13.2.09

A "Nova Setúbal" já arrancou

A "Nova Setúbal", um projecto imobiliário inventado no tempo da gestão PS do município setubalense, arrancou finalmente. E literalmente: 900 sobreiros, uma espécie protegida, ficaram a saber o que quer dizer "Projecto de Interesse Nacional", PIN.

Sendo que Setúbal é uma cidade onde há milhares de casas devolutas e por vender, o aparecimento deste projecto nada teve a ver com as necessidades habitacionais da região. Por esta razão houve quem questionasse
muito justamente o interesse de aumentar a oferta de habitação na cidade. De nada valeu.

No meio do bolo de betão, a cereja: a construção de um "estádio municipal" a ser utilizado pelo Vitória Futebol Clube, um clube local em sérias dificuldades financeiras para manter o actual estádio localizado no centro da cidade. O novo estádio de futebol será construído como contrapartida pelo município não reclamar determinados pagamentos de taxas que seriam obrigatórios numa construção deste calibre.

Tornado o "El Dorado" de muitos vitorianos que viam (vêem) o seu clube definhar, rapidamente a direcção do clube foi tomada por apoiantes e interessados no projecto imobiliário. O projecto foi vendido como a "tábua de salvação" para o clube e chegou-se ao cúmulo de ver indivíduos de cachecol clubista ameaçarem os ambientalistas que pugnavam a favor das árvores "protegidas".

Depois da contestação dos ambientalistas que obrigou o projecto a andar pela justiça, o empreendimento imobiliário foi finalmente catalogado como de "Interesse Público" pelo governo PS e teve luz verde.

Desta vez já não é um edil "rosa" quem governa a cidade. A mudança da cor política do município de Setúbal para a CDU, que votou contra o projecto quando estava na oposição, de nada serviu. A pitada "verde" que engalana a bandeira da coligação do PCP foi insuficiente para a sobrevivência dos sobreiros do Vale da Rosa, foram arrancados em tempo-recorde enquanto a "Quercus" procurava um novo recurso legal para os defender.

Que fique para a história: mais um crime ambiental, desta feita não apenas com a assinatura do "freeportiano" PS mas da "frente popular" que engloba PS, PSD e PCP.
O único partido setubalense que se opôs desde o início a mais este crime lesa-ambiente foi o Bloco de Esquerda. Fica aqui o comunicado de imprensa que alguém me fez chegar. Abro aspas:

A ganância especulativa e o terror anti-ambiental andam à solta na nossa cidade…


No dia 11 de Fevereiro foram abatidos 900 sobreiros no nosso concelho, abate que está ligado ao início da concretização do projecto da urbanização da "Nova Setúbal"

Desde 2001 que o BE se tem oposto a este projecto. Sempre considerámos que se tratava de um projecto megalómano e de legalidade duvidosa.

No fundo esta Nova Setúbal o que pretende é construir uma "nova" cidade que não será mais do que um gigantesco bairro suburbano.

A sua concretização terá consequências extremamente negativas para a cidade e é preciso que os habitantes de Setúbal se consciencializem que estão perante um projecto lesivo dos interesses da cidade em que habitam.

A realizar-se a Nova Setúbal, a cidade crescerá muito acima das suas possibilidades, transformando-se num enorme dormitório suburbano. Sem alma, sem raízes e sem identidade.

O projecto encobre um negócio obscuro em que são protagonistas os interesses imobiliários, os dirigentes políticos locais e os dirigentes do Vitória de Setúbal.

Este triângulo explosivo aparece encoberto por um manto de generosidade em que o grande beneficiado seria o clube da cidade.

No entanto, o Vitória de Setúbal será mais uma vez utilizado no pingue-pongue negocial entre a Câmara e a construção civil.

Este é, finalmente, um negócio de legalidade duvidosa. Pretende destruir uma área de montado superior a 10ha, aniquilando centenas ou mesmo milhares de sobreiros, numa expressa violação da lei de protecção destas árvores.

Estamos perante um negócio em que todos ganham com excepção da cidade.

A Nova Setúbal vai ser construída em terrenos que anteriormente eram considerados industriais e pouco valiam. Sem que se percebesse como, passaram a terrenos para construção urbana e assim sendo passaram a ter valores altíssimos.

A câmara e o governo socialista fizeram o resto.

Transformaram este espaço protegido, devido aos sobreiros que aí existiam, num espaço de empreendimento imobiliário, conseguindo que o mesmo fosse classificado como de "utilidade pública"

Infelizmente tínhamos razão nas preocupações que explicitámos em 2001. No momento actual ainda são mais claras as preocupações que expressámos.

A irracionalidade do projecto é evidente. Não faz sentido construir mais 7 500 casas quando há milhares de fogos devolutos em Setúbal.

O Vitória de Setúbal foi mais uma vez utilizado por alguns dirigentes políticos e desportivos locais sem qualquer benefício, agravando até a sua situação financeira.

Neste momento seria interessante saber quais as ligações do BPN com o agente imobiliário.

E cabe perguntar se algumas das falências que agora aparecem têm ligações com este projecto imobiliário.

Cabe ainda perguntar como é que num só dia se abatem 900 sobreiros. Que pressa é esta?

Finalmente seria importante perceber o silêncio do PCP dos "Verdes", do PS e do PSD.

Quando por todo o mundo se levantam as vozes contra os atentados ambientais e o planeta exige ser repensado e respeitado através de medidas ecológicas, em Setúbal num só dia abatem-se 900 sobreiros.

A ganância especulativa e o terror anti ambiental andam à solta na nossa cidade.

Setúbal 12 de Fevereiro de 2009

O Secretariado Concelhio de Setúbal do Bloco de Esquerda

4 comentários:

FURA FURA disse...

O MONSTRO ACORDOU ???
Fico satisfeito.

Anónimo disse...

Finalmente.

Anónimo disse...

Fez-se o que tinha de ser feito.
O país tem sobreiros de Norte a Sul se fomos a ver por isso já não se constrói mais nada neste país.

E além disso plantaram 20000 sobreiros em vendas novas para compensar esse abate mas isso não vem no texto é número muito superior aquilo que pedem para plantar em caso de abate.

Isto também não vem no texto.

E quando ouvimos falar do projecto só se fala no centro comercial e não se fala do complexo desportivo nem das escolas, nem nos lares nem das creches, nem da esquarda, nem do centro de saúde.
Utilidade pública sim.

Unknown Stranger disse...

Esse texto vem do Bloco da Esquerda? por mim ta tudo dito...vao mas é falar dos homosexuais que é o que voces mais gostam!