Num contexto da instabilidade política do "agarra-me que eu vou-me a ele", a vantagem desta moção de censura é a clarificação. E sim, quem fica "entalado" é o PSD que queria cozer o PS em lume brando aguardando pela agenda de Cavaco na qual o governo PS é coisa para abater.
Ao contrário do que se sugere por aí, que se trata de uma resposta ao PCP, convém reparar que é o PCP tem andado mais preocupado com o BE do que o contrário. Aliás, uma das características de sempre do BE é nunca responder ao PCP e às invectivas que semanalmente são produzidas no "Avante!". O BE está noutra, "joga" na afectação do PS porque acha que esse é o espaço determinante para aquilo que considera uma governação à Esquerda, a opção de apoiar Alegre demonstra-o. Por isso, ver no apoio do BE a Alegre uma "aliança" com Sócrates (como fez o PCP, na lógica de encostar a concorrência do BE à Direita, e toda a Direita, com o intuito de evitar a canalização para o BE do voto descontente) revela uma leveza de análise tão superficial como aquela que pretendeu que Sócrates e o aparelho do PS apoiaram de facto Alegre.
O BE demonstrou que não está aí apenas para colher o voto descontente e rivalizar com o PCP e o CDS numa espécie de "liga dos últimos". Conforme se vê, quer influenciar a evolução política do PS, divorciar os social-democratas da direcção social-liberal e afectar decididamente a governação. Política pura e dura. Os estereótipos e os "ismos" não ajudam quem não quer ver.
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