31.8.09

Vai começar em Setúbal o 25º Festroia

Deixá-los regressar, isso sim, seria desistir.

E-mail enviado por mão amiga:


«Mención especial merecen los carteles de Ferreira Leite que jalonan las carreteras portuguesas. "Não desista. Todos somos precisos", reza. Pero la desolada foto en blanco y negro de la candidata, sin maquillar, podría hacer pensar a los turistas que visitan el Algarve que se trata del mensaje de una asociación de apoyo a la tercera edad o de prevención del suicidio.»

Jordi Joan, jornal La Vanguardia


26.8.09

Não falta quem avise...

Chapa 4!


No Diário de Notícias de hoje. A mesma foto ilustra duas notícias completamente diferentes.
Falta explicar se a imagem diz respeito à "violência" na Quinta da Princesa ou à "violência" no Afeganistão.
Eu seria capaz de jurar que é uma foto de arquivo, da "violência" na Bela Vista.
Ainda bem que há sítios assim, tão "parecidos", para fazerem ganhar o dia estereotipado dos jornais - se quiser, dos jornais estereotipados.


24.8.09

Acerca do debate sobre Setúbal na "TVI 24"

Aproveitando o atalho colocado aí em baixo pelo "Zelig", pude ver finalmente o debate autárquico sobre Setúbal que passou na "TVI 24". Uma opinião escrita ao sabor do teclado.

O candidato do PP esgrimiu o mediático tema da insegurança e não conseguiu avançar com ideia nenhuma... sobre o combate à insegurança.
O tema, aliás, foi maltratado, no sentido em que a insegurança na parte histórica é potenciada pela falta de gente no centro da cidade - uma responsabilidade do PS (16 anos de governo camarário que ignorou por completo o centro a favor das novas construções) e do PCP (8 anos, e só no fim do mandato mexeu nas tarifas camarárias como forma de incentivar a recuperação das habitações). Penso que o candidato do BE colocou a questão no sítio certo.

Sobre o "crescimento" da cidade, a Nova Setúbal, fiquei a saber que a candidata Teresa Almeida tem o objectivo de chegar aos 200 mil cidadãos - se isto já é um caso sério com 100 mil...
Notei que esta candidata não avançou ideia nenhuma para a cidade. Aliás, nem se lembra que é ao partido dela que se podem assacar os principais problemas que afligem Setúbal - fico quase convencido que a senhora não é de cá, "veio ver a bola".
No caso de Tróia, desculpabilizou miseravelmente o seu correlegionário de Grândola ao mesmo tempo que atacava a candidata da CDU cuja culpa no assunto foi a de acreditar no Pai Natal...

O candidato do PSD elencou algumas ideias... do Bloco de Esquerda de há oito anos, exemplo: a utilização do Quartel do 11. Teve o condão de, a propósito de respostas a perguntas do jornalista, ter conseguido inserir no debate alguns temas antes dos demais.
O termo "barriga de aluguer" fê-lo responder ao candidato do Álbérico Afonso, do BE, para proclamar a sua "inocência" em relação ao PSD - o tal que prolongou o mandato da Secil na Arrábida. Foi esta capacidade de interferir que fez o partido que ele diz que não é o seu, mas sob cuja bandeira se apresenta, afirmar a vitória no debate.

Dores Meira esteve na defensiva, o que seria natural atendendo à sua posição de governante. Ficámos a saber que tem em carteira 40 milhões em obras para o concelho - não sei se me hei-de regozijar ou ficar preocupado.

O candidato do BE esteve bem... nas poucas intervenções que fez. A boa educação e o respeito pelas regras, e falar quando é solicitado, "não compensam" em televisão. De qualquer forma, para proveito do Bloco de Esquerda, demonstrou seriedade na forma como abordou os temas.

Gostei particularmente da acusação de Dores Meira (CDU) a Teresa de Almeida (PS) de que o Polis veio para Setúbal por troca com a co-incineração na Secil. É verdade. Como é verdade que um projecto que - apesar de ter nascido enviesado - podia ter melhorado muito a zona ribeirinha foi "co-incinerado" pelos dois partidos que incompetentemente têm governado a cidade.

Frases de campanha para Setúbal

Dores Meira (CDU),
a esperança perdida, neste caso traída.

Teresa Almeida (PS)
o criminoso regressa sempre ao local do crime.

Jorge Santana (o "In" dependente do PSD)
diz-me com quem andas...

O gajo do CDS, quem?
só por piada não? O Cristão mas pouco.

