4.7.06

Figueirinha: quase verde na estrada, mais amarela na areia

Aproveitando a boleia do autocarro gratuito que faz a carreira entre o improvisado parque de estacionamento junto ao cais da fábrica de cimento Secil e a praia da Figueirinha, fui satisfazer a curiosidade em relação ao decorrer dos trabalhos de consolidação da encosta da Arrábida. Rapidamente verifiquei que o aspecto anterior da Serra da Arrábida passou à história.

Para além das diversas barreiras de rede de aço que vão passar a fazer parte da paisagem, o que mais me estranhou, e aos demais que partilhámos a curta viagem, foram as duas espécies de palas que foram instaladas antes e depois da Figueirinha nos troços onde a Serra, ao invés de escorrer para o mar, se eleva acima da estrada. Com colunas do lado do estuário, que tiram o estatuto de túneis às novas construções, as enormes estruturas em betão serão talvez a imagem de marca que ficará desta intervenção.


Outra situação que tem a ver com outras engenharias que não a do betão, as do negócio, é a de verificar a redução do espaço de utilização livre da praia ano após ano. Espaço livre de concessionários, bem entendido.

Há uns anos havia apenas algumas dezenas de toldos na praia da Figueirinha. Estavam quase sempre vazios, porque as pessoas preferiam trazer de casa as sombrinhas para não pagarem o aluguer.

Nos últimos anos, como se fossem cogumelos, as sombras pagas passaram a dominar a praia, à excepção de uma nesga junto ao local de onde saem os barcos de aluguer - um sítio onde se faz por vezes sentir o cheiro a gasolina resultado da constante chegada e partida das embarcações motorizadas que rebocam os divertimentos aquáticos.

Tirando este território livre de concessões, mas poluído pelos cheiros e ruídos dos motores, a parte junto ao pontão à esquerda do areal permite que as pessoas instalem as suas sombrinhas sem serem incomodadas pelo “cabo-de-mar”. Uma parte do areal que é considerado “Zona Perigosa”. Não raras vezes é possível ver a zona concessionada quase vazia a conviver com o restante areal onde as sombrinhas competem pelo mais pequeno grão de areia.

Muitos resolvem o problema da falta de espaço abdicando da sombra e instalando-se à frente da área concessionada.

A bandeira amarela esteve sempre hasteada por uma razão qualquer, inexplicável atendendo ao estado do mar.

As pessoas mantinham-se na areia, mansas, a olhar a mansidão do mar em fim de tarde. Independentemente da luta contra a sinistralidade nas praias, para mim deram poder a mais uns tantos que o vão usar arbitrariamente de acordo com as suas conveniências.

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