10.2.11

No deserto, à areia sucede a areia. O resto é miragem.

Comentário a "O PS depois de Sócrates" de Daniel Oliveira, no "Expresso".

A análise do Daniel Oliveira indicia mas não vai ás últimas consequências. O PS, ao contrário dos outros partidos social-democratas europeus, não resulta da tradição operária mas da continuidade do republicanismo que sobrou do Salazarismo. Um republicanismo enquistado no Estado que adoptou o nome "Socialista", com a mesma leveza e seriedade com que Sá Carneiro foi buscar "Popular" e "Social Democrata" para renomear a rede de caciques do partido da ditadura... O PS é, tal como o PSD, um partido de gestão casuística do pântano, sem perspectivas para Portugal. Os arrufos socializantes - o SNS e a perspectiva de um Ensino de oportunidades para todos os cidadãos, na linha dos Estados Sociais europeus - foi coisa para amortecer a sede de justiça de uma população acordada pela Revolução, mas cedo se tornou o carrasco executor das sentenças nunca assumidas pelo PSD: entrega da Saúde às seguradores, escolaridade mínima para pobres e ensino privado para remediados e ricos, e precariedade geral no mundo do Trabalho.
Como agremiação de interesses, o PS manter-se-á ou regressará ao poder após transformar-se no depósito ilusório dos votos dos alvos escolhidos pelo PSD. Vítimas, mal menor, vítimas outra vez... Só que desta vez o PS terá muito mais dificuldade em apontar o "radicalismo" do BE para impedir a transferência de votos para a sua Esquerda.
O BE "perdeu" com Alegre, mas a vitória de Sócrates com Cavaco não foi esquecida pelos socialistas. O PCP também "ganhou", não ganha sempre?

Sem comentários: