13.4.10

Públicas virtudes e vícios privados

Há pouco um dos noticiários do almoço dava conta de algo inusitado: o julgamento e condenação de um terratenente brasileiro que mandou assassinar uma freira norte-americana só porque a senhora se havia colocado entre os seus interesses e os dos indígenas. “Só” é força de expressão, revelou grande coragem atendendo à quantidade de mortos por justiçar.

O exemplo desta mulher lembra-me que a corja do Vaticano que negoceia em armamento (vide escândalo das acções do Banco Ambrosiano) e que tem interesses em empresas de comunicação ligadas… à pornografia, entre outras formas de se enriquecer, a que agora pretende esconder (pior: minimizar) os crimes sexuais que abundam no seu interior é a mesma que “condenou ao silêncio” muitos religiosos como a freira que foi assassinada.
Ao amordaçar, transferir (e inclusive denunciar aos Esquadrões da Morte e serviços de segurança) os padres e religiosos latino-americanos que se puseram do lado dos pobres pela dignidade, a ICAR acabou por beneficiar as seitas conservadoras de caça-níqueis e “tele-evangelistas”- suga-crises existenciais cujas delegações vemos surgir como cogumelos também por cá.
Muitos cristãos que lutam contra a injustiça sofrem duplamente, com as injustiças e o abandono. Merecem que não os misturemos no imbecil “os católicos”.

A luta ideológica que separa o Ateísmo das Religiões não nos deve confundir: há ateus mais cumpridores dos princípios básicos do cristianismo que muitos beatos, e há muitos religiosos cientificamente mais tolerantes que muitos ateus.

A crise actual da Igreja no Ocidente não representa mais do que o cair da máscara de santidade dos “Borgias” que governam o Vaticano. Os cristãos dignos desse nome não se deveriam sentir ofendidos com quem põe a nu as contradições entre as “públicas virtudes e os vícios privados”, antes com quem criminosamente as cala, com os “vendedores”.

A este propósito, gostaria de ver aqueles que atiraram pedras ao Daniel Oliveira - a propósito da sua “provocação” infeliz - terem a mesma coragem para se indignarem contra a acusação de pedofilia que um dos “papistas” fez a todos os homossexuais. Não é preciso serem homossexuais para se sentirem ofendidos, basta serem Cristãos ou, se quiserdes, terem uma resta de Humanidade.

(Baseado num comentário colocado no "Arrastão")

Sem comentários: