocada alta para ter força"

Mais conhecido pela sua participação como guitarrista nos Rage Against The Machine e nos Audioslave, Tom Morello vai lançar no próximo dia 24 um álbum a solo que vai surpreender muita gente habituada a ouvir a sua guitarra tocar bem alto. Pode surpreender-se aqui.

Quem disse que o Punk morreu?

Pode ouvi-los aqui
e vê-los aqui
(necessário o QuickTime)

12.4.07

Urgente para Setúbal!

Passa palavra!

Já várias pessoas estão hospitalizadas o assunto é sério. Existe uma mensagem que anda a passar nos telemóveis com mais informação do que a que tenho disponivel, cito: "Incidente. Avaria na rede de água aumenta os niveis de cloro. Deixe correr a água para evitar problemas digestivos pela ingestão. Divulgue a informação."

Além da privatização das águas continuar a fazer azia($$$) ao consumidores de Setúbal, agora a água tornou-se imprópria para consumo!

10.4.07

Inteligência ao serviço da Estupidez

Curta do "Diário Digital":

"Já vimos em filmes de ficção científica. Mas o Robocop dos filmes da década de 80 são uma realidade no Pentágono do século XXI, que usa a ficção científica para evoluir no campo de batalha.

O conceito do guerreiro do futuro do Governo norte-americano é composto por um poderoso esqueleto, camadas de camuflagem que permitem rápida adaptação ao meio ambiente, e um capacete que possibilite a tradução simultânea da voz do soldados para várias línguas.

A armadura será inteligente: flexível na maior parte do tempo e rígida quando o sensor identificar a aproximação de um projéctil.

Segundo noticia o Daily Mail, o soldado biónico pode fazer a sua estreia já em 2020."

O problema, todavia, continua: como podem os soldados defenderem-se da estupidez dos seus oficiais e de quem neles manda?



Imprensa com falta de tesão...

"O jornal britânico Independent on Sunday publicou no primeiro dia de Abril uma notícia que contava o relato de um jardineiro que tinha descoberto, acidentalmente, que uma planta que utilizada numa infusão de chá seria capaz de provocar o mesmo efeito do Viagra, conta a BBC."
(...)
"A informação sobre a planta «milagrosa» resultou num enorme número de telefonemas e e-mails ao Royal Botanic Gardens. O problema é que a suposta notícia do Independent era, afinal, uma engendrada mentira.
No Reino Unido, a tradição de publicar notícias falsas, sem avisar os leitores, no dia das mentiras é encarada como um assunto sério pelos jornalistas apesar de já ter causado muitos mal-entendidos."


(Notícia completa no Portugal Diário)

Sejamos optimistas, aguardemos pelo "Dia da Verdade", todos os dias.


31.3.07

Na muge.

"Antes do 25 de Abril, quem falasse ia preso, agora, se falar, não vai preso, não vai literalmente a lado nehum. A revolução deu-nos o direito de falar, mas ainda falta o direito de sermos ouvidos"

António Vitorino d'Almeida, maestro.
(Correio da Manhã/Êxito (suplemento)/pág.13 - 31 Março de 2007)

Tirando o resto dos dias, é já amanhã.

29.3.07

Imprensa de reverência.

Soube desta pelo “Troll Urbano”.

A malta do PNR decidiu gastar umas massas e, a julgar pelo artigo do DN, partiu o porco (o de barro) e gastou as economias num dos espaços publicitários mais caros da capital. O local escolhido para a propaganda “nacionalista”: à frente do Santander Totta.

Cada um gasta o dinheiro como quer, os do PNR gastam-no a defender aquilo para que foram paridos. Nada de novo, os adolfinhos gostam de aparecer nas alturas de crise económica para acusar as vítimas. O ódio aos mais fracos vende melhor que a tentativa de perceber o que nos atinge, é típico dos cobardes, e mantém os verdadeiros responsáveis da crise incólumes. Os fascistas são isto mesmo, oportunistas, jogam com a ignorância e atiram os mais fracos contra os miseráveis, estão para a sociedade como os ratos para os esgotos: aparecem sempre, basta haver porcaria que os alimente. E a política déjà-vu deste governo “socialista” tresanda…

Olhemos para o cartaz. “Basta de imigração”, “nacionalismo é solução”, um avião a partir e “façam boa viagem” do lado esquerdo do cartaz; do lado direito a fotografia do líder acaba por ocupar quase cinquenta por cento do painel.

Duas imagens, portanto, o avião de partida e o líder. Cá para mim, mais que a “mensagem”, procura-se mesmo é promover o líder. A piloto da TAP?

Vamos à foto do “jornal de referência”. Confirma o que diz o cartaz: dois em cinco trauseuntes são “blacks”, os outros só podem ser eslavos...

Que se lixe a foto e o cartaz. A malta do “jornal de referência” tem tido um trabalhinho danado a falar dos “nacionalistas”. No livro de estilo do “DN” não constam “extrema-direita” nem “fascistas”… dez mangas juntam-se para fazer não sei o quê, lá estão eles "a cobrir". O Bloco de Esquerda e o PCP organizam iniciativas e eles não têm tempo, para não falar dos partidos da esquerda fora do parlamento, esses nem existem.

