3.8.09

Amigo, maior que o pensamento.

O Zeca e eu. Soube da sua existência pela capa modesta de um pequeno livro de poesia que um parceiro de carteira do liceu me passou para as mãos, ainda a madrugada de Abril estava longe de iluminar este pais de lágrimas de mães de soldados rasuradas a azul.
Li o livro mais pela transgressão adolescente do que pelas rimas - um amor que a escola nunca me despertara. Poesia "difícil", explicada por amigos. A poesia e as musas que a inspiravam.
Eram os tempos em que o "Impulso" voava sobre as cabeças dos estudantes da Amadora, palavras novas, contra a Guerra Colonial e a repressão policial. Agarrei um panfleto, agarrei o destino.
Depois, o cantor das músicas que se tornaram a banda sonora dos meus tempos felizes. Por essa altura eu já descobrira que era um puto que tinha o privilégio de viver a História fora dos manuais escolares. E já fizera chegar a sua poesia a outros miúdos que não sabiam que gostavam de palavras difíceis.
Anos mais tarde, migrado por paixão para a mesma cidade que também ele fizera a sua, habituei-me a vê-lo no café "Tamar", junto à rodoviária dos "Belos". Estava sentado na mesa do fundo, rodeado de malta que acabara de sair das fábricas e de gargalhadas que respondiam ao seu humor cáustico.
Quando a doença no-lo roubou, recordo uma cidade enlutada e as palavras de um companheiro que também pediu dispensa nesse dia: "Somos órfãos".


Manifesto "Zeca Afonso, 80 Anos"
(clicar nas imagens para se ter acesso ao texto)

Clip promocional do álbum "Galinhas do Mato" (1985)
Foi filmado em Setúbal.

Conseguido através do sítio da
Associação José Afonso

1 comentário:

VICTOR SERRA disse...

Não conhecia este video e já agora aproveito para te enviar estes dois links de Blogs meus :
http://victor-serra.blogspot.com/
http://1victorserra.blogspot.com/

estes links teem mais blogs incorporados um abraço Victor Serra