24.4.07

Outra vez, agora em França.

Imagem obtida no site do "Le Monde" (clique para aumentar)

Esquerda francesa dividida consegue adiar a derrota

A primeira volta das eleições colocou o principal candidato da direita à frente da corrida para a presidência da República Francesa. Num acto eleitoral dos mais concorridos desde que os franceses elegem directamente o presidente da república, o contestado ex-Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, obteve 31,11% e deixou a candidata do PS francês Ségolène Royal a mais de 5 pontos (25,83%).

Fora da corrida ficou François Bayrou, candidato da UDF (União Pela Democracia Francesa – um partido considerado de “centro-direita”) que defendeu um governo de união nacional com personalidades de direita, socialistas e do centro. Os 18,55% que o “candidato-surpresa” conseguiu serão determinantes para o resultado da segunda volta.

Extrema-direita muda-se de armas e bagagens para Sarkozy

O candidato da extrema-direita, Jean Marie Le Pen, que nas eleições de 2002 lograra expulsar da corrida presidencial o ex-primeiro-ministro do PS, Lionel Jospin, e ir à segunda-volta, ficou-se nos 10,51%. Uma derrota profunda, o eleitorado aterrorizado pelas campanhas anti-imigração decidiu dar o voto à promessa de mão-de-ferro de Nicolas Sarkozy.

Crise na Esquerda Alternativa

À Esquerda, Olivier Besancenot, o candidato da LCR (Liga Comunista Revolucionária), organização próxima do que foi o PSR português, logrou manter a votação na casa dos setes dígitos: milhão e meio de votos e 4,1%.

Todos os restantes candidatos de Esquerda sofreram ainda mais a erosão do voto-útil para Ségolène Royal:

- Arlette Laguiller, candidata tradicional da Lutte Ouvrière (Luta Operária - o nome do jornal por que é conhecida esta organização de tendência trotskista que não tem paralelo em Portugal) desceu para os parcos 1,34%;

- Marie-George Buffet, a candidata do PCF (Partido Comunista Francês), obtêm para o seu partido o pior resultado de sempre, 1,94%;

- José Bové, o agricultor tornado conhecido pela sua participação no movimento alterglobalização, recolheu o apoio militante de alguns movimentos alternativos e também de tendências minoritárias do PCF e da LCR mas não conseguiu mais que 1,32 % do voto dos franceses.

- Dominique Voynet, do Partido dos Verdes (partido que não tem nada a ver com o produto de laboratório fabricado pelo PCP em Portugal) conseguiu 1,57%, mais um desaire eleitoral.

A França prepara-se para ter um presidente ainda mais à direita

Os quase 19 por cento dos votos de François Bayrou poderão ser determinantes para a decisão final que terá lugar daqui a menos de quinze dias e que colocará em confronto o candidato gaulista de direita, Nicolas Sarkozy, e a candidata do PS, Ségolène Royal , acusada por muito boa gente, que não apenas os adversários políticos eleitorais, de ser um produto mais mediático que “substancial”. Os votos dos apoiantes de Le Pen (11%) terão destino certo. Do outro lado da barricada, todas as esquerdas, até Arlette Laguiller que se recusou anteriormente a escolher entre Chirac e Le Pen, já prometeram apoiar a candidata do PS, mas todos juntos não valeram mais que 10% na primeira volta.

Matematicamente, a França caminha a passos largos para ter um presidente ainda mais à direita que o anterior. Um presidente eleito com o voto do medo e da incompetência de uma Esquerda que abandonou os seus propósitos.

Por estes dias ver-se-á a candidata “oficial” da Esquerda a encostar-se ao lugar vago ao Centro. Por seu turno, a Direita, depois de corroer o “Modelo Social Europeu” e de lançar a confusão sobre as razões da sua decrepitude, já nem precisa de disfarçar, avizinham-se tempos de autoritarismo e liberalismo selvagem na terra que viu surgir a primeira Revolução Proletária.

Enquanto a Direita coloca as garrafas de “Champagne” no frigorífico, a Esquerda tem duas coisas importantes para fazer: conseguir convencer a opinião pública de que o resultado previsto das próximas eleições pode agravar a crise social e debater a proposta de reunião das candidaturas de esquerda às próximas legislativas. Esta união que todos defendem enquanto se vão precavendo com candidaturas próprias…

Entretanto, em Portugal, após tomar de assalto as chaves da sede do Largo do Caldas, o novel proprietário do PP, Paulo Portas, apressou-se a mandar os parabéns ao seu correligionário europeu, Nicolas Sarkozy.

2 comentários:

Anónimo disse...

Queria chamar os camaradas para o texto no
http://monarquico.blogspot.com/

Onde estão os Heróis de Abril?

Malditos!

ARUP

CausasPerdidas disse...

Há monárquicos inteligentes e que vale a pena ouvir, concorde-se ou não com eles. Estou a lembrar-me do arquitecto Ribeiro Telles.
Estes que "linkaste" são umas anedotas.