12.10.09

Algo sobre Setúbal

O Bloco de Esquerda fica aquém do objectivo de eleger um vereador em Setúbal e elege pela primeira vez um vereador (no caso, uma vereadora) em Almada.

Ainda no Distrito de Setúbal, estreia-se com um vereador no Seixal e confirma na Moita onde foi reeleito o vereador local.

Resultados (nacionais) comparados com 2005:

Votos: 2005=159.254 (2,95%); 2009=167.063 (3,02).

Câmaras Municipais: 2005=1; 2009=1 (com maioria).

Vereadores: 2005=7; 2009=9.

Assembleias Municipais: 2005= 212.669 votos (3,95%), 114 deputados municipais; 2009=230.737 votos (4,17%), 139 deputados municipais.

Freguesias: 2005=146.898 votos (2,73%), 229 eleitos; 2009=163.252 votos (2,96%), 235 eleitos.

A par do PS (35,84%, 37,66%), e do PP (3,07%, 3,09%), o Bloco subiu (2,95%, 3,02%), concorreu em mais sítios do que há quatro anos - o que revela o alargar da área geográfica da sua implantação.

Todavia, esta subida fica aquém do que esperariam: a perda do vereador de Lisboa (que, aliás, foi por pouco tempo "do Bloco") e o gorar da tentativa no Porto, puxam para baixo a apreciação.

Por outro lado, tratando-se de um partido com apenas duas eleições autárquicas e no início da sua implantação local, não se podem considerar de todo estes resultados como negativos.

Lamento, mas acho que ontem não foi a véspera do “desaparecimento Bloco”. Aguentem-se "à bronca" os profetas da desgraça.

Aliás, a vida não é feita só de eleições. Isso seria ser pouco exigente quando é tempo de o ser com mais convicção.

3 comentários:

VICTOR SERRA disse...

COMENTÁRIO FEITO NA PÁGINA DO BLOCO

Após o resultado eleitoral seria de analisar porque não subiu o Bloco ?
Quero dar um pequenino contributo para essa discussão com as seguintes perguntas:
1 ) Não terá o Bloco realizado esta campanha de uma forma triunfalista tomando como adquirido o triunfalismo vindo das legislativas ???
2) Não foi a campanha do Bloco demasiadamente intelectualizada e longe da realidade das populações da cidade onde a maioria dos candidatos não eram conhecidos das populações eu próprio que já ando na política à muitos anos desconhecia muitos dos candidatos do Bloco a Setúbal.
3) Não basta conhecer os problemas fundamentais da cidade e distribuir propaganda é preciso partilhar com as populações os seus problemas e vivê-los e nem sempre acontece.
4) Acho um erro a candidatura do Fernando Rosas porque não tem uma grande ligação à cidade e à sua população, embora pudesse ter capacidade para desempenhar o cargo mas as populações gostam de conhecer as pessoas e identificá-las com a cidade o que não era o caso....especialmente importante para um novo partido como é o Bloco que não tem uma grande experiência autárquica.
5) Apesar da sincera participação e honesta campanha feita pelo Albérico face à importância das eleições e das forças políticas em presença era necessário uma campanha mais agressiva e com uma presença mais visível na contestação à politica existente na cidade.
Concluindo nunca o Bloco teve tantas condições para um resultado bom em Setúbal como nestas Autárquicas onde os outros candidatos eram muito maus e muito contestados pelos seus próprios partidos.
Esta minha reflexão é sincera e sem qualquer tentativa de crítica destrutiva ou de caris pessoal.
Por último quero dizer para quem ler este comentário que não sou membro do Bloco apesar de ter votado como simpatizante.
Victor Serra
http://victor-serra.blogspot.com/

Luís Marvão disse...

Creio que ninguém falou em desaparecimento ou ruína do Bloco. Mas isso não deve servir para turvar a nossa análise, para fugir da realidade. Ou seja, o BE teve um mau resultado nestas eleições autárquicas: a progressão eleitoral foi mínima, em matéria de mandatos autárquicos; não conseguiu eleger vereadores em Lisboa (aqui até recua nas assembleias de freguesia), Porto e Setúbal, para dar exemplos de distritos onde o BE pesa a nível nacional.
Na minha cidade (Setúbal) não se pode falar sequer em qualquer progressão, pois ficou com o mesmo número de eleitos na assembleia municipal e nas freguesias. Nas assembleias de freguesia, foi mesmo ultrapassado pelo CDS-PP, partido que até à data não tinha qualquer implantação autárquica aqui em Setúbal; CDS com 4 eleitos contra 3 do BE. E em Setúbal a conjuntura era de oportunidade, pois a força do PC é relativa, não tão sólida como noutros concelhos do distrito.
É certo que há alguns bons resultados, mas pontuais: Almada, seixal, Moita e Olhão, onde o BE elege vereadores.
Penso que o BE tem de reflectir sobre a estratégia e as práticas políticas adoptadas para as autárquicas. Acho que o Bloco padece de deslumbramento mediático, e não conseguiu perceber que as formas de fazer políticas que tão bons resultados deram nas legislativas podem não servir para as autárquicas. Até porque as televisões não são omnipresentes nas autárquicas. Aqui conta mais a lógica de proximidade com as populações, o que exige trabalho árduo ao longo do ano, e não apenas na campanha eleitoral.
Em suma, dizer que o Bloco cresceu nestas eleições e que por isso “não se podem considerar negativos” estes resultados, é tapar o sol com a peneira. É não reconhecer o campo de possibilidades que estava à nossa frente. Porque esta conjuntura era feita de oportunidades.

Luís Marvão disse...

P.S. Com isto não estou querer pôr em causa o trabalho e dedicação Albérico Afonso e de todos os que partciparam na campanha. Mas creio que o reconhecimento dos insucessos do presente é condição necessária para êxitos futuros.
Sou simpatizante, não participei não campanha, o meu comentário é mais um desabafo feito de insatisfação.