Passou sem grande estardalhaço na imprensa:
"Portugal admite o regresso de alguma caça à baleia a nível internacional, em troca de mais medidas de conservação para os grandes cetáceos. Aproximar as posições pró e contra a caça à baleia é a postura que o país está a manter na reunião anual da Comissão Baleeira Internacional (CBI), que começou hoje no Funchal, Madeira." (link para o "Público")
A caça comercial à baleia está sujeita a uma moratória, em vigor desde 1986. Mas o governo japonês contornou o "comercial" organizando expedições "científicas" cujas capturas aparecem depois esquartejadas nos enormes mercados de pescado nipónicos. Em resultado do expediente, não raras vezes vemos nas televisões confrontos em alto-mar entre baleeiros e activistas da Green Peace que procuram denunciar e evitar as tais "expedições científicas" com a bandeira do sol nascente.
A posição do governo português, como é costume, só podia de ser de "compromisso": Aceita a caça costeira à baleia. Uma posição que reside no seguinte pressuposto: elas podem-se reproduzir em alto-mar, mas quando se aproximarem das costas dos oceanos levam arpão no lombo...
Pelas mentes delirantes de algumas daquelas cabecinhas deve estar a passar a ideia de reactivar a caça à baleia nos Açores, assim a modos que o reactivar de uma "tradição cultural", uma espécie de tourada para turista ver. Se os industriais dos touros criam os animais para o "espectáculo", neste caso será a Natureza a repor os stocks. Controlados, imaginamos, por cientistas iguais àqueles que os japoneses largam em perseguição dos cetáceos oceanos afora.
Como se sabe, as baleias estavam perto da extinção antes da campanha mundial que resultou na moratória agora em vigor. Apesar das ameaças dos japoneses e de outras frotas em busca do lucro "científico", os animais recuperaram e estavam a retomar o seu papel no eco-sistema. Esta cedência aos interesses dos baleeiros é um recuo civilizacional.
É esta gente que nos está, à Humanidade, a conduzir rapidamente ao ponto de não-retorno ambiental. Cada espécie que desaparece pela acção do Homem é menos um segundo para o extermínio da Humanidade, porque é o Equilíbrio Ambiental que nos permitiu ter sucesso enquanto espécie que está a ser desafiado.
Por outro lado, desde a implementação da moratória da caça à baleia, desde que os animais começaram a ter oportunidade de se reproduzirem e aparecerem em mais quantidade junto às costas, nasceu uma nova actividade, ligada ao turismo, de observação de baleias. Uma actividade que sendo regulada para que não resulte em prejuízo dos animais pode gerar riqueza para as comunidades costeiras - obviamente, não como aquilo que miseravelmente acontece no Sado com a perseguição aos roazes corvineiros, sem quaisquer controlos das autoridades!
O conhecimento científico desde Darwin demonstra que todas as espécies estão interligadas, basta desequilibrar o número de uma espécie determinada para que o seu predador natural seja também afectado, e vice-versa.
Hoje as preocupações dos defensores do planeta viram-se para espécies como a do Tubarão que também está à beira da extinção, porque na Ásia gostam muito de barbatanas - muitas vezes o resto da carcaça do animal é atirado ao mar...
E depois, a globalização dos gostos. Há dias vi pela primeira vez no Pingo Doce de Setúbal uma carcaça de tubarão à venda... Enviar-lhes para o site um protesto com a ameaça de que poderão perder clientes não será má ideia, pois não?
Não há muito tempo as televisões mostraram agressões de pescadores a ecologistas que pretendiam entrar nas suas embarcações, para fazer o que os governos se negam a assumir de forma organizada: controlar o que se arranca ao oceano e em que quantidade. Na ocasião era por causa do Atum, outra espécie quase extinta pela sobre-exploração.
No caso da pesca do atum, há um "dano colateral" sobre outra espécie: o Golfinho. As redes utilizadas pela indústria pesqueira do atum têm aprisionado e condenado à morte milhares dos simpáticos mamíferos. A luta contra este estado de coisas conseguiu, pelo menos nos E.U.A., que os industriais dos atuns façam constar nas suas embalagens que as técnicas de pesca salvaguardaram os golfinhos, e são fiscalizados para que isso seja verdade.
