14.9.11

Setúbal: Parque de Estacionamento da Estação Ferroviária concessionado... às moscas.

 Fevereiro de 2011, quando o negócio do parque
ainda não estava atribuído, e não se cobrava estacionamento.

Setembro de 2011, após a "entrega à exploração".


Entretanto, em frente à estação, nos locais que deviam servir
de paragem apenas para deixar passageiros...

Moral da estória:
Entregar o parque de estacionamento ao negócio encarece a deslocação de quem pretende utilizar o comboio, retira lugares de estacionamento nas zonas urbanas circundantes
e promove o estacionamento abusivo.

Pergunta de quem não vive ajoelhado frente ao altar dos negócios
de alguns em detrimento da qualidade de vida de todos, um "irresponsável", portanto:
Que vantagem tem a Cidade na exploração económica de um parque que
devia ser gratuito para quem utilizasse o transporte ferroviário?

A presidente da câmara de Setúbal, Dores Meira, já foi instada a pronunciar-se sobre a situação na Assembleia Municipal, pelo Bloco de Esquerda por exemplo e por várias vezes, e, tal como em relação à ocupação abusiva dos passeios da cidade pelos automóveis, "não pode fazer nada".
É certo que "não é a câmara que decide", mas deste lado já se ficaria contente em ver-se um empenho tão pró-activo como aquele que o município dedica a actividades que não interessam a mais ninguém e a mais nada que a carteira de quem as organiza... Complicado? Olé!

Em Palmela, mesmo aqui ao lado, após anos do ridículo de um parque vazio cheio de automóveis estacionados em cima da lama circundante, a câmara interveio, e hoje o parque de estacionamento da estação ferroviária serve mais do que para alojar a guarita do segurança...
Lembrou-se aqui Palmela - uma câmara também dirigida pela CDU - para não haver alguém que pense que mais que a intenção de denunciar aqui um ridículo este artigo fosse "mal intencionado".

13.9.11

"Armas silenciosas para guerras tranquilas" (e não só...)

No meio dos e-mails alguém me lembrou as “10 estratégias de manipulação” da Comunicação Social. Trata-se de uma síntese baseada nas teses do linguista norte-americano Noam Chomsky (MIT - Massachusetts Institute of Technology). Como o e-mail indicava a origem (coisa bonita que a própria comunicação social se esquece de fazer) ela aqui está.

Além de reputado linguísta, Noam Chomsky esteve implicado naquilo que mais tarde se tornaria alvo de uma das maiores mobilizações ocorridas em Portugal: Timor Leste. Durante muito tempo o linguista foi a voz solitária que do outro lado do Atlântico mais lutou para tornar visível a chacina que a ditadura Indonésia perpetrou sobre os timorenses.

O título fala em "guerras", mas nem todas são de espada. Extrapolem.


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes. A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir o povo de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área das ciências, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à quinta como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reacção-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este tenha a percepção que participou nas medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público exija novas leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, durante anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários baixíssimos, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é aplicado imediatamente. Segundo, porque o público – a massa – tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá vir a ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO SE DE CRIANÇAS SE TRATASSEM.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos da debilidade mental, como se cada espectador fosse uma criança de idade reduzida ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Porquê? “Se você se dirigir a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a dar uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6- UTILIZAR MUITO MAIS O ASPECTO EMOCIONAL DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do discurso emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e pôr fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para incutir ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de eliminar (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover no público a ideia de que é moda o facto de se ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, de suas capacidades, ou do seu esforço. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o indivíduo autocritica-se e culpabiliza-se, o que gera um estado depressivo, do qual um dos seus efeitos mais comuns, é a inibição da acção. E, sem acção, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado um crescente afastamento entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si próprios.

12.9.11

Assembleia Municpal de Setúbal aprova voto de pesar pelo falecimento de Victor Serra

A  Assembleia Municipal de Setúbal realizada na passada sexta-feira, dia 9 de Setembro, aprovou por unanimidade um voto de pesar pelo falecimento de Victor Serra apresentado pela bancada do Bloco de Esquerda.
Durante a apreciação do voto de pesar, o deputado municipal Chocolate Contradanças, do Partido Socialista, leu parte de um poema de Victor Serra - com quem havia convivido no antigo Círculo Cultural de Setúbal. Por seu turno, o deputado José Tavares da Silva, do Bloco de Esquerda, propôs à presidente de câmara, Dores Meira, que fosse dado o nome do poeta e activista cultural setubalense a uma das salas do renovado Círculo Cultural de Setúbal.



"Voto de Pesar
pelo falecimento de Victor Serra

A Assembleia Municipal de Setúbal pretende deixar registado na memória futura o seu agradecimento público a Victor Serra pelos serviços que este prestou a esta Cidade de Setúbal.
Distinguindo-se pela sua actividade de muitos anos em prol da Cultura, Victor Serra deixou um legado notável que pode ser testemunhado na quantidade de vezes que o seu nome aparece associado à fundação de organizações e iniciativas que se inscrevem no que de mais relevante aconteceu neste concelho em termos culturais nas últimas décadas.
Cidadão de corpo inteiro, Victor Serra amou e promoveu Setúbal com a mesma intensidade com que se empenhou na crítica daquilo que queria modificar. Victor Serra não foi indiferente e fez questão de nunca passar por indiferente.
A Assembleia Municipal de Setúbal associa-se, assim, ao sentimento de perda que o desaparecimento recente de Victor Serra trouxe aos seus filhos, companheira e amigos."