África do Sul. O fim do apartheid não varreu a brutalidade policial.
Os donos das empresas são os mesmos, os operários também.
As eleições sem restrições de cor mudaram os interlocutores políticos.
É muito? É. Mas muito pouco. Falta o resto, quase tudo.
Agora o confronto de Classes faz-se sem a "distracção" da cor da pele.
O racismo, venha de onde vier, é sempre um subterfúgio.
Nada curioso o argumento de alguma comunicação social de que os mineiros estavam armados de paus e outras armas artesanais, usando e abusando de imagens que colocam em evidência as lanças nas mãos de mineiros (como no "Espresso"). Uma justificação do morticínio à laia de aviso de quem por cá tenha veleidades de fazer manifestações com paus... ou imitar os mineiros das Astúrias.
Parece que a mudança geracional só trouxe ignorantes para as redacções dos jornais e das tevês. Bastaria terem curiosidade "jornalística" e darem-se ao trabalho de verem imagens de arquivo, mesmo dos tempos do apartheid, para saberem que sempre houve manifestações guerreiras na Àfrica do Sul, mesmo as mais pacíficas. "Jornalismo" de betinhos é o que dá: ou copy-paste das agêncios noticiosas ou preconceito de classe ou étnico.
Entretanto, nada de explicar os "confrontos" entre trabalhadores: grevistas e fura greves? provocadores policias? Mais umas imagens que valem pela notícia, a tão bradada "contextualização" mais uma vez atirada às urtigas.
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