Debate entre Candidatos à Câmara Municipal de Setúbal‏

Para quem não viu o debate, já que a TVI 24
trocou o horário da transmissão.


aqui está o link:
http://www.videos.iol.pt/consola.php?projecto=27&pagina_actual=1&mul_id=13158775&tipo_conteudo=1&tipo=2&referer=1

Só mesmo o candidato do Bloco é decente,
o resto é mais do mesmo... já basta!

22.8.09

O mesmo de sempre.

Par de cartazes junto ao Jardim do Quebedo, Setúbal.
O cartaz da direita é da candidata do PS, Teresa Almeida,
ex-vereadora de Mata Cáceres (PS)
que (des)governou a Cidade de Setúbal durante 16 anos.
Foto tirada de um telemóvel durante um semáforo vermelho.
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Hoje joga o Vitória

"Cosendo os buracos da bandeira"
Foto obtida com um telemóvel. Cor tratada com software de edição de imagens.

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Começa hoje em Setúbal a "Festa do Teatro"


Dia 22 de Agosto, às 19h00, Sessão de Abertura no Salão Nobre da C.M.S. com “Moscatel acompanhado de Tiro ao Alvo”pelo Teatro Estúdio Fontenova.

Às 22 horas, nos Claustros do Convento de Jesus, “Uma Rampa par ti” pelo FIAR – Centro de Artes de Rua de Palmela



Do teatro, música, curtas-metragens, oficina de teatro, debates, espaço do conto, aos espectáculos de sala e de rua, formas artísticas emergentes e de natureza pluridisciplinar, a Festa continua a ser um interlocutor entre os artistas e a comunidade.

(…) Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.

Teatro não pode ser apenas um evento – é forma de vida! Actores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a Transforma! (…)

Augusto Boal

De 22 Agosto a 5 de Setembro, a Festa Faz-se!


PROGRAMA

AGOSTO
22> 19h> Salão Nobre> Sessão de Abertura – Teatro Estúdio Fontenova

22> 22h> Claustros do Convento de Jesus> Uma Rampa para ti – FiarCentro de Artes de Rua de Palmela

23> 22h> Auditório José Afonso> Humanum Fatum – PIA – Projectos de Intervenção Artística.
24> 22h> Escola Sebastião da Gama> Oro8oro – Teatro Estúdio Fontenova

26> 22h> Escola Sebastião da Gama> Le tour du monde en 80 voix – Khalid K, França

27> 22h> Clube Setubalense> Mostra de Curtas-metragens – Experimentáculo

28> 22h> Escola Sebastião da Gama> Cafundó – Onde o Vento Faz a Curva – CIA D’Artes do Brasil

28>22h > Cine Teatro - S. João/Palmela > Le tour du monde en 80 voix – Khalid K, (França)

29>19h |21h | 22h30> Praça do Bocage> Luto Clandestino – Teatro O bando

30> 22h> Clube Setubalense> Narrador, narra-me uma narrativa… – Teatro Estúdio Fontenova

31> 22h> Academia Problemática e Obscura (R. Deputado Henrique Cardoso) – Conversas de TeatroO Teatro como Poder – Fernando Dacosta

SETEMBRO
02> 22h> Parque do Bonfim> As Justiceiras – Teatro ao Largo

03> 22h> Escola Sebastião da Gama> Canção do Vale – Teatro dos Aloés

04> 22h> Escola Sebastião da Gama> Apresentação do Trabalho final da Oficina de teatro/ Educação para a Cidadania e Inclusão

05> 22h> Escola Sebastião da Gama> Apresentação do Trabalho final da Oficina de Teatro/ Educação para a Cidadania e Inclusão

05> 23h> Claustros do Convento de Jesus> Concerto com Baile Mandado –Bailebúrdia

Entrada livre

Mais informações em: www.teatrofontenova.blogspot.com

14.8.09

“Setúbal foi muito má madrasta para nós”

Notícia publicada em "O Setubalense"

Abrir aspas:

Clube de Aeromodelismo troca Setúbal por Palmela

O Clube de Aeromodelismo de Setúbal (CAS) está a mudar-se de “armas e bagagens” para Palmela, implicando a mudança de nome para Clube de Radiomodelismo de Palmela. Os dirigentes lamentam a “falta de apoios” na cidade, que dizem ter encontrado na vizinha vila.

“É com muita tristeza que decidimos sair da nossa cidade para Palmela, mas chegámos ao ponto de não ter outra solução; ou morríamos, ou continuávamos a trabalhar em prol da sociedade.” A revelação, num misto de desabafo e desilusão, é do presidente do Clube de Aeromodelismo de Setúbal (CAS).

