25.11.09

Hoje é 25 de Novembro

Em 25 de Abril de 1974, a malta veio livremente para a rua.
Em 25 de Novembro de 1975, a malta foi obrigada a ficar em casa.


13.11.09

Vitor Constâncio desejado na Europa

Comentário a uma notícia do "Público"

O meu clube tem um guarda-redes pago a peso de ouro.
De vez em quando faz umas defesas "para a fotografia", atirando-se sobre os avançados de estatura mais pequena, esmagando-os com o seu peso. Todavia, na maioria das ocasiões fica a meio caminho entre os postes e a acção eficaz, tem medo de sair aos pés dos rematadores... distrai-se, encolhe-se e não raras vezes sofre golos ridículos. Compromete a equipa e ajuda a afundar clube na classificação. Em suma, um autêntico "frangueiro".
Por uma sorte que os deuses teriam dificuldade em explicar, aparece um clube internacional a pretender comprá-lo.
Sócio desde pequeno, farto de pagar quotas e ver o clube perder, sussurro: Vendam-no a "custo zero". Já, antes que eles ganhem juízo.

12.11.09

A Vergonha dos Muros


Cartoon copiado do Blog Molotov (PSTU do Brasil)

Enquanto se festeja o aniversário da "Queda do Muro", ergue-se a Vergonha noutros locais do planeta. Na Palestina erige-se o mais ignóbil.
Não há muros justos. Se pensar por um pouco que os muros isolam pessoas e remetem-nas à condição de bestas, qualquer indivíduo(a) bem formado(a) indignar-se-á contra a sua construção.

Os muros são sempre construídos em nome da protecção de uns contra uns tantos, mas é ilusória a protecção que o betão armado constitui para os que têm força para construir muros.
Ao constituírem prisões para comunidades inteiras os muros não fazem mais que acentuar as causas da violência da qual supostamente pretendem constituir uma defesa.
Quem constrói muros sabe disto, não o faz por estupidez mas por um cálculo político que leve a tornar impossível a vida de quem pretende cercar e sujeitar. Não se trata de um engano de nefastas consequências com origem em boas intenções.

Se virmos a coisa noutra perspectiva, o muro cuja queda tem alimentado o foguetório mediático dos últimos dias, o que dividia a Alemanha, não servia só à RDA como a vulgata histórica pretende fazer crer. Dava também um jeitão danado para o controlo da "propagação" do "comunismo" aos que governavam o Ocidente - com a vantagem do investimento económico e o prejuízo político serem do outro lado. Além de justificar um nível de tensão militar que representou o lucro de um complexo militar-industrial que, conforme vimos nos últimos anos, tem uma capacidade terrível de fabricar inimigos e encontrar "novos mercados".
Mas era da vergonha que constitui o muro que Israel está a colocar à Palestina que se falava aqui.

"Ignóbil", sim. Quando quem constrói o muro na Palestina se viu no lugar do sitiado não há mais de sessenta anos, cada placa de betão erguida contra a viabilidade de um Estado Palestiniano é um escarro na memória dos que ficaram do lado de dentro do muro do Gueto de Varsóvia.

Soldados israelitas disparam sobre fazendeiros e activistas dos direitos humanos em Gaza.

Vídeos encontrados por acaso no You Tube.
Nunca os vi nas televisões, mas não foi por acaso.






Perante o silêncio dos media corporativos, o Exército israelita continua o ataque sistemático a civis palestinianos e activistas de Direitos Humanos na Faixa de Gaza.

Na terça-feira, 27 de Janeiro de 2009, em Abassan, as forças israelitas atiraram sobre vários agricultores matando um deles.
Anwar, 27 anos de idade, foi colher salsa e espinafres nas terras agrícolas da aldeia, a cerca de 700 metros da Linha Verde, quando os jipes israelitas abriram fogo com metralhadoras do outro lado da Linha Verde. Fizeram mais de 30 disparos, segundo relataram testemunhas. A maioria dos sete agricultores que trabalhavam na área abrigaram-se da chuva de balas. Todavia, Anwar foi baleado no pescoço morrendo instantaneamente.

Depois do episódio, activistas ocidentais dos Direitos Humanos têm acompanhado a faina dos agricultores de Abassan. Apesar disso, os soldados israelitas continuaram a atacá-los.

Estes vídeos que retratam a intimidação por parte do exército israelita aos camponeses e activistas foram filmados em 3 e 5 de Fevereiro de 2009 na zona onde ocorreu o assassinato de Anwar.

(Este texto é uma adaptação daquele que acompanha os vídeos no You Tube)

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9.11.09

A Crise Económica explicada a burros

A estória que se segue foi "postada" por Leal Franco no Troll Urbano, um blogue devidamente "linkado" aí ao lado. "Direitos de autor" salvaguardados, aí vai:

"Era uma vez, num pequeno e distante vilarejo, apareceu um homem anunciando que compraria burros por € 10,00 cada. Como havia muitos burros na região, os aldeões iniciaram a caçada. O homem comprou centenas de burros a € 10,00, e como os aldeões diminuíram o esforço na caça, o homem anunciou que pagaria € 20,00 por cada burro. Os aldeões foram novamente à caça, mas logo os burros foram escasseando e os aldeões desistiram da busca. A oferta aumentou então para € 25,00 e a quantidade de burros ficou tão reduzida que já não havia mais interesse em caçá-los. O homem então anunciou que compraria cada burro por € 50,00! Mas, como iria à cidade grande, deixaria seu assistente cuidando da compra dos burros. Na ausência do homem, o seu assistente propôs aos aldeões: - "Sabem os burros que o homem vos comprou? Eu posso vendê-los a vocês a € 35,00 cada. Quando o homem voltar da cidade, vocês vendem-nos a ele pelos € 50,00 que ele oferece, e ganham uma boa massa". Os aldeões pegaram em suas economias e compraram todos os burros ao assistente. Os dias passaram-se, e eles nunca mais viram nem o homem, nem o seu assistente: Somente burros por todos os lados."


