19.10.06

Comentário sobre um programa imbecil e sobre uma polémica da treta.

"O Melhor Português"...
Não colocar Salazar na lista do "melhor português" seria o mesmo que não colocar Hitler nos melhores alemães, Mussolini nos melhores italianos, Franco na lista dos espanhóis, Estaline nos melhores russos apesar da besta ter sido georgiana...
A todos: que a terra lhes seja leve como o chumbo!

O que a televisão pública devia fazer era melhores programas sobre a História de Portugal, porque aquilo que se propõe fazer nem sequer é original, é ridículo.

...Ou será que apenas pretendem reduzir em 1 o número de desempregados desenterrando Maria Elisa? Não lhes chega a "arte" da Fátima Campos Ferreira, que transforma tudo o que podia ser um debate interessante num conjunto de lugares-comuns e fait-divers?
São gostos.

Ainda bem que há a cabo e o DVD.

PS: Se votasse fa-lo-ia no Eusébio. Português por obrigação, primeiro, e por escolha quando teve a liberdade de o fazer. Esse ao menos deu-me alegrias.

O Salazar? Desculpem, tenho memória, vão-se catar!

Desculpas de mau pagador

Após o artigo na imprensa setubalense sobre a “noite do tuning”, a situação foi levada à Sessão Pública da Câmara Municipal de Setúbal, que se realizou hoje a partir das 18h00.

A presidente de câmara, Maria das Dores Meira, tomou a iniciativa de pedir desculpa publicamente pelo ocorrido naquele fim-se-semana infernal. Ficou-lhe bem a atitude.

Todavia, afirmou que a autorização dada à empresa Parque de Sant'Iago não previa o ocorrido - a culpa, nesta lógica de ideias, não seria do município... A ingenuidade manifestada ao considerar que não estava à espera que a coisa descambasse em barulho toda a noite, só pode ser justificada pela ignorância em relação a alguns fenómenos “culturais” importados. À população afectada pelo “evento” não resta outra solução que acreditar que a senhora não soubesse o que era uma “rave”...

Do mesmo não poderei dizer do vereador do ambiente, o “verde” André Martins: saudando que os cidadãos importunados se mexam e se defendam, acabou por criticar de alguma forma a actuação da GNR que não fez nada perante as queixas dos habitantes. Como podiam fazer alguma coisa se o evento estava “aprovado” pela câmara, pelo seu próprio punho?

Desculpas, desculpas,... “a melhor forma de pedir desculpas é impedir que tais situações não voltem a acontecer”, foi o que foi afirmado na assembleia.

Cá para mim, daqui a tempos vão descobrir que afinal um concurso de tiro pode incomodar, ou, sei lá, um encontro internacional de dinamitadores... Esqueçam, foi o gato-de- rabo-escaldado que falou.


12.10.06

O que vale é que ainda há sítios para se fugir.

Câmara e Governo Civil de Setúbal agridem bairro popular com festival de "Tunning".

Reprodução na íntegra de uma "Carta ao Director" que saiu hoje no jornal "O Setubalense":
Nas Manteigadas não há só melgas e mosquitos!

Não há muito tempo, o anterior candidato do PSD à presidência do município setubalense, Fernando Negrão, procurou colher algum descontentamento pela deslocalização da Feira de Sant’Iago acusando o presidente eleito da Câmara Municipal de Setúbal, Carlos de Sousa, de ter mandado a feira para as Manteigadas, “onde só há melgas e mosquitos”.

É verdade, nas Manteigadas há insectos. Aliás, como se tem visto nos últimos tempos, no resto da cidade também. As zonas perto de sapais são caracterizadas pela existência de insectos, qualquer biólogo o confirmará.

O “remédio” para os insectos seria acabar com os sapais e construir-lhes em cima umas urbanizações com vista para o rio – não falta quem queira “investir” nisso. O problema seria que se o fizessem acabariam com o que sobra de vida no Rio Sado, porque os sapais são a maternidade do rio.

Perante as alternativas, de ver o Sado bordejado por “habitações de qualidade” ou de ver gente à pesca dentro e nas margens do rio, prefiro as melgas - desde que não sejam alimentadas pela falta de saneamento básico…

A localidade de Manteigadas faz parte de Setúbal. Da Freguesia de S. Sebastião, mais concretamente e apesar dos seus moradores continuarem arredados do direito ao Transporte Urbano e serem penalizados por tarifas mais caras nos autocarros. É nas Manteigadas também que estão localizados equipamentos tão nobres como o Instituto Politécnico, o Arquivo Distrital… e Pessoas, cada vez muitas Pessoas.

A deslocalização da feira para as Manteigadas não foi um acto comparável a tê-la atirado para o Suriname. Atenuou o problema do trânsito no centro da cidade, quando ele é mais intenso. E irá proporcionar a breve trecho a disponibilização de um valioso terreno em Azeitão para construção de “habitação de qualidade”…

O problema foi e é como fazer conviver as funções do Parque de Sant’Iago com os direitos das pessoas que já viviam na zona antes dele ser construído. Infelizmente nesta questão parece que há uma “frente popular” em Setúbal: da anterior magistratura do PS até ao governo actual do PCP estão todos de acordo com o deputado municipal do PSD, “nas Manteigadas só há melgas e mosquitos”.