A última sede social do CAS foi em Vale de Cobro, no local onde agora existe o posto de abastecimento de combustíveis. “Sabíamos que estávamos provisoriamente e, há cerca de um ano, o ‘Jumbo’ instalou ali as bombas. Ainda sugerimos montar um pré-fabricado na lateral das bombas, mas a Câmara não autorizou, e esse espaço não passa agora de lixeira,” refere Domingos Flores.

A Câmara disponibilizou instalações sociais no bairro da Bela Vista, mas nunca foi hipótese admitida. “Por vezes, funcionamos fora de horas de expediente, mobilizamos jovens, e sabe-se da falta de condições que a zona oferece, até pela experiência das entidades/instituições lá radicadas,” atira o dirigente.

Sem o mínimo de condições para a prática do aeromodelismo, o clube diz ter chegado a um “beco sem saída”, na continuação de actividade na terra onde nasceu, há 27 anos. “Sem sede e sem pista, não podemos continuar. A nossa missão é fazer voar os aparelhos, mas também temos um cariz social e didáctico, porquanto damos formação prática e teórica à miudagem que nos procura,” defende Domingos Flores.

“Esta direcção está desiludida depois de todo este trabalho. Elevámos o CAS a um lugar de destaque nacional, num universo de 80 clubes de aeromodelismo, dos quais recebemos reconhecimento. Só na nossa terra, é o que se tem visto…”, desabafou, ainda, Domingos Flores.

De resto, independentemente da futura sede naquele concelho, o ainda CAS está a ultimar a sua pista, de 200 metros de comprimento, cedido a título provisório, perto do Kartódromo Internacional (KIP), pelo seu proprietário, antigo praticante de aeromodelismo. Quanto à necessária reformulação, está em curso a criação de estatutos para o futuro clube.

Para além da pista na Sapec, nos primórdios do CAS, nunca mais esta colectividade teve um espaço para treinos e formação em Setúbal. Desde há muito que a alternativa é uma pista, em Poceirão, igualmente cedida graciosamente.

Fundado há 27 anos (em 1982), o CAS é o sócio n.º 4, filiado e fundador da Federação Portuguesa de Aeromodelismo. Os dirigentes garantem que, caso tivessem condições nesta cidade, trariam para cá uma prova de cariz internacional. “Provavelmente, é isso que vai acontecer em Palmela,” alvitrou o dirigente a «O Setubalense».

FILIAL Amanhã, sábado, o CAS vai participar no encontro comemorativo do 1.º aniversário da secção do CAS-Valongo, uma filial do clube setubalense. “Foi um sócio nosso que, fascinado por esta actividade, resolveu fundar um clube em Valongo, por nós apadrinhado,” explicou o líder directivo do CAS. “Por incrível que possa parecer, essa secção de Valongo tem todas as condições, inclusivé uma pista de razoáveis dimensões para a prática deste desporto”, lembra o dirigente, para quem não restam dúvidas: “Setúbal foi muito má madrasta para nós.”

Fechar Aspas

Artigo assinado por Teodoro João

Onde é que já ouvi isto?

A propósito disto, isto:

Um tipo/a para dar de comer aos filhos deve sujeitar-se limpar-vos o cu, senhores “doutores”, não porque sois deficientes motores (o que seria um trabalho digno), mas porque padeceis de atraso de mentalidade, para reduzir o vosso complexo de inferioridade e satisfazer-vos o ego recalcado de pequeno-burgueses.

O povo costuma dizer para “não servir a quem serviu”. Não é apenas intuição: lembremos a génese psicológica dos movimentos fascistas e a raiz do seu suporte social. “Arbeit macht frei!”, propõem por aqui os do costume. O trabalho não é dignidade, é castigo.

“Salò ou os 120 Dias de Sodoma” retrata-vos bem. A todos vós, que assim pensais, dedico esta colagem do poema de Alberto Pimenta.

I
o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.

o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz

e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta.

no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta.

todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

o pequeno filho-da-puta
foi concebido

pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.

é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande

tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:

o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.

II
o grande filho-da-puta
também em certos casos começa
por ser
um pequeno filho-da-puta,
e não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta
que já nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o grande filho-da-puta.

o grande
filho-da-puta
tem uma grande
visão das coisas

e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho-da-puta.

por isso
o grande filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o grande filho-da-puta.

todos
os pequenos filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

dentro do
grande filho-da-puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

o grande filho-da-puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho-da-puta.

