Manifestação no País Basco em solidariedade com os presos políticos bascos.
64 mil pessoas, foi o número adiantado pelos organizadores.
O Estado Espanhol quer fazer crer que qualquer tipo de nacionalismo que não aceite a jurisdição de Madrid sobre o destino do Povo Basco é pró-ETA. Não é assim pelos vistos, e convenhamos que o terrorismo não terá assim tantos apoiantes...
Entretanto, a que não será alheio o intenso debate de balanço da luta nacionalista que tem atravessado a sociedade basca, e a crítica cada vez mais sistemática do terrorismo como forma de acção política no quadro dos direitos políticos do pós-franquismo, a ETA declarou um cessar-fogo permanente.
Veremos se o Estado Espanhol, virado que está para a solução militar e policial, conforme já demonstrou demasiadas vezes, não decide defraudar mais esta tentativa de negociação da ETA ao retirar a ilação errada de que é a perseguição policial que está a dar frutos.
É óbvio o somatório de derrotas da ETA no plano militar, devido ao apertar do cerco da aliança entre as polícias espanhola e francesa, ao facto de ser proscrita internacionalmente, mas não esqueçamos que já por diversas vezes a ETA esteve "aniquilada" e ressurgiu das cinzas, qual Fénix, alimentada por novas gerações de bascos.
Madrid talvez devesse aprender com o Imperialismo Inglês na Irlanda: A rendição é algo que não se exige a troco de nada. O que aconteceu na Irlanda, com o abandono do terrorismo por parte do IRA, demonstra-o. O IRA quando negociou a paz estava longe de ter perdido o apoio popular.
Quanto aos "crimes de sangue", o terrorismo basco não tem o exclusivo nessa matéria - basta lembrar o recurso ao terrorismo de Estado, aos assassinatos por parte dos serviços secretos, como se viu nos tempos de Felipe González.
Ao perseguir jornais e partidos políticos nacionalistas bascos que agem de cara destapada e no quadro da legalidade, apenas porque são nacionalistas e não julgam as acções da ETA na perspectiva simples de um caso de terrorismo, como o governo faz, numa excepção intolerável aos direitos democráticos no Estado Espanhol, o governo do Reino de Espanha acaba por fomentar a ideia de que é impossível negociar ou votar a independência e, em última análise, dar razão às justificações do terrorismo.
Só há uma saída para a paz no País Basco: a amnistia total, a entrega das armas e o referendo democrático. Têm de ser os bascos a decidir do seu futuro, não o Governo do Reino nem os "robins dos bosques" que se substituiem à acção colectiva do Povo Basco.
Acerca do título do "post": É compreensível, a jornalista residente em Espanha é "a correspondente da RTP em Madrid". Não precisam de dizer mais nada.
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