Para tal, foi preciso lutar. Contra os industriais e contra a falta de sensibilidade dos media e, em consequência, das pessoas.
É uma guerra que para já, enquanto não forem impostas quotas de pescas séria e cientificamente decididas, continuará a fazer vítimas entre o pescado que desaparece de forma acelerada e os pescadores que se afundam com as redes vazias. No fim, um oceano deserto dentro e sobre a água. E um oceano deserto terá como consequência a fome em terra.
Não, já não se trata de uma luta de "amigos dos animais" contra gente que "procura ganhar honestamente a sua vida". É na sobrevivência da Humanidade que devemos pensar quando vemos/lemos estas notícias.
Uns têm a coragem de dar a cara pelas espécies em desaparecimento outros, os armadores, pescam-nas e atiram-nas ao mar para não baixarem os preços. É a "lei do mercado". O maldito capitalismo que convive com o desperdício e a fome e vai abrindo a cova onde nos enterrará a todos depois da Natureza.
Uma luta que tem de ser feita agora, passo a passo, e pelas coisas e assuntos mais "insignificantes". Pela "meia-dúzia" de sobreiros que deitam abaixo para construírem edifícios ou campos de golfe que não precisamos, contra a construção sem critério de barragens que roubam espécies e sedimentos ao resto do rio - por que julgam que falta areia na Costa de Caparica?!
No caso concreto da caça à baleia, se os japoneses gostam muito de bife de baleia, nós também podemos deixar de gostar de conduzir Toyotas e Hondas... É preciso que o mundo lhes faça saber, eles que escolham.
Faltam tomates. Não é de vegetais que falo...
Retornando ao motivo da abertura do texto, é absolutamente vergonhosa a posição do governo português sobre a caça à baleia. O costume, quando têm de defrontar os interesses dos poderosos. São uns capados.
"Portugal admite o regresso de alguma caça à baleia a nível internacional, em troca de mais medidas de conservação para os grandes cetáceos. Aproximar as posições pró e contra a caça à baleia é a postura que o país está a manter na reunião anual da Comissão Baleeira Internacional (CBI), que começou hoje no Funchal, Madeira." (link para o "Público")
A caça comercial à baleia está sujeita a uma moratória, em vigor desde 1986. Mas o governo japonês contornou o "comercial" organizando expedições "científicas" cujas capturas aparecem depois esquartejadas nos enormes mercados de pescado nipónicos. Em resultado do expediente, não raras vezes vemos nas televisões confrontos em alto-mar entre baleeiros e activistas da Green Peace que procuram denunciar e evitar as tais "expedições científicas" com a bandeira do sol nascente.
A posição do governo português, como é costume, só podia de ser de "compromisso": Aceita a caça costeira à baleia. Uma posição que reside no seguinte pressuposto: elas podem-se reproduzir em alto-mar, mas quando se aproximarem das costas dos oceanos levam arpão no lombo...
Pelas mentes delirantes de algumas daquelas cabecinhas deve estar a passar a ideia de reactivar a caça à baleia nos Açores, assim a modos que o reactivar de uma "tradição cultural", uma espécie de tourada para turista ver. Se os industriais dos touros criam os animais para o "espectáculo", neste caso será a Natureza a repor os stocks. Controlados, imaginamos, por cientistas iguais àqueles que os japoneses largam em perseguição dos cetáceos oceanos afora.
Como se sabe, as baleias estavam perto da extinção antes da campanha mundial que resultou na moratória agora em vigor. Apesar das ameaças dos japoneses e de outras frotas em busca do lucro "científico", os animais recuperaram e estavam a retomar o seu papel no eco-sistema. Esta cedência aos interesses dos baleeiros é um recuo civilizacional.