Há dias o "DN" fez um artigo tendencioso sobre as eleições para a associação de estudantes sobre a Faculdade de Letras de Lisboa onde, mais uma vez, tentaram atirar lama para cima do Bloco de Esquerda. Nem se dignaram ouvir a fonte que acusaram. Sim, porque reproduzir as afirmações de que havia alguém do bloco numa lista fascista é uma acusação grave e uma notícia a explorar até à medula. É o Código Deontológico do Jornalista, estúpidos!

E tudo por 80 votos… foi o que os fascistas obtiveram dos estudantes de letras apesar dos esforços do “DN” e, já agora, do “Público”. 80 contra 800 e tal votos!

Já agora, podiam investigar porque uma lista participada pelo “em vias de extinção” PCP ganhou a associação de estudantes de letras. Para acompanhar o vosso lugar-comum, não acredito que os jovens de letras tenham virado paleontólogos.

Estou mais numa de que os jovens não foram estúpidos ao ponto de confundirem a insegurança de que se queixam com os culpados do costume, aqueles que são acusados pelos fascistas através da mediatização de uma imprensa sempre de reverência.

Actualização: Também o noticiário das 13h00 da RTP entendeu como importante o cartaz. Por ali, já se vê, lêem-se jornais. A RTP que anda tão alheia das actividades e dos debate das esquerdas conseguiu ir até ao Marquês de Pombal. Em contraponto, pelo menos, o comissário das minorias, não me lembro se alto ou não, "A frase do cartaz ['Portugal aos portugueses'] é igual à da extrema-direita francesa".

Aguardam-se novas iniciativas acompanhadas das respectivas coberturas.

26.3.07

Os "zombies" elegeram o morto.

Trinta e tal anos após a foto do façanhudo ter deixado de assombrar as repartições públicas, eis que a RTP o desenterrou. E não fez por menos: proporcionou a um dos ratos que conviveu bem com o esgoto da ditadura a possibilidade de fazer a sua “vendetta” sobre os jovens capitães que mandaram a guerra colonial à merda. “Serviço Público”, dizem, num país em que os manuais escolares ficam com páginas por abrir: as que falam da Guerra Colonial e das prisões políticas.

Lá ganhou morta uma "eleição" a besta que não se atrevia a fazê-las em vida.
Pelo menos desta vez os únicos mortos que votaram foram os neurónios de quem teve a pachorra para assistir e dar cobertura ao pastelão que desculpou o reaparecimento da Maria Elisa na TV.

A desculpa: “o selo de qualidade da BBC”. Como se se pudesse comparar a história da BBC, que sempre conviveu com a democracia, com a RTP - a máquina de propaganda fundada pelo fascismo, o sucedâneo tecnológico de Fátima.

Do alto do gozo que me vai dar ver os artigos de opinião dos politólogos, sociólogos, assistentes-sociais, psicanalistas, treinadores de futebol:
Que pena que todos os vossos eleitos, ó país dos "zombies", não sejam candidatos-cadáver.

Ao menos não teria de suportar o resultado de quando vocês, pobres de espírito, decidem votar nos vivos.

23.2.07

Fazes falta à malta!



"Admito que a Revolução seja uma Utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangivel. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nivel for." Zeca Afonso

21.2.07

Apareceu mais um golfinho morto no Rio Sado (2)

Ainda acerca da relação negativa que o projecto imobiliário da Sonae em Tróia terá com os golfinhos do Rio Sado, não deixe de ler este excelente post .

20.2.07

Apareceu mais um golfinho morto no Rio Sado

O dia de Carnaval não podia acabar pior.
Passeando ao longo da praia que une o Portinho da Arrábida à Praia do Creiro dei com a imagem desoladora de um golfinho morto.
Telefonei para as autoridades marítimas que me disseram que o Parque Natural da Arrábida já estava informado. Não imagino há quanto tempo o Parque tinha sido informado, mas era óbvio que não estava ninguém no local para proteger a carcaça das gaivotas. Conforme se pode verificar pelas fotos, o animal encontrava-se a seco, junto à vegetação e fora da linha de água, dando a entender que ali tinha sido depositado.
O testemunho fica aqui.



A seta assinala o local onde estava a carcaça do golfinho

Não consigo identificar a espécie de golfinho. Uma cria de Roaz Corvineiro - a espécie estuarina que costuma aparecer associada à imagem da Baía de Setúbal mas cuja população foi reduzida a poucas dezenas? Um Boto - outra espécie de golfinho, mais pequena que o roaz, que vive fora do estuário?

Não especulo sobre a causa da morte do golfinho, mas gostaria que fosse tornado público o Porquê destas imagens se terem tornado habituais nas últimas semanas.

Quando já arrancou, abençoado por este governo, o projecto imobiliário promovido pela Sonae na Península de Tróia, que encara o Rio Sado como uma autoestrada para um novo Algarve (por exemplo, deviará o tráfego marítimo para a zona mais frequentada pelos golfinhos do Estuário do Sado - uma autêntica ordem de despejo!), começa a ser tempo de os cidadãos de Setúbal verem que não são só as areias de Tróia que nos vão ser roubadas.

Dê uma passagem por aqui e fique também preocupado.

(Pode utilizar as fotos onde e como quiser)