é o grande
filho-da-puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o pequeno filho-da-puta,
diz o grande filho-da-puta.

de resto,
o grande filho-da-puta vê
com bons olhos
a multiplicação
do pequeno filho-da-puta:
o grande filho-da-puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja, o grande filho-da-puta.

Alberto Pimenta

13.8.09

"Isso é lá fora. Aqui é Portugal"

Inaugura-se aqui a rubrica "Entre Aspas"
Retratos do Portugal verdadeiro, sem comentários.

Notícia publicada no Jornal de Notícias.
Abrem-se aspas:

Desiste da bicicleta depois de multa

Um professor foi multado por andar de bicicleta num passeio do Porto. José Maria Sá está incrédulo. Diz que só tinha preocupações ambientais. Mas com isto desiste. Vai voltar a andar de carro e talvez comprar uma "Vespa".

O caso deu-se no passado dia 17 de Julho, pelas 18.20 horas, mas José Maria apenas recebeu a multa no passado dia 4. O professor de Geografia da Escola Secundária Aurélia de Sousa, no Porto, regressava a casa de um passeio de bicicleta. No Largo de Campo Lindo subiu ao passeio, para evitar circular em sentido contrário na Rua Costa e Almeida, a dois minutos da sua residência. Andou poucos segundos na bicicleta até ser confrontado por um agente, que saía de uma viatura, estacionada entre a Casa da Cultura da Junta de Freguesia de Paranhos e a Esquadra da PSP.

"Parei para o agente passar. Reconheço que devia ter ignorado o comentário dele de que o passeio era para os peões. Mas fiquei incrédulo e disse-lhe isso mesmo. Ele insistiu e disse que podia ser multado", relata, ao JN, garantindo: "Tenho sempre o máximo de cautela com os peões.

O professor argumentou que em vários países europeus fomenta-se o uso de bicicleta, por questões ambientais, e lamentou o facto de no Porto existirem poucas condições para o uso daquele veículo. "Problema seu", terá respondido o agente, acrescentando: "Isso é lá fora. Aqui é Portugal". José Maria acabou multado em 60 euros, segundo o nº 1 do artº 17º do Código da Estrada (ver caixa).

Foi em Novembro que o professor trocou o automóvel pela bicicleta, inspirado nas realidades que presenciou em vários países europeus e pelo filme de Al Gore "Uma Verdade Inconveniente". "Comprei uma bicicleta de passeio, holandesa, com todas as condições, porque tem custos zero para o ambiente", sublinha.

Mas agora está farto. São diários os casos de mau civismo. E já foi atropelado por um automóvel na Rua da Constituição. A multa foi a gota de água. "Estou cansado e a pensar desistir", diz. José Maria tenciona voltar a usar, assim, o automóvel e talvez comprar uma vespa. "Sei que também é poluente. Mas eu tentei", lamenta.

Fecham-se aspas

(Artigo assinado por Hermana Cruz, JN)


3.8.09

Amigo, maior que o pensamento.

O Zeca e eu. Soube da sua existência pela capa modesta de um pequeno livro de poesia que um parceiro de carteira do liceu me passou para as mãos, ainda a madrugada de Abril estava longe de iluminar este pais de lágrimas de mães de soldados rasuradas a azul.
Li o livro mais pela transgressão adolescente do que pelas rimas - um amor que a escola nunca me despertara. Poesia "difícil", explicada por amigos. A poesia e as musas que a inspiravam.
Eram os tempos em que o "Impulso" voava sobre as cabeças dos estudantes da Amadora, palavras novas, contra a Guerra Colonial e a repressão policial. Agarrei um panfleto, agarrei o destino.
Depois, o cantor das músicas que se tornaram a banda sonora dos meus tempos felizes. Por essa altura eu já descobrira que era um puto que tinha o privilégio de viver a História fora dos manuais escolares. E já fizera chegar a sua poesia a outros miúdos que não sabiam que gostavam de palavras difíceis.
Anos mais tarde, migrado por paixão para a mesma cidade que também ele fizera a sua, habituei-me a vê-lo no café "Tamar", junto à rodoviária dos "Belos". Estava sentado na mesa do fundo, rodeado de malta que acabara de sair das fábricas e de gargalhadas que respondiam ao seu humor cáustico.
Quando a doença no-lo roubou, recordo uma cidade enlutada e as palavras de um companheiro que também pediu dispensa nesse dia: "Somos órfãos".


Manifesto "Zeca Afonso, 80 Anos"
(clicar nas imagens para se ter acesso ao texto)

Clip promocional do álbum "Galinhas do Mato" (1985)
Foi filmado em Setúbal.

Conseguido através do sítio da
Associação José Afonso