É esta gente que nos está, à Humanidade, a conduzir rapidamente ao ponto de não-retorno ambiental. Cada espécie que desaparece pela acção do Homem é menos um segundo para o extermínio da Humanidade, porque é o Equilíbrio Ambiental que nos permitiu ter sucesso enquanto espécie que está a ser desafiado.
Por outro lado, desde a implementação da moratória da caça à baleia, desde que os animais começaram a ter oportunidade de se reproduzirem e aparecerem em mais quantidade junto às costas, nasceu uma nova actividade, ligada ao turismo, de observação de baleias. Uma actividade que sendo regulada para que não resulte em prejuízo dos animais pode gerar riqueza para as comunidades costeiras - obviamente, não como aquilo que miseravelmente acontece no Sado com a perseguição aos roazes corvineiros, sem quaisquer controlos das autoridades!
O conhecimento científico desde Darwin demonstra que todas as espécies estão interligadas, basta desequilibrar o número de uma espécie determinada para que o seu predador natural seja também afectado, e vice-versa.
Hoje as preocupações dos defensores do planeta viram-se para espécies como a do Tubarão que também está à beira da extinção, porque na Ásia gostam muito de barbatanas - muitas vezes o resto da carcaça do animal é atirado ao mar...
E depois, a globalização dos gostos. Há dias vi pela primeira vez no Pingo Doce de Setúbal uma carcaça de tubarão à venda... Enviar-lhes para o site um protesto com a ameaça de que poderão perder clientes não será má ideia, pois não?
Não há muito tempo as televisões mostraram agressões de pescadores a ecologistas que pretendiam entrar nas suas embarcações, para fazer o que os governos se negam a assumir de forma organizada: controlar o que se arranca ao oceano e em que quantidade. Na ocasião era por causa do Atum, outra espécie quase extinta pela sobre-exploração.
No caso da pesca do atum, há um "dano colateral" sobre outra espécie: o Golfinho. As redes utilizadas pela indústria pesqueira do atum têm aprisionado e condenado à morte milhares dos simpáticos mamíferos. A luta contra este estado de coisas conseguiu, pelo menos nos E.U.A., que os industriais dos atuns façam constar nas suas embalagens que as técnicas de pesca salvaguardaram os golfinhos, e são fiscalizados para que isso seja verdade.
Para tal, foi preciso lutar. Contra os industriais e contra a falta de sensibilidade dos media e, em consequência, das pessoas.
É uma guerra que para já, enquanto não forem impostas quotas de pescas séria e cientificamente decididas, continuará a fazer vítimas entre o pescado que desaparece de forma acelerada e os pescadores que se afundam com as redes vazias. No fim, um oceano deserto dentro e sobre a água. E um oceano deserto terá como consequência a fome em terra.
Não, já não se trata de uma luta de "amigos dos animais" contra gente que "procura ganhar honestamente a sua vida". É na sobrevivência da Humanidade que devemos pensar quando vemos/lemos estas notícias.
Uns têm a coragem de dar a cara pelas espécies em desaparecimento outros, os armadores, pescam-nas e atiram-nas ao mar para não baixarem os preços. É a "lei do mercado". O maldito capitalismo que convive com o desperdício e a fome e vai abrindo a cova onde nos enterrará a todos depois da Natureza.
Uma luta que tem de ser feita agora, passo a passo, e pelas coisas e assuntos mais "insignificantes". Pela "meia-dúzia" de sobreiros que deitam abaixo para construírem edifícios ou campos de golfe que não precisamos, contra a construção sem critério de barragens que roubam espécies e sedimentos ao resto do rio - por que julgam que falta areia na Costa de Caparica?!
No caso concreto da caça à baleia, se os japoneses gostam muito de bife de baleia, nós também podemos deixar de gostar de conduzir Toyotas e Hondas... É preciso que o mundo lhes faça saber, eles que escolham.
Faltam tomates. Não é de vegetais que falo...
Retornando ao motivo da abertura do texto, é absolutamente vergonhosa a posição do governo português sobre a caça à baleia. O costume, quando têm de defrontar os interesses dos poderosos. São uns capados.
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