11.7.06

Já ouviu falar disto?

Eu não.
O conflito entre o Estado israelita e os territórios onde habitam os palestinianos é-nos transmitido pelos media apenas com duas leituras. E já estou a abusar, porque a regra geral é que apenas uma é transmitida: a do Estado israelita. Do outro lado o lugar-comum das manifestações apelando à vingança, já que as imagens da destruição social de um povo são consideradas de "propaganda" a favor dos terroristas.

Mas a sociedade israelita não é composta apenas de fanáticos, de emigrantes de religião judaica vindos de outros países que pretendem estabelecer-se sobre as campas dos palestinianos. Apesar do militarismo, sobra um espaço democrático onde a Esquerda israelita se manifesta contra o destino a que os sionistas relegaram o povo palestiniano.

Do mesmo modo, do lado palestiniano há muita gente que não alinha no "bomba-contra-bomba" recíproco, apesar deste ser o discurso com mais eco atendendo à humilhação de um povo esquecido que se fosse leste-europeu seria elevado á condição de "mártir" pelos fazedores de opinião.

A solução do conflito passa também pela Solidariedade, a única arma que pode matar a arma mais temível de todas: os estereótipos.

Reproduzo na íntegra um apelo feito por cidadãos israelitas acerca do que se tem passado no intervalo dos futebóis, foi retirado do Informação Alternativa.
Faço-o em copy-paste porque no fim do texto se afirma que o Apelo foi enviado aos jornais para ser publicado como publicidade paga, uma forma de garantir que saía.
É de um gesto de Solidariedade que este post trata. E a Solidariedade paga-se com Solidariedade.


Apelo à Europa!

Gush Shalom (Bloco israelense pela Paz)

A “desconexão” de Gaza, internacionalmente louvada, não acabou com a ocupação da mesma. Ela continuou na forma de um estrangulamento israelense das comunicações de Gaza com o resto do mundo. A Faixa de Gaza foi transformada numa enorme prisão a céu aberto.

Com o governo israelense recusando­‑se a falar com o governo palestiniano eleito, o único diálogo que agora resta é o diálogo das bombas, frequentemente dirigidas a alvos civis de ambos os lados da fronteira.

Sem a intervenção internacional, uma escalada brutal tornou-se quase inevitável.

Nós, patriotas israelenses e activistas pela paz, apelamos à União Europeia e aos seus estados membros, possivelmente em conjugação com outros países, para intervir imediata e efectivamente na ameaçadora crise israelo­‑palestiniana, e, especialmente, para:

1. Nomear um representante de nível ministerial para Israel/Palestina para seguir a evolução dos acontecimentos e aconselhar a União Europeia sobre os passos que a situação possa exigir.

2. Cessar as graves sanções impostas pela Europa à Autoridade Palestiniana como uma penalização por ter exercido o seu direito democrático e ter eleito um governo da sua preferência. Isto, em si mesmo, é uma brutal intervenção a favor da ocupação.

3. Implicar tanto o governo de Israel como o presidente e o governo palestinianos eleitos num diálogo sério, com o objectivo de pôr fim à presente crise e pavimentar o caminho para negociações de paz significativas.

4. Ampliar a Missão de Assistência Fronteiriça da União Europeia, que já está a operar com sucesso na passagem fronteiriça de Rafah, a todas as passagens de fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, para assegurar o fluxo regular de alimentos, medicamentos e outros artigos em ambos os sentidos, independentemente dos desenvolvimentos políticos e militares.

5. Actuar como um mediador permanente para crises agudas, como no caso do prisioneiro de guerra, Gilad Shalit.

6. Oferecer a ambas as partes o estacionamento de uma força de manutenção da paz permanente entre a Faixa de Gaza e Israel.

7. Considerar a convocação de uma conferência internacional para acabar com o conflito israelo-palestiniano.

A EUROPA NÃO PODE PERMITIR-SE FICAR EM SILÊNCIO!

Este apelo foi enviado no dia 7 de Julho a todas as embaixadas europeias bem como ao International Herald Tribune – para ser publicado como um anúncio pago.