Transcreve-se aqui uma das últimas entradas na página digital dos activistas da Es.Col.A da Fontinha, bem como os respectivos links, onde se esclarece os episódios com a Câmara Municipal do Porto que vieram a culminar na intervenção policial e no despejo do projecto de intervenção social.
Quem estiver interessado, pode ler também uma opinião acerca do assunto publicada neste blogue."Papel. Mas qual papel?
“A licença foi renovada e prolongada até ao passado mês de março”. Esta frase foi repetida em vários cabeçalhos noticiosos há
cerca de dois meses, altura em que o Es.Col.A veio a saber da intenção
da CMP em despejar a escola ocupada em abril de 2011, no Alto da Fontinha. Como é que, de forma instantânea, uma ordem de despejo se
transforma num prolongamento dum contrato que nunca existiu? Por mais
insistência com que esta data de fim de março seja apresentada pela
autarquia e pelos media, a verdade é que apenas soubemos dela através
duma carta de despejo, que não foi sequer enviada diretamente ao
projecto ou à sua Assembleia.
Mas
aqui estamos já a meio de um longo caminho no qual a CMP, através dos
media, quer transmitir a versão que lhe convém, travestindo-a
de factos assumidos e absolutos. Resta-nos a nós a desmontagem de alguns
dos argumentos dos quais a CMP se faz valer para tentar justificar o
despejo do projecto que no último ano deu vida a uma escola que estava
abandonada há mais de 5 anos por essa mesma câmara.
“A
Câmara acabou, em Julho, por atribuir ao Es.Col.A uma licença
provisória para se instalar na antiga escola até ao final do ano”.
Guilhermina Rego, em entrevista à RTP1 sobre o Es.Col.A, repetiu os argumentos que a sempre tão interessada jornalista do Público tinha deixado transparecer nessa manhã: como
argumentário, parece-nos bem – pena é que, por mais que se repitam mentiras,
elas não passem a ser verdade.
A 'licença provisória até ao final do ano'
foi uma frase dita numa reunião sem carácter decisório entre
representantes da CMP e uma delegação da assembleia do Es.Col.A; uma
frase que deveria aparecer numa proposta de contrato que nos seria
enviada - e nunca foi. A única relação formal entre
a CMP e o Es.Col.A foi um contrato promessa (uma promessa de contrato),
na qual nos comprometíamos a deixar o nosso caráter informal,
transformando-nos em associação num prazo de 30 dias úteis e onde a
autarquia se comprometia a, nos 10 dias úteis subsequentes, nos enviar a
tal proposta de contrato. O Es.Col.A cumpriu a sua parte do acordo e,
dentro do prazo, fizemos com que a vereadora soubesse que estava
constituída a associação. A Câmara Municipal do Porto não cumpriu a sua
parte: nunca chegou ao Es.Col.A, nem a alguém a ele ligado, qualquer
proposta de contrato que falasse em final do ano. Será deste não
contrato que falam Guilhermina Rego e os média, quando dizem que foi
prolongado até março?
De seguida, o despejo foi suspenso, pelo menos até que houvesse diálogo entre a Câmara e o Es.Col.A. Mais uma vez, ficamos a saber pela comunicação social da decisão tomada em reunião de Câmara. Houve, então, uma nova reunião entre a vereação e dois delegados do projecto, e uma nova promessa de envio de proposta de contrato, que se revelou ser apenas uma carta de despejo para fim de junho.
Em Carta Aberta, o Es.Col.A explicou a sua recusa em aceitar este processo. Nunca tivemos vontade nem necessidade de ter qualquer tipo de existência formal. Decidimos fazê-lo, porque acreditámos que a manutenção do projeto era mais importante para os moradores da Fontinha do que o carácter informal do mesmo. Mas não há diálogo possível com quem acha que as conversas se começam com operações policiais ou ameaças de despejo. Nem vontade de aproximação com instituições que utilizam a mentira, amplificada nas televisões de todo o país, para defender a sua própria incompetência.
De seguida, o despejo foi suspenso, pelo menos até que houvesse diálogo entre a Câmara e o Es.Col.A. Mais uma vez, ficamos a saber pela comunicação social da decisão tomada em reunião de Câmara. Houve, então, uma nova reunião entre a vereação e dois delegados do projecto, e uma nova promessa de envio de proposta de contrato, que se revelou ser apenas uma carta de despejo para fim de junho.
Em Carta Aberta, o Es.Col.A explicou a sua recusa em aceitar este processo. Nunca tivemos vontade nem necessidade de ter qualquer tipo de existência formal. Decidimos fazê-lo, porque acreditámos que a manutenção do projeto era mais importante para os moradores da Fontinha do que o carácter informal do mesmo. Mas não há diálogo possível com quem acha que as conversas se começam com operações policiais ou ameaças de despejo. Nem vontade de aproximação com instituições que utilizam a mentira, amplificada nas televisões de todo o país, para defender a sua própria incompetência.
O
Es.Col.A é um espaço ocupado, por gentes da terra, moradores do bairro
operário da Fontinha e pessoas que procuram sonhar mais do que seguir
ordens e, como tal, continua, mesmo sob ameaça de despejo imediato pela
CMP, a manter a sua actividade normal com quem queira aparecer, lutando
pela libertação de espaços e pela recuperação das nossas vidas no dia a
dia, longe das lógicas que nos procuram mostrar como as únicas. O
Es.Col.A não precisa de contratos – estava melhor com a indiferença
camarária a que nos habituámos durante este ano de trabalho, um ano
composto por pequenas vitórias. Os ventos de liberdade e rebeldia sopram
pelas ruas da Fontinha: os seus habitantes começam a perceber que basta
querer e fazer para que seja possível.
O Es.Col.A não será nunca despejado, porque não se podem despejar
ideias."
Para aceder ao sítio da Es.Col.A da Fontinha, clicar aqui.
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