20.7.09

Acerca do atraso das obras no cine-teatro Luísa Todi

Concordo com a ideia de manter a arquitectura do edifício Luísa Todi, modernizando-o com novas valências. De facto, Setúbal tem necessidade de uma sala de espectáculos modernos, e a recuperação do Luísa Todi peca apenas por tardia.
Repugna-me o aproveitamento político do atraso da obra por parte do partido que governou Setúbal durante mais de década e meia e que sempre subvalorizou a cultura em Setúbal, o PS - ressalvo aqui a aquisição do Cine Charlot, um dos poucos aspectos positivos da regência do PS. Há, todavia, um problema que não pode ser escamoteado: a água que apareceu na zona das fundações.
Não sou engenheiro mas sei, como qualquer setubalense minimamente informado, que a possibilidade de se encontrar água quando se escava na zona da avenida e na várzea não é uma possibilidade extraordinária, é uma certeza. Por isso, sem pretender vir "tirar partido" da situação, creio que no mínimo houve algum "optimismo" em relação aos prazos, para não falar de algum facilitismo técnico na preparação da obra, que se traduzirá, como é costume, no aumento do seu custo. Esta seria a crítica que a meu ver deveria ser feita.

Quanto à guerra entre o PS e a CDU a propósito desta obra, é um "fait divers": ambos hipotecaram a possibilidade de Setúbal ter um anfiteatro moderno ao ar livre no Parque José Afonso. Aquilo que ali está, o célebre "túnel de vento", é um monumento ao mau gosto e ao despesismo. Quem tenha dúvidas atente no simples facto de que, para se ouvir uma banda tocar, ser necessário montar um palco ao lado do local que supostamente devia servir para isso. Setúbal sofre com tanta falta de visão.

Expresso também o meu desejo de que o Luísa Todi não venha a ser a casa exclusiva de uma companhia de teatro desta cidade, o TAS. Felizmente que há mais gente a defender as artes performativas nesta cidade.

Texto de um comentário no jornal "O Setubalense"
assinado por José Carlos Tavares da Silva

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