28.8.06

Segundo o "Expresso": No Socialismo não haverá motos.


O "Expresso" do último fim-de-semana dispensa algumas colunas ao caso Carlos de Sousa. Pelo caminho esclarece que afinal é legal a atitude que o PCP tomou. "Injusta", considera o afastado. Os eleitores, estes, é que ainda não sabem se se livraram de um mau presidente de câmara ou se ganharam uma presidente pior. O PCP não deixou.

Depois o perfil: "Comunista e Católico", assim está titulado o texto a negrito.
Afinal o que se passou em Setúbal terá sido uma atitude anticlerical e a tendência pró-vaticano estará a perder influência no PCP. Mas não só, a causa do afastamento do católico ainda é mais maquiavélica, a crer no que se lê no final do texto: "Carlos de Sousa deixou-se tentar por alguns prazeres burgueses [sem aspas nem nada]. Por exemplo, para descontrair, gosta de passear de moto na Serra da Arrábida".
Tanta especulação por causa do afastamento de Carlos de Sousa e bastou-me aceder ao "Expresso" para saber logo duas!

Pelo caminho fiquei a saber também que a pica que me dá passear de motoreta na Arrábida faz de mim um burguês! Bem, como a Yamaha só tem 50 cc serei só pequeno-burguês, né?

Um "apontamento de reportagem", um fait diver com reminiscências de uma juventude estalinista direi eu.

26.8.06

PCP afastou Carlos de Sousa e não se explicou aos eleitores.

A possível perda de mandato por irregularidades na gestão municipal, nomeadamente na forma como alguns funcionários alcançaram a reforma, virou as atenções para um dos autarcas-modelo do PCP, Carlos de Sousa.

O assunto acabou secundarizado pela demissão “compulsiva” do presidente do município de Setúbal, pelo seu próprio partido. Pelo caminho, uma cobertura mediática superior àquela que o PCP quereria, mas insuficiente para deixar os eleitores setubalenses esclarecidos. E ficou por se saber onde estava o fogo que gerou tanto fumo.

Foi a modos que o rebentar de algumas bolhas na superfície do pântano. Afinal talvez houvesse vida debaixo dos limos, houve quem pensasse. Mas o zum-zum dos mosquitos do costume embalou tudo até ao sono normalizador.

Rapidamente deixou de ter importância a notícia que dava o então presidente do município de Setúbal como presumível autor de "ilegalidades" na gestão municipal. A fuga de informação - mais uma - deixou de ter importância. Beneficiário de tanta "solidariedade", que comove ver escorrer por aí, ninguém pareceu importar-se com a afirmação de Carlos de Sousa no dia em que apresentou a demissão: não chegara à Câmara Municipal de Setúbal nenhum documento igual ao que o culpabilizou nas mesas das redacções.

Poucos questionaram mais esta demonstração da Fuga de Informação como arma de combate político. Ninguém estremeceu perante um jornalismo que já nem questiona a origem das fontes e se deixa co-incinerar na fogueira dos interesses.

A discussão não é esta. O que se anda a debater por é se o PCP tem legitimidade para substituir “quem o povo elegeu”:
- Fala-se de “perseguição política” por parte do PCP ao seu “autarca modelo”, mas ninguém consegue apontar ao afastado uma centelha de rebeldia que justifique a perseguição;
- Atira-se com o “renovador” para a frente, sem que se vislumbre no epíteto uma correspondência política que ilumine a escuridão do debate político intestino do partido a que Carlos Sousa sempre pertenceu e serviu.

E sobretudo, esquece-se o que há: a “Nova Setúbal”, a trapalhada do “Polis”, a privatização da recolha dos lixos, o embuste de Tróia, a empresa da Feira de Sant'Iago, os avençados a metro...

Assim:
Ou Carlos Sousa foi corrido porque estava a resistir a esta vaga de “modernização” ao serviço dos especuladores de Setúbal, que o PCP apoiaria;
Ou estas “realizações” não faziam parte do programa do PCP quando este concorreu para o município e o partido está a defender-se.

No mínimo serão capazes de supor que terão ocorrido contradições azedas (não vou chamar-lhes debates porque o grosso dos militantes ficou à margem da situação e está confundido) no interior da organização a questionar as opções de crescimento. E que só a crise organizativa, a burocracia e o carneirismo da organização local do partido deixaram que a situação chegasse a um ponto tal que a direcção central tivesse de se impor sob pena de vir a ser apontada ao lado dos melhores traficantes de influências da Cidade de Setúbal.

Mesmo neste último caso, aquele em que supostamente o programa estava a ser “atraiçoado”, não reconhecem ao partido o direito de intervir? Eu reconheço, mesmo sem saber se foi em defesa do programa que o partido interveio.

Não são as pessoas que devem ser responsabilizadas pela governação mas os partidos que as escolhem - partidos com caras, bem entendido. Mas não se deixem arrastar para essa moda do personalismo político tão ao gosto de uma certa comunicação social que pretende dissolver dessa forma o velho desafio do marinheiro ao Adamastor de que quem ia ao leme não era só ele.

A comunicação social faz isso porque é essa a sua agenda des-socialização das opiniões (uns, os outros nem sabem o que isso é , fazem-no por mimetismo)

O que está em questão não é o direito do PCP fazer a substituição do presidente da câmara. A lei permite-o e a permissão não me ofende. O que está em causa é fazê-lo sem explicar aos munícipes o Porquê!

O que irrita é tratarem os eleitores, até os próprios militantes, como estúpidos, como se fossem as abéculas burocráticas e abana-cabeças dos sindicatos-partido!

De qualquer forma, as pessoas não deixarão de perguntar por que é que esteve tudo bem até agora e de repente o candidato mais jovial do PCP, o motard, o visitante assíduo do Fórum de Porto Alegre, necessita de ser rejuvenescido por uma presidente cujo nível cultural (a julgar pelas amostras) é capaz de provocar pesadelos ao Rúben de Carvalho.

Por fim:
Na mesma discussão que referi atrás debate-se se o partido per si vale mais votos que Carlos Sousa, ou o contrário... Poupem-me!

A ver a realidade política pelas lentes dos comentadores da SIC e do Expresso ainda acabam desesperados à espera da homilia dominical do Marcelo para terem assunto de debate político.

E olhem que aquela de ter os “bitaites” do José Manuel Fernandes do “Público” como referência para introduzir a discussão sobre o futuro próximo do próprio partido não é bom sinal.

Esta Maria já dá Dores.

A questão da possível necessidade de “dissolver a câmara de Setúbal”, inscrita a fogo no embrulho dos jornais e dos telejornais, foi rapidamente substituída pela onda de indignação pela substituição do primeiro pela terceira da lista dos candidatos da CDU às últimas eleições para o cadeirão da Praça do Bocage. Uma cólera motivada pelo facto do vereador dos Verdes, André Martins, se ver ultrapassado por uma decisão unilateral do PCP sem que a coligação CDU, pelo que se saiba, tenha reunido “ao mais alto nível” para decidir...

Só posso estar a reinar? Estou.

Enfim, ficámos a saber que a vereadora da Cultura, Maria das Dores Meira, assegurará o leme da cidade à beira-Sado nascida. Posso assegurar desde já que, depois destes anos todos (e de Toy, muito Toy!) ninguém dará pela falta da vereadora da cultura - o que lhe deixará a agenda vazia para se dedicar de corpo e alma ao que tem pela frente.

E foi já hoje que a senhora teve a oportunidade de demonstrar que está com os setubalenses, pelo menos com aqueles que embarcaram na esquadra de barcos de regalo (é assim que os setubalenses chamam as embarcações de recreio) e motos de água que buzinaram Rio Sado afora protestando contra a proibição da passagem ou ancoragem a menos de 450 metros da costa da Arrábida, no troço entre a Praia da Figueirinha e o Portinho da Arrábida.

Teria sido uma óptima oportunidade para a nova presidente consultar o seu vereador do ambiente. Se ele fosse mesmo “verde” dir-lhe-ia que a decisão de impedir a pesca e o trânsito na zona é absolutamente correcta:

- Quem conhece o fundo do rio da zona sabe que ele está completamente rapado por hordas consecutivas de arrastos e mergulhos ilegais (que a ameijoa, o ligueirão, o berbigão e o pé-de-burro estão a desaparecer);

- Que o que devia ser um porto de abrigo, o Portinho da Arrábida, está transformado num embarcadouro permanente de embarcações de recreio e que o seu fundo outrora rico em peixe - porque tinha vegetação – não passa de um areal cada vez maior;

- Quem frequenta as praias da autoestrada aquática agora proibida, como as praias de Galapos, Galapinhos, dos Coelhos e o Creiro, sabe perfeitamente que no Verão e aos fins-de-semana é quase impossível nadar em segurança na zona, tal é o movimento doido de motos de água, tal é a arrogância daqueles que fazem estadia a poucos metros do início do areal como se as praias fossem só suas, e sabe também que já houve acidentes.