Porque só numa zona onde só há melgas e mosquitos é que seria permitido fazer aquilo que ocorreu no passado fim-de- semana no Parque Sant’Iago: um festival de desrespeito pelo direito à tranquilidade dos cidadãos.

Autorizado pela Câmara Municipal de Setúbal, agora liderada pela presidente nomeada pelo PCP, Maria das Dores Meira, com o beneplácito da dirigente do PS e Governadora Civil de Setúbal, Teresa de Almeida, decorreu nas Manteigadas um festival de Tunning.

As entidades a quem cabe fazer cumprir o Regulamento Geral do Ruído, e que têm a obrigação legal de defender os cidadãos de atentados ao sossego, permitiram que junto a uma zona residencial, como é a zona das Manteigadas, fosse levado a cabo um evento que só os ignorantes desconhecem que se trata de um festim de roncos motorizados e de decibéis a ultrapassar todos os limites saudáveis.

Assim, a colina que do parque Sant'Iago domina o bairro foi tomada por altifalantes que, virados para as habitações, vomitaram incómodo até depois das 2 da madrugada. Durante todo o dia, a música e o entusiasmo do animador de serviço só tiveram a competição de alguns participantes do evento que descerraram as portas traseiras das suas viaturas para exibir toda a potência das colunas de som contra as janelas das sala-de-estar localizadas a menos de 10 metros das performances.

O que começou mal continuou pior: depois da “serenata” de motos até depois da uma e meia da manhã, seguiu-se uma rave até cerca das 6 da madrugada, numa tenda de circo instalada a poucas dezenas de metros das habitações.
Dormir? Às 9 e tal da manhã as colunas viradas para o bairro acordaram os minutos de sono.
Pelo domingo adiante o barulho dos motores e o cheiro a borracha queimada tomou conta das casas da zona.

Durante a noite diversas pessoas telefonaram para a GNR, “foi autorizado pelo Governo Civil e pela Câmara Municipal” – responderam os guardas manietados.

Sabendo-se que outras manifestações “motorizadas” foram deslocadas de outras zonas habitacionais da cidade para parques industrias na periferia, qual a razão que presidiu ao atentado à qualidade de vida dos cidadãos no passado fim-de-semana? As pessoas das Manteigadas não são cidadãos como as dos outros bairros?

As senhoras Governadora Civil empossada pelo governo e a Presidente da Câmara nomeada pelo PCP fizeram uma leitura prepotente do Regulamento do Ruído, trocaram o Direito ao Sossego que o documento pretende consagrar pelo interesse económico de uma actividade que provoca poluição sonora. E, quando tanto se fala no protocolo de Quioto, promoveram uma actividade que se está borrifando para a poluição do ar. Como responsáveis políticas deram um sinal negativo das suas sensibilidades, cultural e ambiental, à população.

Das duas uma:
Autorizaram aquele evento naquele local porque partilham da opinião do seu concorrente do PSD de que nas Manteigadas “só há melgas e mosquitos” ou, pura e simplesmente, estiveram-se marimbando para as consequências que a sua autorização teria na Qualidade de Vida das pessoas que juraram proteger.

Ignorância ou Incompetência.
Num e noutro caso, deviam demitir-se.

José Tavares da Silva, morador nas Manteigadas.









7.10.06

E Tróia aqui tão perto!

" Com maior intensidade nos últimos tempos, surgem na mira dos interesses imobiliários as áreas de elevado interesse ambiental e paisagístico, frequentemente localizadas dentro (ou próximo) da Reserva Ecológica/Agrícola Nacional, Rede Natura e outras áreas protegidas. Estas áreas, instituídas com o fim de salvaguardar determinados ecossistemas do "avanço selvagem das urbanizações", têm sido sujeitas a uma política sistemática de desafectação sem qualquer critério a não ser a de viabilizar projectos de natureza imobiliária."

Início de um artigo do opinião, O território está à venda: o caso do turismo residencial, de Rita Calvário. É de ler, o texto integral está no Esquerda.net

3.10.06

Documentário da BBC denuncia tentativa de encobrimento de padres pedófilos.

No passado domingo, a BBC passou no seu programa "Panorama" um documentário sobre a forma como a Igreja Católica tratou os casos de abusos sexuais feitos a crianças por membros do clero.

Dentre as revelações, a de um documento secreto, "Crimen Sollicitationis", datado de 1962, que "impunha um juramento de segredo à vítima, ao padre que sofria as acusações e a qualquer testemunha. Romper o juramento resultaria na excomunhão".

"'O responsável por pôr o procedimento em prática durante 20 anos foi o cardeal Joseph Ratzinger, o homem que foi feito papa no ano passado', disse o repórter Colm O'Gorman, no documentário que se chamou 'Crimes Sexuais e o Vaticano.'"

Os bispos britânicos protestaram contra a exibição do documentário, e o Vaticano veio dar-lhes apoio.

Fico à espera que o documentário da BBC passe na televisão potuguesa. Sentado, claro está.