Num contexto em que os patrões da Comunicação Social conseguiram divorciar as TV do debate democrático, alterando as regras do acompanhamento do debate eleitoral a e reduzindo o "serviço público" ao que pode potenciar espectáculo, tudo para não prejudicar a emissão dos produtos televisivos que preferem servir em horário nobre, lá tivemos o debate entre os "candidatos a primeiro-ministro".
"Candidatos a primeiro ministro"? Eu seria capaz de jurar que vamos ter eleições para a Assembleia da República, isto é, que se vai eleger deputados para a AR, e que nessa AR estarão lá outros partidos que, somados, podem condicionar o que lá se decide. Mas que interessa este pormenor, é melhor transformar a coisa num concurso de popularidade entre o mandante da situação e o "líder da oposição".
Para as TV tudo seria mais fácil se houvesse apenas dois partidos. Pois é, a Democracia é muito bonita mas é aborrecida, porque há que escolher, há que pensar, e fazer pensar é algo que contraria a lógica das televisões que olham para os seus espectadores como bestas consumistas.
"Candidatos a primeiro ministro"? Eu seria capaz de jurar que vamos ter eleições para a Assembleia da República, isto é, que se vai eleger deputados para a AR, e que nessa AR estarão lá outros partidos que, somados, podem condicionar o que lá se decide. Mas que interessa este pormenor, é melhor transformar a coisa num concurso de popularidade entre o mandante da situação e o "líder da oposição".
Para as TV tudo seria mais fácil se houvesse apenas dois partidos. Pois é, a Democracia é muito bonita mas é aborrecida, porque há que escolher, há que pensar, e fazer pensar é algo que contraria a lógica das televisões que olham para os seus espectadores como bestas consumistas.
As regras foram alteradas em nome do "critério jornalístico", leia-se publicitário. Assim, este "debate", feito à medida das três televisões, foi o único que teve canal aberto em horário nobre. Aos outros partidos não será permitido interromper a telenovela. Dentro desta perspectiva, foi publicitado até à náusea como se fosse o "encontro ao entardecer" que iria decidir tudo. Mas afinal, a montanha pariu um rato, não se ouviu nada que já não se tivesse ouvido.
A única novidade foi o modelo de gestão do "debate", mais cronológico que jornalístico. Como podia ser jornalístico com um triunvirato representativo das redacções dos telejornais fazendo perguntas pré-acordadas entre eles, como se um debate não tenha dinâmicas que podem e devem ser exploradas. Não tivemos jornalismo, antes três "robots" que, ao que leio agora, conseguiram até acabar uma pergunta cretina se alguém iria visitar alguém. É o "jornalismo" que temos.
Escrevi "ao que leio agora" porque não consegui aturar o modelo por muito tempo. O formato escolhido decepcionou quem tem idade para se lembrar de debates "a doer" na televisão conduzidos por jornalistas e não por cronometristas.
Escrevi "ao que leio agora" porque não consegui aturar o modelo por muito tempo. O formato escolhido decepcionou quem tem idade para se lembrar de debates "a doer" na televisão conduzidos por jornalistas e não por cronometristas.
A possibilidade de mudar de canal e contribuir para diminuir o "share" de três TV ao mesmo tempo foi mesmo a única vantagem daquilo que passou ontem à noite.
Foi dos dias em que dei por bem empregue o dinheiro que dou pela TV por cabo, e lamentei mais uma vez o dinheiro que me é extorquido para pagar um "serviço público" que não existe.
[Este texto foi editado desde a sua "postagem": foi alterado o título]
Sem comentários:
Enviar um comentário