O pivete a gasolina, o barulho a avenida em hora-de-ponta não tem nada a ver com aquilo que se procura num Parque Natural.

Apoiar os totós das motos de água é o mesmo que suportar os grunhos dos jipes que atiram para fora dos trilhos da Arrábida quem se passeia de bicicleta. Uns e outros não conseguem ver a natureza sem a banda sonora dos motores a roncar.

Reservem-lhes um canal no rio e um pedaço da areia de Tróia para o seu exibicionismo.
Deixem os outros em Paz!


22.8.06

Uma transparência cada vez mais "invisivel"!


O Governo esclareceu esta segunda-feira que as nomeações por escolha para os gabinetes e para a Função Pública continuarão a ser publicadas no Diário da República.
Em conferência de imprensa, o secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, explicou que a não publicação em Diário da República dos contratos de trabalho dos funcionários do Estado diz respeito apenas aos contratos com prazo.
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" O Perfume" está pronto...


Assim que soube que o brilhante romance de Patrick Suskind iria passar a figurar numa tela de cinema, o sentimento que me percorreu foi de medo... não podia conceber que a viagem monstruosa e embriagante na busca da essência perfeita, de odor em odor, de Jean-Baptiste Grenouille pudesse ser transmitida fora das palavras de Suskind.
Acerca do realizador (Tom Tykwer) pouco conheço, mas o facto de Andrew Birkin (que também esteve envolvido na adaptação de “ O Nome da Rosa” de Umberto Eco, e que fez um excelente trabalho por sinal) fez com que os meus receios se atenuassem, alem disso o elenco parece-me bom com Dustin Hoffman, Alan Rickman e Ben Whishaw no papel de Grenouille. Deixo-vos aqui o site do filme no qual podem ver o aliciante trailer, e o intrigante teaser trailer, pena estar em alemão o site, mas já dá para fazer sentir o "cheiro".

10.8.06

Nem de propósito

Capa do primeiro álbum editado
pela banda italiana "Alphataurus".
Ano: 1973. Género: Rock Progressivo.
(para ver imagem expandida clicar sobre ela)

8.8.06

Incúria no Creiro

A Praia do Creiro é uma das mais bonitas da Arrábida, é a praia que tem à sua frente uma pequena ilhota, lar de gaivotas, conhecida por Pedra da Anicha.

Até há poucos anos só se podia ter acesso a esta praia através de carreiros de pescadores, serra abaixo, ou pelo areal, entrando-se pelo Portinho da Arrábida. A construção de vários parques de estacionamento veio substituir os antigos caminhos, e hoje é possível deixar o carro num desses parques e percorrer algumas dezenas de metros de escadaria até onde o Rio Sado se encontra com o oceano.

Para evitar o escorrimento de lamas através do alcatrão "invasor", foi montado um sistema de drenagem das águas pluviais que desagua no fundo da encosta num filtro natural de pedras de diversas espessuras que absorve e filtra a água que é conduzida ao subsolo junto à areia da praia.

À esquerda do início da escadaria que conduz à Praia do Creiro, há uma pequena escavação arqueológica que mostra um pouco do que resta da ocupação romana da zona. Bem documentada, tem uma belíssima vista para o Portinho. Um lugar magnífico para se estar.

Quase no fundo da descida, vale a pena deixar a escadaria e apreciar um trabalho de azulejaria que enquadra a Fonte da Paciência. Há diversos bancos para se estar. Esta fonte é usada sobretudo por quem vem da praia e ali quer deixar os últimos grãos de areia antes de entrar no carro.

Os parques de estacionamento não são gratuitos, mas não são os serviços do Parque Natural da Arrábida que cobram o que quer que seja: logo que o sol começa a fazer sentir o seu calor aparecem por lá uns funcionários da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão que cobram pelo estacionamento – este ano são 2 Euros, um preço vem aumentando de ano para ano.

