Apesar da tradicional cobertura noticiosa com enfoque nos "prejudicados", procurando virar a opinião pública contra a luta dos Médicos, ninguém, comunicação social arregimentada ou o ministro que chegou a ameaçar com a Requisição Civil, pode esconder que a Greve dos Médicos teve uma adesão histórica.
E, pelo que é dado ler nas entrelinhas dos noticiários, uma greve bem organizada quanto ao nível dos serviços a prestar e no que refere ao nível da mobilização, pois contou mesmo com a participação de médicos que estavam de férias e vieram aos seus locais de trabalho para explicarem os motivos da greve aos utentes.
Sendo que uma das reivindicações da greve é o fim da contratualização dos médicos através das empresas de trabalho temporário (que se têm reproduzido como cogumelos sobre o esterco legislativo em matéria laboral produzido por este e pelo anterior governo), esta greve não é só pelos direitos de um sector profissional, é uma greve por todos nós que só temos o Serviço Nacional de Saúde para nos defender das doenças.
Será o suficiente para nos defender da doença terminal induzida no SNS, do cancro da privatização encarnado por este governo e pelo ponta-de-lança das seguradoras, Paulo Macedo, a quem foi entregue o Ministério da Saúde? A ver vamos.
Depois do escândalo de se saber que havia Enfermeiros "Low-Cost" (baixo custo) a trabalharem por 3,96 euros por hora em centros de saúde dos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém, e que parte substancial do pagamento por esse "serviço" era entregue pelo Ministério da Saúde (por nós!) às tais empresas de "trabalho temporário", a questão está na ordem do dia.
Mesmo que, no caso dos enfermeiros, o governo se tenha "comprometido" a "indexar o valor a ser pago aos enfermeiros pela tabela em vigor para a carreira de enfermagem" - compromisso que tem o valor que tem, vindo de um governo que encara a verdade de forma tão relativa como a malta do futebol -, o horizonte reivindicativo deve ser mais profundo e abrangente:
Pelo fim da contratualização de serviços a empresas externas de funções que fazem parte da Função Pública. No Ministério da Saúde, da Educação e... nas câmaras municipais (vocês sabem do que estou a falar!)
E, já agora, porque não investigar as ligações dos "negreiros", a quem fez legislação que os protege e promove? Somos todos cegos, é?!
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