À Redacção do Portugal Diário:
Noam Chomsky, o célebre linguista norte-americano que durante muito tempo foi uma voz solitária nos EUA a chamar a atenção para o que se passava em Timor-leste debaixo da ocupação Indonésia, fez num célebre documentário a comparação da quantidade de informação produzida pela imprensa norte-americana sobre Timor com aquela feita sobre outros locais para onde era mais conveniente chamar a atenção por parte da administração estadunidense. Nessa comparação chegou a conclusões pouco lisonjeiras sobre os órgãos de comunicação social da pátria de Pulitzer: bastou-lhe para tanto e literalmente desenrolar pelo chão rolos de papel com o que a imprensa havia produzido e comparar. O resultado foi esmagador: o muro de silêncio à volta de Timor.
A propósito das vossas três entradas sobre o 1º de Maio em Portugal, comparemos:
“UGT demarcou-se da greve geral”, 215 palavras, 114 caracteres;
“CGTP apela à participação na greve geral”, 413 palavras, 2155 caracteres;
“PNR marcha contra o capitalismo”, 506 palavras, 2756 caracteres.
Conforme se pode ver, há uma grande disparidade entre a importância das reuniões populares realizadas em Lisboa e o espaço que decidistes dedicar-lhes. Até parece que para a Redacção do Diário Digital a reunião mais importante foi aquela dos “nacionalistas”.
A reunião que segundo a televisão teve a presença de “200 nacionalistas” - curiosamente o número que os organizadores previam antecipadamente nas notícias que deram conta do “evento” - acaba por ter uma cobertura que até deu direito a vox populi e tudo…
Podeis contestar que “a notícia estava” do lado da manifestação fascista, porque “é inaudita” (não seria verdade, mas enfim), e que os outros milhares de pessoas do outro lado “já não são notícia”… Não tendes a mínima curiosidade de, por exemplo, comparar o número de pessoas presentes com o do ano passado, e de meter a convocação de uma “Greve Geral” pelo meio?
E não é que há mesma hora havia outra manifestação em Alvalade, o May Day”, que até tinha a ver com a condição, presumo, da maioria dos vossos camaradas de profissão, e que até tinha mais gente que os “nacionalistas”?
Ainda a propósito dos “nacionalistas”: precisais de um dicionário de alemão para saberdes o que quer dizer o “nazionale-sozialisten” dos cartazes que a TV tão diligentemente mostrou – também mais que o May Day, que parece que era a primeira vez que se fazia em Portugal. Sim, “nacional-socialistas”, diminutivo: NAZIS!
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