Para quem não quer ou não pode pagar há um pequeno parque no cimo da serra ou, como acontece na época alta, a borda da estrada. Quando os parques de estacionamento estão cheios, os diligentes funcionários da Santa Casa até cobram pelo estacionamento à beira da estrada que conduz aos parques, não se perde um cêntimo...

Para que serve, afinal, o dinheiro do estacionamento?

Não sendo muito agradável ter de pagar pelo estacionamento após os 20 quilómetros Arrábida acima e Serra abaixo (no caso dos setubalenses), seria legítimo que se fosse confrontado com a justificação de que os 2 Euros seriam para o fundo do Parque Natural da Arrábida. Uma fonte de receitas para proteger e melhorar o usufruto daquilo que é de todos e também dos que ainda não nasceram - é esta a filosofia dos parques naturais, deixar algo como era, livre do presente, para o futuro.

Poder-se-ia afirmar, deixando difícil a réplica, que os muitos Euros pagos pelos milhares de automobilistas que utilizam o parque durante a Primavera e o Verão serviriam para arranjar os miradoiros que há no cimo da Serra da Arrábida, para lhes colocar bancos, binóculos, mapas, cartazes explicativos da fauna e flora que se pode observar... para pagar a patrulhas da natureza, a pessoal com formação para explicar aos turistas o que estão a ver.

Não é isto que acontece. Não há nada a explicar nada nos locais mais frequentados pelas pessoas. Há buracos, lama e nem sítios de recolha de lixo se conseguem vislumbrar - num parque natural!


Equipamento com poucos anos degrada-se por falta de manutenção

Correndo o risco de que alguma daquela verba, que é sacada aos automobilistas, vá parar aos cofres do Parque, custa-me perceber a associação com a Santa Casa - uma das instituições com as mais lucrativas fontes de financiamento do país.

Ainda por cima quando parte do equipamento que tão idilicamente descrevi acima está ao votado ao abandono:

A Fonte da paciência “secou”, está cheia de ervas daninhas e de lixo.

Há um contador de água por detrás que tem a torneira fechada - falta de verba?


As espécies de plantas colocadas ao longo da descida de acesso à praia estão sufocadas por vegetação que cresce sem controlo, o sistema de rega de pontos está danificado.

Afinal para que serve o dinheiro que as pessoas pagam pelo estacionamento, se nem essa zona é sujeita a manutenção?

Não me ocorre que seja o pessoal da Santa Casa, por “graça do espírito-santo”, a fazer a manutenção. Será que o Parque Natural da Arrábida pode dispensar essa fonte de receitas?

Será que os setubalenses, todos os que usufruem da Serra da Arrábida, estão dispostos a permitir a degradação deste património... e o roubo?

4.8.06

Secil fora da Arrábida!

“O ministro do Ambiente, Nunes Correia, justificou hoje a queima de óleos usados e solventes na cimenteira da Secil, no Outão, com a inexistência em Portugal de entidades capazes de fazer a regeneração daqueles resíduos, noticia a agência Lusa.”

«O ministro [Nunes Correia] sabe que há empresas interessadas em comprar os óleos usados [em Portugal] e que até pagam mais» do que vai pagar a cimenteira Secil, afirmou esta sexta-feira à agência Lusa Rui Berkemeier da Quercus.”

“ 'Vamos juntar as pessoas para decidir o que vamos fazer, mas sempre de uma forma pacífica e de acordo com a lei. Estas decisões são sempre tomadas no Verão, para tentar apanhar as pessoas desprevenidas', comentou” [João Bárbara, do Movimento de Cidadãos pela Arrábida].

Entretanto, foi convocada uma reunião de emergência do Movimento de Cidadãos pela Arrábida. É HOJE às 21h30, no Clube de Campismo de Setúbal.


SECIL FORA DA ARRÁBIDA!


A intenção de fazer a co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na cimenteira da Secil, localizada em pleno Parque Natural da Arrábida, já levou às maiores movimentações de cidadãos que Setúbal já viu, e terá sido uma das razões que levou ao esmagamento eleitoral do anterior executivo camarário chefiado por Mata Cáceres (PS).

