18.3.11

Jornal "O Sul" banido pela Câmara de Setúbal, até da Biblioteca.


O jornal de "cultura e debates", "O Sul", foi proibido de ser colocado nos edifícios camarários - até da biblioteca municipal onde é suposto haver jornais de todo o tipo, até partidários...
O motivo, segundo a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, é o facto do jornal ter "vocação partidária", do Bloco de Esquerda concretamente . Quem já viu o jornal, não lerá a coisa assim: a presidente Dores Meira, do PCP, é de longe a pessoa mais entrevistada, e artigos de pessoas que são militantes ou da proximidade ideológica do PCP não são coisa rara nas páginas do jornal. E muito bem, o jornal é de debates e não deve ser de outra forma. Aliás, não faltou quem, por causa desse cuidado em ser pluralista, não tivesse deixado de considerar que o jornal fazia "o jogo do município". Pois, há sempre um "Estaline" desconhecido que espera por si...

Na verdade, o problema da presidente não é só os artigos de opinião (eu já escrevi que o jornal é de "cultura e debates"?) não serem todos do PCP - ou da CDU para ser mais diversificado nas opiniões -, como os mais mal intencionados poderiam pensar, acredito até que no Largo do Bocage se tolerará um artigo ou uma ou outra entrevista a alguém do PS, ou até mesmo do Bloco de Esquerda - apesar do seu candidato à câmara municipal sadina, Albérico Afonso, professor e historiador, uma pessoa com trabalho interessante, nunca ter gasto alguma vogal ou consoante nas páginas de "O Sul".

O problema é outro:
"O Sul" tem sido um jornal que não se tem furtado a denunciar que todas as salas de índole cultural  geridas pelo município (cinemas e teatros) estão encerradas, que o museu da cidade continua fechado (aqui, é preciso dizê-lo, a culpa não é só do município) e, sobretudo, que a pedra mestra das acções culturais do município se fundamenta na herança bacoca de Mata Cáceres (antigo edil do PS) e "sus muchachos" que fizeram de Setúbal a capital da pimbalhada e que puxaram o gosto das pessoas para os "produtos" mais rafeiros que a "oferta cultural" propicia.
Pior ainda: o jornal foi a ignição do protesto que denunciou que a câmara gastou mais numa noite de aluguer de uma Praça de Touros desmontável que em quinze dias do Festival de Teatro; foi "O Sul" que juntou pessoas de vários partidos e ideias a pessoas do movimento anti-touradas para lhes chocalhar, à câmara e ao seu vereador "verde", a vergonha que não tiveram na cara - convém dizer, outra vez, que muitos dos que protestaram foram eleitores da CDU.

Por fim, cereja em cima do bolo, a última capa do jornal que questiona a reinauguração da decrépita praça de touros com a função de sempre... E aquele colocar do dedo na ferida de um jovem setubalense que não se reconhece numa cidade que "virada para o turismo" se encontra tão encerrada durante a semana como os taipais que protegem as obras paradas!

Na verdade, a câmara está-se marinbando para o "Bloco de Esquerda", o que não suporta é ver a invenção de Gutemberg não servir para fabricar propaganda (como o boletim municipal) mas para alimentar a actividade das "celulazinhas cinzentas" da Cidade que pensa pela sua própria cabeça.

Leia aqui o artigo de "O Setubalense".

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