Moral da estória: Burros são os que vendem os burros
Vocês, não sei, mas eu lembrei-me da EDP, da GALP, da...

5.11.09

Piratas são os que exploram os artistas e os consumidores

A propósito disto, isto:

A "pirataria" é condenável e tal... Todavia, há um facto indesmentível, o de que os "piratas" fizeram mais pela democratização do acesso à informática que os governos ao colocarem à disposição de todos os sistemas operativos para que os computadores pudessem trabalhar. Não? Era capaz de jurar que tirando os adeptos das várias "distros" do Linux poucos têm o seu computador alheado da pirataria... A este nível, com a evolução amigável dos sistemas operativos baseados em Linux (como o Caixa Mágica e o Ubuntu, ambos em português), e com o cada vez melhor Open Office (também disponível em português), já não há necessidade de alimentar a máquina de fazer dinheiro da Microsoft (não venham os adeptos retorquir porque não estou a fazer juízo de valor acerca dos produtos). Quanto ao "download" de música, lendo a lista dos artistas portugueses que participam na campanha, refiro: Downloads? Nem que me pagassem! Lembro apenas que há vários grupos musicais, dos que mais vendem, que disponibilizam as suas músicas para download gratuito. Que as editoras deixem de explorar os consumidores com o preço dos DVD e CD e verão que vendem mais. Lembro os estádios de futebol: vazios e caros.

4.11.09

A Deus o que é de Deus, a César o que é de César

Lê-se no Público de hoje: "Ontem, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, sediado em Estrasburgo, França, pronunciou-se unanimemente sobre uma queixa de uma italiana que pediu a retirada dos crucifixos das salas de aula de uma escola pública onde os seus filhos estudavam."

Trata-se de um assunto que já foi debatido em Portugal, país onde a Constituição continua a ficar à porta de várias instituições que continuam a pensar que Portugal tem uma "religião oficial".
"A Civilização Ocidental tem uma raiz judaico-cristã", ouve-se não raras vezes.
Não é uma "inverdade", mas acaba por se tornar uma "verdade mentirosa" no sentido em que esquece todas as outras raízes culturais, linguísticas e, calcule-se, religiosas que fizeram de nós o que somos.
Os reprodutores do lugar-comum esquecem que além da raiz judaico-cristã há outras raízes na nossa árvore, aquelas que cresceram em contradição no sentido do Conhecimento e da Ciência que a religião sempre travou.
É o mesmo que dizer que não foi só o "Papa" que nos influenciou, mas também a luta contra os seus ditames - lembremos a Reforma, o Iluminismo e as Ideias Liberais, e o Ideal Libertário de várias matizes que tem corrido nas veias de todos os que ao longo dos séculos se têm levantado contra a Injustiça Social...
Como resultado, dessa mistura contraditória e por vezes sanguinária, uma grande conquista civilizacional da Europa: a possibilidade de termos uma convicção religiosa sem sermos perseguidos por ela e, sobretudo, o direito de não sermos "praticantes" ou de não termos nenhuma religião - ainda teórica em muitos sítios, eu sei.

A "cultura da nação" não é una e não é estática, é cruzamento, influência, evolução, involução, o resultado de sementes que ficam de estados de alma conjunturais dos que por cá vive(ra)m.
No nosso caso, um país que foi colonizador não pode deixar de receber o "troco" de quinhentos anos de desvario pelo mundo, o "à volta cá te espero", a chegada à "metrópole" de muita gente que professa outras religiões e costumes que sobraram das que quisemos implantar por aí.
À "antiga portuguesa" convivemos sempre bem com toda a gente desde que "não saia do seu lugar" e que não nos lembre para os considerarmos, no mínimo como gente... quando a coisa se torna azeda, à falta de outro argumento, a "religião oficial" - assim a modos que a lembrar que beatamente muitos gostavam de ser como o Irão, mas piedosamente sem matar gente...

Seria melhor percebermos que a nossa liberdade não pode ser a opressão de outrem. E dar o exemplo. E depois exigir o vice-versa.

Vice-versa... não há aqui menosprezo pela religião muçulmana. Respeito os que nos países de "religião oficial” muçulmana pagam pelo sonho de ver o dia em que Deus não mande por interpostas pessoas no que a César diz respeito.
Em nome desse respeito, não tolero a "canga" que nos querem impor
alguns inimigos declarados da tolerância religiosa que se vai conseguindo manter no Ocidente.

O Estado Laico é a fronteira e a garantia de que a religião é convicção livre de cada um e não uma imposição do Estado ou de uma hierarquia religiosa.

Quando todas as religiões perceberem a utilidade da laicidade do Estado, e a preconizarem, o mundo será um local bem melhor.
Infelizmente, não acredito que as hierarquias religiosas alguma vez cheguem a essa conclusão. Ateu, acredito que não será a Inspiração Divina a impedi-los de lá chegarem.