O Mata Cáceres apoiante do Sócrates Ministro do Ambiente foi humilhado nas urnas e substituído por uma maioria absolutíssima da coligação do PCP chefiada pelo anterior presidente do município de Palmela, Carlos Sousa. A principal coadjuvante de Mata Cáceres, Teresa Almeida, foi entretanto premiada com a governação civil de Setúbal pelo Sócrates Primeiro-Ministro.

As alternâncias políticas dos governos e município iludiram a pressão sobre os ares da Arrábida, que aparentemente mantiveram apenas o habitual pó que costuma cobrir as imediações da cimenteira:
A Secil pintou a fábrica, removendo-lhe o cinzento habitual; uma “comissão de acompanhamento”, acompanhou; chegou a pairar misturado com o pó a intenção da administração da cimenteira não querer queimar nada.

Pelo meio, o primeiro-ministro Durão Barroso do PSD aumentou o período de concessão da Secil. Afectado pelo programa do antigo PSR, o Bloco de Esquerda exigiu, sozinho, o óbvio: se a Arrábida é património natural não pode ter uma cimenteira a esventrar-lhe a Serra.

Os anos foram passando e surgiu no horizonte a possibilidade de se avançar com uma coisa há muito exigida: os centro de tratamento de resíduos. Estas unidades industriais que se encarregariam de tratar, dentre outros, a parte mais cobiçada dos resíduos, os óleos e solventes industriais, até acabarariam por surgir no país através da iniciativa privada. Mas pelos vistos falta-lhes a matéria-prima, aquela que o governo pretende agora queimar e juntar ao pó da Secil.

Do outro lado do Sado, em Tróia, a Sonae faz propaganda ao seu “paraíso” de betão implantado sobre as dunas e os golfinhos.

Em todos os planos do vídeo em que aparece a parte mais magnífica da paisagem, a Serra da Arrábida, aparece um pequeno arbusto. Um arbusto digitalmente concebido para tapar as enormes crateras da Secil.

Se a mentira pagasse imposto municipal, Setúbal teria as suas ruas pavimentadas a ouro.

Correio do Monstro: "Para que serve uma missão internacional de paz no sul do Líbano?"

Para que serve uma missão internacional de paz no sul do Líbano?
Esse ministro Amado[r] é na realidade um amador, daqueles que só a política portuguesa sabe produzir. O governo português, governo de um Estado dependente, numa das suas tradicionais posições de subserviência em relação ao imperialismo americano e sem qualquer peso nos assuntos internacionais, pretende a todo o custo servir nas iniciativas de tipo imperial, para poder mostrar que existe. Sem ter ele próprio uma posição clara sobre o conflito, a não ser aquela que a coligação sionista/estadunidense lhe indique, o governo liberal do PS, ao agendar uma reunião dos ministros do exterior da União europeia, faz objectivamente o jogo diplomático da dupla sionista/estadunidense. Porque, na realidade, para que serve esta ou aquela missão de paz senão para proteger o regime colonial sionista e a pax americana em detrimento dos interesses dos Palestinos? Nenhum dos países que historicamente têm influenciado a política local se tem mostrado interessado em se comprometer na composição dessa dita força de "paz" justamente porque na última vez que para lá enviaram forças militares saíram com as penas do rabo chamuscadas do braseiro libanês, como aconteceu quando as forças da França e dos Estados Unidos foram forçadas a abandonar o Líbano nos anos 80 à força de ataques suicidas justamente porque essas forças eram vistas como favoráveis aos interesses do sionismo. O Amador não toma em conta esses dados. É um diletante. Porque as missões de paz naquela região, como em todas as partes do Mundo onde os interesses imperiais estadunidenses estão em jogo (e o Mundo inteiro é de interesse supremo para a besta capitalista), devem-se submeter ao interesse imperial. No caso do próximo oriente, enquanto o sionismo persistir nessa região sob a forma de um Estado que não é mais do que um corpo estranho imposto pelos ocidentais na região, que persiste em sobreviver contra tudo e contra todos, não haverá paz. A única missão de paz que terá sucesso será aquela que for enviada para proceder à descolonização de todo o território ocupado pelo Estado sionista e ao desmantelamento dele. Seria um bom serviço prestado à paz mundial.

Fiozinho