4.8.06

Secil fora da Arrábida!

“O ministro do Ambiente, Nunes Correia, justificou hoje a queima de óleos usados e solventes na cimenteira da Secil, no Outão, com a inexistência em Portugal de entidades capazes de fazer a regeneração daqueles resíduos, noticia a agência Lusa.”

«O ministro [Nunes Correia] sabe que há empresas interessadas em comprar os óleos usados [em Portugal] e que até pagam mais» do que vai pagar a cimenteira Secil, afirmou esta sexta-feira à agência Lusa Rui Berkemeier da Quercus.”

“ 'Vamos juntar as pessoas para decidir o que vamos fazer, mas sempre de uma forma pacífica e de acordo com a lei. Estas decisões são sempre tomadas no Verão, para tentar apanhar as pessoas desprevenidas', comentou” [João Bárbara, do Movimento de Cidadãos pela Arrábida].

Entretanto, foi convocada uma reunião de emergência do Movimento de Cidadãos pela Arrábida. É HOJE às 21h30, no Clube de Campismo de Setúbal.


SECIL FORA DA ARRÁBIDA!


A intenção de fazer a co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na cimenteira da Secil, localizada em pleno Parque Natural da Arrábida, já levou às maiores movimentações de cidadãos que Setúbal já viu, e terá sido uma das razões que levou ao esmagamento eleitoral do anterior executivo camarário chefiado por Mata Cáceres (PS).

O Mata Cáceres apoiante do Sócrates Ministro do Ambiente foi humilhado nas urnas e substituído por uma maioria absolutíssima da coligação do PCP chefiada pelo anterior presidente do município de Palmela, Carlos Sousa. A principal coadjuvante de Mata Cáceres, Teresa Almeida, foi entretanto premiada com a governação civil de Setúbal pelo Sócrates Primeiro-Ministro.

As alternâncias políticas dos governos e município iludiram a pressão sobre os ares da Arrábida, que aparentemente mantiveram apenas o habitual pó que costuma cobrir as imediações da cimenteira:
A Secil pintou a fábrica, removendo-lhe o cinzento habitual; uma “comissão de acompanhamento”, acompanhou; chegou a pairar misturado com o pó a intenção da administração da cimenteira não querer queimar nada.

Pelo meio, o primeiro-ministro Durão Barroso do PSD aumentou o período de concessão da Secil. Afectado pelo programa do antigo PSR, o Bloco de Esquerda exigiu, sozinho, o óbvio: se a Arrábida é património natural não pode ter uma cimenteira a esventrar-lhe a Serra.

Os anos foram passando e surgiu no horizonte a possibilidade de se avançar com uma coisa há muito exigida: os centro de tratamento de resíduos. Estas unidades industriais que se encarregariam de tratar, dentre outros, a parte mais cobiçada dos resíduos, os óleos e solventes industriais, até acabarariam por surgir no país através da iniciativa privada. Mas pelos vistos falta-lhes a matéria-prima, aquela que o governo pretende agora queimar e juntar ao pó da Secil.

Do outro lado do Sado, em Tróia, a Sonae faz propaganda ao seu “paraíso” de betão implantado sobre as dunas e os golfinhos.

Em todos os planos do vídeo em que aparece a parte mais magnífica da paisagem, a Serra da Arrábida, aparece um pequeno arbusto. Um arbusto digitalmente concebido para tapar as enormes crateras da Secil.

Se a mentira pagasse imposto municipal, Setúbal teria as suas ruas pavimentadas a ouro.