2.3.09

Gente de merda só pode fazer um país de merda.

O "Público" noticia a morte a tiro de caçadeira de uma águia-imperial, o único exemplar macho da espécie em Portugal, uma das últimas aves de rapina daquele tipo que já povoou vários locais do país e que está à beira da extinção. Notícia completa aqui.
Histórias de abatimento de aves de rapina por caçadores é coisa que abunda pelo país e que só de vez em quando têm eco nos jornais. Não são apenas os caçadores do "regime livre" que são acusados de encarar as aves de rapina como "concorrência", também nas reservas de caça associativa a coisa acontece - talvez para proteger os animais criados para o tiro ao alvo... Fiscalização? Só se for para rir. Os casos retratados nas páginas da imprensa são uma pequena percentagem do que se passa por aí no fartar vilanagem dos campos portugueses onde nem as reservas naturais escapam à predação.

Lembro-me agora que há dias o mesmo jornal dava conta de que o governo pretende alterar a lei do uso e porte de armas, naquilo que alguns comentadores consideram uma cedência ao "lobby" das armas. Mais um agachar do governo às forças mais tacanhas do país.

"Tacanhas" porque em pleno Século XXI, quando caçar já não é uma necessidade ligada à sobrevivência humana (falo do ocidente, obviamente), olhar a natureza na ponta de uma mira é algo absurdo. Principalmente quando há carradas de programas da televisão que alertam para o papel que cada espécie tem na sobrevivência das outras espécies e, ao fim e ao cabo, da Espécie Humana!
Perante a constatação do quanto estamos perto do ponto de não-retorno no que ao ambiente diz respeito, o "desporto" da caça é algo que me repugna. Só admito a caça por razões de controlo científico de espécies, porque o desequilíbrio criado na natureza pelo homem a isso obriga. Para salvaguardar a biodiversidade.
Tirando essse particular, considero esse "desporto" a negação de todos os valores positivos para com a natureza e uma exaltação do predador acéfalo que mata por prazer. Gostam de dar ao dedo inscrevam-se nos clubes de tiro aos pratos.
O drama disto tudo é que os governantes são os primeiros a dar o exemplo do desrespeito pelas leis de protecção que ajudaram a criar. Quando a Natureza deixa de ser uma riqueza gratuita e um benefício para todos e passa a ser um "obstáculo para o desenvolvimento", temos o caldo entornado. Nem a Natureza nem o Homem têm futuro num país (num mundo) assim.

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