Até há poucos anos só se podia ter acesso a esta praia através de carreiros de pescadores, serra abaixo, ou pelo areal, entrando-se pelo Portinho da Arrábida. A construção de vários parques de estacionamento veio substituir os antigos caminhos, e hoje é possível deixar o carro num desses parques e percorrer algumas dezenas de metros de escadaria até onde o Rio Sado se encontra com o oceano.
Para evitar o escorrimento de lamas através do alcatrão "invasor", foi montado um sistema de drenagem das águas pluviais que desagua no fundo da encosta num filtro natural de pedras de diversas espessuras que absorve e filtra a água que é conduzida ao subsolo junto à areia da praia.
À esquerda do início da escadaria que conduz à Praia do Creiro, há uma pequena escavação arqueológica que mostra um pouco do que resta da ocupação romana da zona. Bem documentada, tem uma belíssima vista para o Portinho. Um lugar magnífico para se estar.
Quase no fundo da descida, vale a pena deixar a escadaria e apreciar um trabalho de azulejaria que enquadra a Fonte da Paciência. Há diversos bancos para se estar. Esta fonte é usada sobretudo por quem vem da praia e ali quer deixar os últimos grãos de areia antes de entrar no carro.
Os parques de estacionamento não são gratuitos, mas não são os serviços do Parque Natural da Arrábida que cobram o que quer que seja: logo que o sol começa a fazer sentir o seu calor aparecem por lá uns funcionários da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão que cobram pelo estacionamento – este ano são 2 Euros, um preço vem aumentando de ano para ano.
Para quem não quer ou não pode pagar há um pequeno parque no cimo da serra ou, como acontece na época alta, a borda da estrada. Quando os parques de estacionamento estão cheios, os diligentes funcionários da Santa Casa até cobram pelo estacionamento à beira da estrada que conduz aos parques, não se perde um cêntimo...
Para que serve, afinal, o dinheiro do estacionamento?
Não sendo muito agradável ter de pagar pelo estacionamento após os 20 quilómetros Arrábida acima e Serra abaixo (no caso dos setubalenses), seria legítimo que se fosse confrontado com a justificação de que os 2 Euros seriam para o fundo do Parque Natural da Arrábida. Uma fonte de receitas para proteger e melhorar o usufruto daquilo que é de todos e também dos que ainda não nasceram - é esta a filosofia dos parques naturais, deixar algo como era, livre do presente, para o futuro.
Poder-se-ia afirmar, deixando difícil a réplica, que os muitos Euros pagos pelos milhares de automobilistas que utilizam o parque durante a Primavera e o Verão serviriam para arranjar os miradoiros que há no cimo da Serra da Arrábida, para lhes colocar bancos, binóculos, mapas, cartazes explicativos da fauna e flora que se pode observar... para pagar a patrulhas da natureza, a pessoal com formação para explicar aos turistas o que estão a ver.
Não é isto que acontece. Não há nada a explicar nada nos locais mais frequentados pelas pessoas. Há buracos, lama e nem sítios de recolha de lixo se conseguem vislumbrar - num parque natural!
Correndo o risco de que alguma daquela verba, que é sacada aos automobilistas, vá parar aos cofres do Parque, custa-me perceber a associação com a Santa Casa - uma das instituições com as mais lucrativas fontes de financiamento do país.
Ainda por cima quando parte do equipamento que tão idilicamente descrevi acima está ao votado ao abandono: