A somali Samis Yusuf Omar,
de Pequim à morte numa balsa
de Pequim à morte numa balsa
A atleta africana tentava chegar à Itália para treinar
e participar em Londres 2012
A somali Samia
Yusuf Omar comoveu o mundo com a sua corrida nos 200 metros nos Jogos Olímpicos
de Pequim, onde chegou em último lugar demonstrando o verdadeiro espírito olímpico. Mas não
conseguiu repetir a sua participação em Londres, pois morreu na tentativa de
chegar de barco à costa italiana.
A triste
história de Samia ocupa hoje as primeiras páginas dos meios de comunicação
italianos que, citando as declarações de alguns dos seus compatriotas somalis, asseguram
que a atleta embarcou na Líbia
para a Itália buscando uma nova vida, mas morreu na travessia.
O corredor
de meio-fundo Abdi Bile somali, medalha de ouro nos 1500 metros no Campeonato Mundial
em Roma, em 1987, foi encarregado de contar à imprensa durante uma reunião do Comité
Olímpico Nacional da Somália o que aconteceu a essa menina de 17 anos que comoveu
as bancadas do estádio olímpico de Pequim que aplaudiram a sua chegada solitária com 10 segundos de atraso em
relação às outras atletas.
"Foi
uma bela experiência, carreguei a bandeira do meu país, desfilei com milhares
de atletas do mundo", disse Samia ao chegar a Mogadíscio depois da sua experiência
olímpica.
Samia Yusuf continuou a treinar apesar de todas as
suas dificuldades
Pesem todas as
dificuldades do estádio Olímpico em ruínas da capital da Somália, por ele teria
continuado a treinar-se duramente para voltar a participar nos Jogos Olímpicos.
O treinador de
Sami, Mustafa Abdelaziz, confirmou ao Corriere della Sera [jornal
italiano] que a atleta embarcou este Verão numa balsa para tentar chegar a Itália e continuar a sua
carreira devido à falta de fundos no seu país. A sua mãe, explicou Abdelaziz, vendeu
inclusive um pequeno pedaço de terra para financiar a sua viagem para que ela
pudesse realizar o seu sonho e ter uma vida longe das guerras e da insegurança.
"Os
sobreviventes dessa viagem comunicaram a lista de pessoas que morreram durante
a travessia e ali estava o nome dela (...). Ficámos paralisados. Sabíamos que a
viagem para o Ocidente é perigosa, mas não podíamos imaginar que ela seria uma
das suas vítimas ", disse Abdelaziz
Só com 17 anos participou nas Olimpíadas de Pequim
Samia nasceu
em 1991. Era a mais velha de seis irmãos, filha de uma vendedora de fruta, o
seu pai morreu num dos muitos conflitos que assolam o país. A sua paixão pelo
desporto levou-a ao atletismo, mas também à natação e ao basquetebol.
Em Maio de
2008, Samia foi campeã africana dos 100
metros e com apenas 17 anos desembarcou em Pequim para fazer jus ao lema
do barão Pierre de Coubertin: o importante não é ganhar mas participar. O Mar
Mediterrâneo acabou com todos os seus sonhos.
Traduzido e adaptado por
CausasPerdidas
(O Sono do Monstro)
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