29.6.10

Os polícias protegem-nos, mas só a Lei nos protege dos polícias.

Comentário aos comentários a propósito disto (link para o "Público")

Cada vez que há uma notícia sobre imigrantes ou minorias étnicas, rebenta o esgoto na caixa de comentários. Basta a alguém ter o azar de viver num "bairro problemático" ou ter a cor errada para ser também um "marginal".Podem apanhar porrada indiscriminadamente, ninguém irá questionar. E a comunicação social embarca no preconceito e nos estereótipos, não questiona, não lhe interessa a verdade, transmite acriticamente o comunicado policial, torna-se megafone.
Os idiotas ficam satisfeitos, vítimas dos sortilégios dos poderosos que os roubam diariamente, sentem-se vingados quando outros mais desgraçados as pagam - se têm culpa ou não, não interessa. "São todos iguais", dizem sempre.
Resta-nos ficar à espera que a sua "sabedoria" venha a eleger os que que antes vilipendiaram para colocar lá estes de que já não gostam, para depois fazerem o contrário. Agradeçam-lhes. Ainda bem que há por aí alguém para culparem pela estupidez das vossas escolhas.

Não há pão, mas sobra circo. Impensável fazerem uma coisa destas se alguém na Quinta da Marinha se queixasse dos vizinhos. E continuo à espera de ver os "carros danificados" do Parque das Nações. Até lá: uso exagerado da violência policial sobre os que "mereciam" e os que estavam no local errado à hora errada.
Independentemente da falta de civismo de alguns cidadãos, começamos a assistir ao recurso à violência policial como a forma "chapa cinco" de resolver situações que aconselhariam a inteligência.
As notícias de espancamentos no Bairro Alto por polícias sem identificação começam a ser um hábito. Já que se colocam câmaras de vídeo em tudo o que é sítio neste país, devemos exigir que o façam nas esquadras, tal como nos Estados Unidos e noutros países. Os polícias protegem-nos, mas só a Lei nos protege dos polícias.

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